SkyscraperCity Forum banner

Brasilia(DF) - Bairro Aguas Claras: a típica classe média brasiliense mas, classe média com muita "claaasseeee"! Fotos fresquinhas...

Tags
brasilia
100K views 125 replies 65 participants last post by  Aju76 
#1 · (Edited)
Hoje, domingo, resolvi tirar fotos da classe média brasiliense, Aguas Claras.. mas, o que muitos não sabem é que este bairro foi criado na década de 90 para classe média....final dos anos 90....e não é nada diferente do que se vê nas cidades brasileiras....
hoje ja conta com quase 100 mil habitantes...e conforme alguns dados chegará aos 300 mil ou mais pela quantidade de lotes vagos ainda no bairro...
conta com 3 estações de metrô e uma que será concluida em breve...
O bairro é o bairro mais classe média de brasilia e mais padronizado em termos de renda da população local..não há Mega ricos e tbm não há pobres...basicamente classe media...
vamos às fotos, falei demais!!!!
Obs: Bairro, RA, cidade, seja o que for...nem vou discutir isso
Obs2: Algumas fotos estão em HDR....
obs3: TODAS AS FOTOS SÃO MINHAS, com exceção da 4 e 8 que são do site wimovies
obs4: quem quiser contribuir com informaçõe será ótimo pq não conheço quase nada de AC...

1-Gostei desse!!!Residencial Mirante do parque



2-idem



3-idem



4-



5-Residencial michelangelo



6-



7-



8-



9-Residencial Cezanne



10-



11-



12- Comércio local...ta ficando show o comercio de AC



13- As praças que estão sendo construidas estão ficando muito boas



14-Moove residence...quando este ficar pronto será lindissimo com sua estrutura metalizada no topo



15- Gostei desse! Residencial Aquarius



16-



17-



18-



19-



20-



21-



22- Predio ao lado de predio...a densidade é alta mesmo



23-



24-



25-



26-



27-



28- Bem simples mas legalzim



29- idem



30- Em construção...towers club residence - parece ser bem grande...segundo informações terá 32 andares de aptos, mais 4 andares: 2 de estacionamento e 2 de acesso - hall de entrada e mezanino resultando em 37 andares....



31- indo embora, nota-se uma pequena parte do bairro que é realmente muito grande......dando tchau pra aguas claras
 
See less See more
31
#82 ·
18/10/2010 - TJDFT lança edital para construção do Fórum de Águas Claras
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios enviou hoje (18/10) para publicação, no Diário Oficial da União e em veículo de grande circulação local, o edital de licitação relativo à Concorrência 004/2010, que visa à contratação de empresa especializada em obras e serviços de engenharia para a construção do Fórum de Águas Claras. O edital, que atende às recomendações da Resolução 114/2010, do CNJ, deverá ser publicado nesta terça-feira, 19/10, com informações completas sobre a referida licitação, que ocorrerá no dia 19 de novembro de 2010, às 9h30.

A Circunscrição Judiciária de Águas Claras foi criada por meio da Resolução N. 14/2010, do TJDFT, que estabelece, para o novo Fórum, uma área de jurisdição correspondente às Regiões Administrativas de Águas Claras, Vicente Pires e Setor Complementar de Indústria e Abastecimento. A construção de um Fórum nessa região irá desafogar as Varas da Circunscrição Judiciária de Taguatinga, até então responsáveis por absorver as demandas da população de Águas Claras.

A edificação contará com uma área de 6.856,80 m² e será construída em terreno de 8.046,40 m², situado na Quadra 202, Lote 01, Praça Irerê, em Águas Claras. A previsão de construção do Fórum é de 10 meses, estipulada no edital, com valor orçado em R$ 15.533.674,02. Além disso, a obra seguirá os mesmos padrões estipulados para a construção do Fórum do Riacho Fundo, cujo contrato com a licitante deve ser assinado em breve.

O quantitativo e a competência das varas da nova Circunscrição serão definidos por ato do Tribunal Pleno por ocasião das respectivas instalações. A previsão inicial, no entanto, é de que a obra possa abrigar 6 cartórios, Ministério Público e Defensoria Pública, seção de redução a termo, área para acautelamento, área para os núcleos de prática jurídica, serviço médico e odontológico, tribunal do júri e 3 elevadores (sendo 1 exclusivo para a vara criminal).
 
#87 ·
Saudações a todos!
Após cinco meses só acompanhando o SSC, resolvi me inscrever e participar.

Sou morador de Águas Claras e posso colaborar, ajudando a enriquecer este thread com mais informações. Espero que gostem.

Como Souz@ havia mencionado, quando foi criada a RA de AC não se previa a demanda e as especulações que geraram valorizações. Os primeiros imóveis de fato são simples e de arquitetura básica. A maioria desses imóveis se localizam na quadra 301, a mais antiga da RA.



Poucas pessoas sabem, mas Águas Claras é dividida em duas partes. A mais conhecida é a a parte vertical, que erroneamente as pessoas acham que somente ali é AC. Há também a chamada parte horizontal, que pega uma parte da chamada Arniqueiras, avenida Areal e tudo que é localizado atrás do pistão sul.



Os moradores de AC conseguem identificar facilmente quem não é morador da região. Constantemente você encontra pessoas perdidas, parando para pedir informações e quando no elevador do seu prédio ouve comentários do tipo "prédio alto, não?"

Creio que é muito mais difícil você aprender cartografia no dia a dia quando se reside no Plano, após você se acostumar com a lógica, anda fluentemente.

AC é muito mais fácil ainda para aprender.

Ela é dividida em duas ao meio propositalmente. A linha do metrô é mais antiga que a RA. AC foi construída em função do Metrô e não ao contrário.

Acima da linha (ou a direita de quem chega de metrô na região pelo PP) é a parte norte. Abaixo da linha (ou esquerda) lado sul.



Do lado norte há a avenida Castanheira que inicia pela entrada de AC pelo parque Way e termina em frente a Unieuro.

Do lado sul a avenida Araucária que inicia nas proximidades da Unieuro e termina do outro lado dando acesso ao Park Way.



E o contra trânsito são as vias chamadas borlevad que passam ao lado da linha de metrô

São 36 avenidas que cortam a RA. Em razão da linha do metrô elas são interrompidas até a linha do metrô continuando do outro lado. Por exemplo, resido na rua 17 sul, do outro lado da linha do metrô, continua a mesma rua, no entanto rua 17 norte.

Há algumas ruas com nomes de árvores da vegeração do Cerrado. Essas infelizmente não sei muito, mas posso pesquisar e depois colocar aqui.

Acho que para o início, já deu, não?

Até a próxima.
 
#97 ·
O correto seria o governo ter entregado a área já com a infra-estrutura montada, mas como estamos no Brasil o jeito é seguir o esquema : mora-se e depois se arruma.

O grande problema hoje é a drenagem pluvial de AC.

A geografia da cidade é traiçoeira, bastando uma forte chuva que Araucária-Castanheira viram uma verdadeira cataratas de águas, sempre alagando em pontos que não há escoamento eficiente.

Antes da fiação subterânea ou asfaltamento, seria muito importante um projeto sério e importante para esse problema de drenagem.
 
#99 ·
Segue matéria sobre Águas Claras publicada na National Geographic:

http://viajeaqui.abril.com.br/natio...laras-df-cidade-do-futuro-613882.shtml?page=0


Ficção urbana
Uma cidade inteira está sendo erguida no Distrito Federal para abrigar jovens famílias de classe média. O resultado dessa fantasia imobiliária é incerto.
Por Ronaldo Ribeiro
Foto de Érico Hiller

Um jovem casal visita o modernoso estande de uma construtora. Nos últimos seis anos, o crescimento populacional foi espantoso na Região Administrativa: passou de 43 623 para 135 685 habitantes. A maioria vive na área verticalizada - funcionários públicos ou profissionais liberais que trabalham em Br
Futurismo é a palavra da moda em Águas Claras. Todo mundo usa, mas isso não quer dizer que seu significado seja claro. Um dia depois da minha chegada, um corretor de imóveis vem conversar. "O senhor precisa conhecer o nosso projeto. É o que há de mais atual em termos de futurismo", diz. (Mesmo sem entender nada, aceito um cartão para visitar o estande de vendas do edifício.) Mais do que antever o amanhã, ou o dia incerto no qual a cidade que emerge com velocidade estonteante estará definitivamente construída no Distrito Federal, o futurismo é um modo de explicar uma arquitetura que, acreditam os moradores, servirá para diferenciar seu novo hábitat. Ou seja, é um estilo. Ou uma maneira curiosa de tentar buscar identidade estética em uma cidade de feições únicas no Brasil - absolutamente vertical, na qual centenas de espigões residenciais, finalizados ou em obras, se projetam rumo aos céus do Planalto Central, anunciando um novo tempo nas adjacências da capital da República.
Enfim, Águas Claras é isso: Brasília revisitada, 50 anos depois do sonho de Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Com bem menos personalidade visual, diga-se logo, mas sintonizada com muitos aspectos de seu tempo: impessoal, confortável, apressada, consumista. Uma cidade-condomínio. Sua súbita existência, que decolou de vez apenas cinco anos atrás, provém da metropolização de Brasília, do déficit habitacional de uma urbe tombada como Patrimônio da Humanidade e cuja verticalização é engessada pelo Plano Piloto (seu mapa tem a forma de um avião). Planejada em 1960 para abrigar 500 mil pessoas, a capital já atingiu cinco vezes esse total, segundo o Censo de 2010.

Águas Claras foi, por isso, pensada para abrigar uma classe média bem-sucedida que, mesmo com poder de compra, não dispunha de ofertas de bons imóveis em Brasília. Quando o agrônomo Francisco Resende chegou à cidade, em 2001, vindo de Lavras, em Minas Gerais, para trabalhar na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecúaria (Embrapa), o Plano Piloto já estava saturado. "As opções de compra eram raras e caras, assim como os aluguéis", lembra-se. Ele e a mulher encontraram seu paraíso a 20 quilômetros dali e a 15 andares do solo, com varanda, três quartos, playground e piscina, em um canto tranquilo da cidade-refúgio que começava a crescer. Duas filhas nasceram nos anos seguintes. "Os prédios são novos, têm grandes áreas comuns, segurança, lazer. E são mais baratos. Como resistir?", diz sua esposa, Patrícia.

O passado (sem bueiros)

Divergindo das demais cidades-satélite, como Taguatinga, Gama ou Ceilândia, bolsões de vida proletária que nasceram para abrigar os trabalhadores que construíram o Plano Piloto, Águas Claras é chique. Não era bem assim no fim da década de 1990, quando os primeiros empreendimentos habitacionais tinham vocação popular, tocados por cooperativas de servidores públicos do Distrito Federal. Sem fôlego financeiro, elas logo arrefeceram - para alegria das incorporadoras particulares, que, a partir de 2006, vislumbraram lucros incalculáveis na vastidão desapropriada de 800 hectares, uma antiga zona de chácaras e produtores rurais.

O crescimento, desde então, é espantoso - um fenômeno urbano comparável, nas devidas proporções, com a extravagante Dubai ou a ostentosa Cingapura. Nesse território livre da especulação imobiliária, a iniciativa privada sobressai de tal modo que inverte a lógica de ocupação de uma área planejada, na qual certos investimentos públicos garantem inicialmente uma infraestrutura mínima. Em Águas Claras, primeiro chegaram os moradores. Ainda não há escolas públicas, hospitais (primeiros socorros, em Taguatinga; casos graves, no Plano Piloto), bibliotecas, creches, corpo de bombeiros nem delegacia de polícia. A cidade, por enquanto, parece depender de uma ordem própria, do entendimento espontâneo entre seus habitantes - uma sucessão de acidentes de trânsito em esquinas mal sinalizadas mostra que as coisas fogem um pouco do controle. "Até que melhorou. Nos primeiros anos nem bueiro havia. Na estação das águas, as ruas viravam rios", conta um morador.

Se não chove, é outro o problema. "As pessoas querem saber quando a poeira vai acabar", diz Athayde Passos da Hora, atual administrador da cidade, dos poucos representantes do governo distrital. "Mas elas precisam entender que estão vivendo no maior canteiro de obras da América Latina. Um dia Águas Claras vai ficar pronta."
O projeto original atendia a um princípio de sustentabilidade: o estímulo ao uso do transporte coletivo. A cidade foi desenhada ao longo da linha do metrô do Distrito Federal, e cada condomínio não pode estar a mais de 500 metros de distância de uma das quatro estações locais. No papel é perfeito. Mas hoje, com a cidade ainda pela metade, os trens não dão conta de atender os usuários nos horários de pico. Os carros, sempre eles, tornaram-se prioridade em uma malha urbana na qual deveriam ser coadjuvantes. Os congestionamentos são corriqueiros nas largas rodovias que levam ao Plano Piloto, como a Estrada-Parque Taguatinga-Guará (EPTG).

Para piorar, a demanda por imóveis fez com que uma das normas mais importantes de Águas Claras, que limitava a altura dos edifícios a 12 andares, fosse flexibilizada. Já são autorizados 28 andares - por enquanto, dizem os críticos. "Ou providencia-se uma revisão ou a cidade ficará sem espaço para estacionamento. Vão acabar consumindo áreas públicas, como as praças", disse em 2010 o arquiteto Paulo Zimbres, responsável pelo desenho de Águas Claras, na ocasião de eventos relacionados aos 50 anos de Brasília.

O futuro (ou melhor, o futurismo)

Em 2007, o publicitário Ademir Brito, casado havia dois anos e morando no caro setor Sudoeste de Brasília, percebeu que seu projeto de ter filhos e criar cães da raça chow-chow poderia naufragar sem uma casa maior. "Com a venda do outro imóvel, compramos aqui um apartamento 100 metros quadrados maior, financiando menos da metade do valor total", diz ele. Os números compensam, apesar de nada modestos: o metro quadrado em 2010 chegou a 6 000 reais (metade da média no Plano, que está entre as mais altas do país). Hoje, 44% dos apartamentos construídos têm área entre 91 e 150 metros quadrados. "Os prédios novos ostentam arquitetura ousada, com investimentos fortes", diz o corretor Clemilton Pereira de Souza, de 41 anos. "Tenho até clientes estrangeiros, interessados no aspecto de metrópole em formação. Chegamos ao céu."

Pelo menos do ponto de vista sempre ambicioso dos corretores, Souza está certo. Em agosto, auge do seco inverno, a cidade-canteiro pulsava entre espigões inacabados, guindastes a decorar o horizonte e nuvens de poeira a cobrir ruas, carros e pessoas. No total, 132 empreendimentos estavam em curso; um deles contemplava sete torres habitacionais erguidas sobre um hipermercado, em um terreno de 240 mil metros quadrados. No fim do ano, quase 500 condomínios verticais já estavam prontos, com uma população de 80 mil pessoas. E existem terrenos para pelo menos outros 390 projetos. A corrida do ouro imobiliário, portanto, vai longe.

"Ser corretor virou quase obrigação em Águas Claras", confessa um ex-cabelereiro recém-convertido ao ofício. "Eu deveria ter entrado nesse negócio antes", emenda a ex-promotora de eventos Libni Nunes. A manhã mal começou, e ela já não tem tempo a perder: fala com entusiasmo de suas novas aventuras profissionais ao mesmo tempo que martela, em um terreno vazio ao lado de uma avenida, uma placa de madeira de "Vende-se" com seu telefone. De salto alto, maquiagem irretocável e vestido social, Libni não titubeia na autopropaganda, a despeito da contravenção do ato. As placas podem ser recolhidas por fiscais ainda antes da hora do almoço - e identificar a autoria do delito, obviamente, não será difícil. "A venda compensa a multa. Em duas horas, muita gente vai me ligar. Talvez eu garanta um negócio", diz ela. "Acho que vou ficar rica."

Quando outro corretor me convida para conhecer o estande no qual trabalha, o futurismo, enfim, alcança o conceito estético que estamos acostumados a imaginar - a negação completa do passado, o culto à máquina. Um roteiro de ficção científica: eis o universo idealizado pela incrível publicidade imobiliária de Águas Claras.

Bem ao lado da estação central do metrô, outdoors anunciam em pinturas exuberantes um skyline de novos edifícios fulgurando distantes do Palácio da Alvorada, com um horizonte de montanhas improváveis e pistas largas em que jovens de cabelos prateados e olhares androides conduzem veículos cibernéticos de três rodas. O conceito, sou logo informado, é o mixed use, no qual trabalho, moradia, lazer e consumo interagem no mesmo espaço. "Uma casa não será mais só uma casa", tenta me convencer o corretor.
No interior do estande, o futuro tem cores, brilhos, odores, sons. É tátil, amistoso, sedutor. E estará ao meu dispor, é claro, caso eu decida comprar um apartamento. Uma jovem loura, vestida como quem acabou de sair de um editorial de moda, me convida para participar de algo que chama de "experiência sensorial". Ela me abandona - que pena - em uma sala forrada de espelhos sobrepostos e luzes que criam uma vertiginosa sensação de infinitude, de estar flutuando no espaço com milhares de outros "eus". Uma porta secreta se abre e me permite avançar até outro recinto, imaculadamente branco do chão ao teto, em que duas telas de TV na parede descrevem as delícias do novo mundo ao meu alcance. Mas onde, exatamente? Desembarco em uma sala de projeção escura e de paredes côncavas em 180 graus. Uma voz me obriga a me segurar em uma barra de ferro fixa ao solo e, quando o filme começa, decolo para a fantasia completa. Como se pilotasse uma aeronave, deixo meu lar e sobrevoo uma paisagem de Avatar, na qual magníficos jardins suspensos se intercalam com linhas de metrô e torres altíssimas de vidro e aço. A Catedral de Brasília fica para trás e, finalmente, estaciono minha nave no complexo de escritórios onde dou expediente. Que dias empolgantes! Que vida! Sinto-me na obrigação de adverti-los: o futuro é uma jornada alucinante, talvez pouco aconselhável a cardíacos. Mas as crianças - a quem esse destino pertence, afinal - vão adorar.

O presente (a vida real)

Depois de alguns dias em Águas Claras, assim que a primeira (má) impressão se esvai, muitas de nossas vãs teorias sobre arquitetura e urbanismo vêm abaixo. Essa não é uma cidade normal, de fato. Caminhar é um exercício desagradável, visto que ainda não há calçada em todas as quadras, as zonas comerciais são distantes entre si, quase não existem árvores fora de um parque central, a monotonia das fachadas dos prédios logo cansa os olhos. Uma espécie de aridez emocional paira sobre a cidade carente de história - Águas Claras não tem heróis colonizadores, episódios marcantes, cronologia. Está sendo erguida a fórceps, da noite para o dia, para satisfazer uma demanda de insaciáveis compradores de apartamentos. Sua verdadeira identidade ainda não veio à superfície.

Contudo, as pessoas são felizes ali. "Encontramos calor humano", diz a moradora Patrícia Resende, "um modo de vida mais acolhedor que o do Plano. Os vizinhos se cumprimentam!" Toda uma geração de famílias encontrou espaço para um desejo legítimo de conforto, bem-estar e formação de patrimônio. Não é isso o que talvez mais importe agora para a maioria absoluta dos 7 bilhões de nós? "Adoramos ficar sem fazer nada, curtindo nossos cães e o apartamento", diz o publicitário Brito. Que outras utopias o mundo do século 21 oferece ao cidadão médio?

Três meses depois de minha partida, Patrícia me escreve um e-mail reclamando das agruras da primavera no Centro-Oeste do país. Chove. "A lama tomou conta das ruas. Os bueiros parecem todos entupidos", diz, meio desanimada. Eu poderia lhe responder que, enfim, a poeira baixou. Ou que, se os bueiros estão entupidos, é porque, felizmente, agora eles existem.

Mas tudo em Águas Claras é tão efêmero, tão mutante, tão iminente, que minha resposta talvez já chegasse a ela defasada, inútil, perdida em um tempo muito particular em que presente e futuro dialogam, e nem sempre se entendem.
 
#101 ·
Achei interessante a matéria da National Geographic, nem tanto pelas informações - que muitos já conhecemos -, mas pela capacidade de sintetizar o boom que foi a formação do bairro e fazer algumas críticas.

Hoje saiu essa matéria no Correio:

Relatório mostra que população de Águas Claras triplicou em seis anos

Publicação: 27/01/2011 19:22 Atualização: 27/01/2011 19:37
A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou, nesta quinta-feira (28/01), um perfil socioeconômico dos moradores de Águas Claras. Os dados integram a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), e foram coletados de setembro a dezembro de 2010, e incluem também a população de Arniqueiras e Areal.

Os dados comprovam que o crescimento populacional da região administrativa acontece num ritmo superior à média do Distrito Federal. Desde a pesquisa passada, realizada em 2004, a população do local triplicou. Em seis anos, o número foi de 43.623 para 135.685, numa taxa de crescimento anual de 20,8%. A média geral do DF é de 2,3% ao ano.

A pesquisa revelou também o grau de desigualdade econômica entre as diferentes zonas de Águas Claras. Segundo os dados da Codeplan, a renda domiciliar mensal em Águas Claras é de 18 salários mínimos, comparado aos 12 salários em Arniqueiras. No Areal, a média é de apenas seis salários mínimos.

A disparidade se repete nos outros indicadores analisados. Enquanto em Águas Claras, 27,8% da população tem ensino superior completo, em Arniqueiras o número é de apenas 13,1% e no Areal, 5,7%.

Os pesquisadores tomaram 1.010 residências como amostra. Todas as 30 regiões administrativas do Distrito Federal participaram da PDAD, mas por enquanto, apenas os dados de Águas Claras foram concluídos.

http://www.correiobraziliense.com.b...-de-aguas-claras-triplicou-em-seis-anos.shtml
 
#103 ·
É engraçado que naquele trecho os buracos têm vida própria. Em um dia está do lado, em outro dia está em outro. Você nunca consegue decorar, sempre cai em um! :lol:
 
#105 ·
reportagem da National Geographic sobre AC

http://viajeaqui.abril.com.br/natio...laras-df-cidade-do-futuro-613882.shtml?page=1

Ficção urbana
Uma cidade inteira está sendo erguida no Distrito Federal para abrigar jovens famílias de classe média. O resultado dessa fantasia imobiliária é incerto.
Por Ronaldo Ribeiro
Foto de Érico Hiller


Futurismo é a palavra da moda em Águas Claras. Todo mundo usa, mas isso não quer dizer que seu significado seja claro. Um dia depois da minha chegada, um corretor de imóveis vem conversar. "O senhor precisa conhecer o nosso projeto. É o que há de mais atual em termos de futurismo", diz. (Mesmo sem entender nada, aceito um cartão para visitar o estande de vendas do edifício.) Mais do que antever o amanhã, ou o dia incerto no qual a cidade que emerge com velocidade estonteante estará definitivamente construída no Distrito Federal, o futurismo é um modo de explicar uma arquitetura que, acreditam os moradores, servirá para diferenciar seu novo hábitat. Ou seja, é um estilo. Ou uma maneira curiosa de tentar buscar identidade estética em uma cidade de feições únicas no Brasil - absolutamente vertical, na qual centenas de espigões residenciais, finalizados ou em obras, se projetam rumo aos céus do Planalto Central, anunciando um novo tempo nas adjacências da capital da República.
Enfim, Águas Claras é isso: Brasília revisitada, 50 anos depois do sonho de Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Com bem menos personalidade visual, diga-se logo, mas sintonizada com muitos aspectos de seu tempo: impessoal, confortável, apressada, consumista. Uma cidade-condomínio. Sua súbita existência, que decolou de vez apenas cinco anos atrás, provém da metropolização de Brasília, do déficit habitacional de uma urbe tombada como Patrimônio da Humanidade e cuja verticalização é engessada pelo Plano Piloto (seu mapa tem a forma de um avião). Planejada em 1960 para abrigar 500 mil pessoas, a capital já atingiu cinco vezes esse total, segundo o Censo de 2010.*

Águas Claras foi, por isso, pensada para abrigar uma classe média bem-sucedida que, mesmo com poder de compra, não dispunha de ofertas de bons imóveis em Brasília. Quando o agrônomo Francisco Resende chegou à cidade, em 2001, vindo de Lavras, em Minas Gerais, para trabalhar na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecúaria (Embrapa), o Plano Piloto já estava saturado. "As opções de compra eram raras e caras, assim como os aluguéis", lembra-se. Ele e a mulher encontraram seu paraíso a 20 quilômetros dali e a 15 andares do solo, com varanda, três quartos, playground e piscina, em um canto tranquilo da cidade-refúgio que começava a crescer. Duas filhas nasceram nos anos seguintes. "Os prédios são novos, têm grandes áreas comuns, segurança, lazer. E são mais baratos. Como resistir?", diz sua esposa, Patrícia.

O passado (sem bueiros)
Divergindo das demais cidades-satélite, como Taguatinga, Gama ou Ceilândia, bolsões de vida proletária que nasceram para abrigar os trabalhadores que construíram o Plano Piloto, Águas Claras é chique. Não era bem assim no fim da década de 1990, quando os primeiros empreendimentos habitacionais tinham vocação popular, tocados por cooperativas de servidores públicos do Distrito Federal. Sem fôlego financeiro, elas logo arrefeceram - para alegria das incorporadoras particulares, que, a partir de 2006, vislumbraram lucros incalculáveis na vastidão desapropriada de 800 hectares, uma antiga zona de chácaras e produtores rurais.*

O crescimento, desde então, é espantoso - um fenômeno urbano comparável, nas devidas proporções, com a extravagante Dubai ou a ostentosa Cingapura. Nesse território livre da especulação imobiliária, a iniciativa privada sobressai de tal modo que inverte a lógica de ocupação de uma área planejada, na qual certos investimentos públicos garantem inicialmente uma infraestrutura mínima. Em Águas Claras, primeiro chegaram os moradores. Ainda não há escolas públicas, hospitais (primeiros socorros, em Taguatinga; casos graves, no Plano Piloto), bibliotecas, creches, corpo de bombeiros nem delegacia de polícia. A cidade, por enquanto, parece depender de uma ordem própria, do entendimento espontâneo entre seus habitantes - uma sucessão de acidentes de trânsito em esquinas mal sinalizadas mostra que as coisas fogem um pouco do controle. "Até que melhorou. Nos primeiros anos nem bueiro havia. Na estação das águas, as ruas viravam rios", conta um morador.*
Se não chove, é outro o problema. "As pessoas querem saber quando a poeira vai acabar", diz Athayde Passos da Hora, atual administrador da cidade, dos poucos representantes do governo distrital. "Mas elas precisam entender que estão vivendo no maior canteiro de obras da América Latina. Um dia Águas Claras vai ficar pronta."
O projeto original atendia a um princípio de sustentabilidade: o estímulo ao uso do transporte coletivo. A cidade foi desenhada ao longo da linha do metrô do Distrito Federal, e cada condomínio não pode estar a mais de 500 metros de distância de uma das quatro estações locais. No papel é perfeito. Mas hoje, com a cidade ainda pela metade, os trens não dão conta de atender os usuários nos horários de pico. Os carros, sempre eles, tornaram-se prioridade em uma malha urbana na qual deveriam ser coadjuvantes. Os congestionamentos são corriqueiros nas largas rodovias que levam ao Plano Piloto, como a Estrada-Parque Taguatinga-Guará (EPTG).

Para piorar, a demanda por imóveis fez com que uma das normas mais importantes de Águas Claras, que limitava a altura dos edifícios a 12 andares, fosse flexibilizada. Já são autorizados 28 andares - por enquanto, dizem os críticos. "Ou providencia-se uma revisão ou a cidade ficará sem espaço para estacionamento. Vão acabar consumindo áreas públicas, como as praças", disse em 2010 o arquiteto Paulo Zimbres, responsável pelo desenho de Águas Claras, na ocasião de eventos relacionados aos 50 anos de Brasília.*

O futuro (ou melhor, o futurismo)

Em 2007, o publicitário Ademir Brito, casado havia dois anos e morando no caro setor Sudoeste de Brasília, percebeu que seu projeto de ter filhos e criar cães da raça chow-chow poderia naufragar sem uma casa maior. "Com a venda do outro imóvel, compramos aqui um apartamento 100 metros quadrados maior, financiando menos da metade do valor total", diz ele. Os números compensam, apesar de nada modestos: o metro quadrado em 2010 chegou a 6 000 reais (metade da média no Plano, que está entre as mais altas do país). Hoje, 44% dos apartamentos construídos têm área entre 91 e 150 metros quadrados. "Os prédios novos ostentam arquitetura ousada, com investimentos fortes", diz o corretor Clemilton Pereira de Souza, de 41 anos. "Tenho até clientes estrangeiros, interessados no aspecto de metrópole em formação. Chegamos ao céu."

Pelo menos do ponto de vista sempre ambicioso dos corretores, Souza está certo. Em agosto, auge do seco inverno, a cidade-canteiro pulsava entre espigões inacabados, guindastes a decorar o horizonte e nuvens de poeira a cobrir ruas, carros e pessoas. No total, 132 empreendimentos estavam em curso; um deles contemplava sete torres habitacionais erguidas sobre um hipermercado, em um terreno de 240 mil metros quadrados. No fim do ano, quase 500 condomínios verticais já estavam prontos, com uma população de 80 mil pessoas. E existem terrenos para pelo menos outros 390 projetos. A corrida do ouro imobiliário, portanto, vai longe.*

"Ser corretor virou quase obrigação em Águas Claras", confessa um ex-cabelereiro recém-convertido ao ofício. "Eu deveria ter entrado nesse negócio antes", emenda a ex-promotora de eventos Libni Nunes. A manhã mal começou, e ela já não tem tempo a perder: fala com entusiasmo de suas novas aventuras profissionais ao mesmo tempo que martela, em um terreno vazio ao lado de uma avenida, uma placa de madeira de "Vende-se" com seu telefone. De salto alto, maquiagem irretocável e vestido social, Libni não titubeia na autopropaganda, a despeito da contravenção do ato. As placas podem ser recolhidas por fiscais ainda antes da hora do almoço - e identificar a autoria do delito, obviamente, não será difícil. "A venda compensa a multa. Em duas horas, muita gente vai me ligar. Talvez eu garanta um negócio", diz ela. "Acho que vou ficar rica."

Quando outro corretor me convida para conhecer o estande no qual trabalha, o futurismo, enfim, alcança o conceito estético que estamos acostumados a imaginar - a negação completa do passado, o culto à máquina. Um roteiro de ficção científica: eis o universo idealizado pela incrível publicidade imobiliária de Águas Claras.*

Bem ao lado da estação central do metrô, outdoors anunciam em pinturas exuberantes um skyline de novos edifícios fulgurando distantes do Palácio da Alvorada, com um horizonte de montanhas improváveis e pistas largas em que jovens de cabelos prateados e olhares androides conduzem veículos cibernéticos de três rodas. O conceito, sou logo informado, é o mixed use, no qual trabalho, moradia, lazer e consumo interagem no mesmo espaço. "Uma casa não será mais só uma casa", tenta me convencer o corretor.

No interior do estande, o futuro tem cores, brilhos, odores, sons. É tátil, amistoso, sedutor. E estará ao meu dispor, é claro, caso eu decida comprar um apartamento. Uma jovem loura, vestida como quem acabou de sair de um editorial de moda, me convida para participar de algo que chama de "experiência sensorial". Ela me abandona - que pena - em uma sala forrada de espelhos sobrepostos e luzes que criam uma vertiginosa sensação de infinitude, de estar flutuando no espaço com milhares de outros "eus". Uma porta secreta se abre e me permite avançar até outro recinto, imaculadamente branco do chão ao teto, em que duas telas de TV na parede descrevem as delícias do novo mundo ao meu alcance. Mas onde, exatamente? Desembarco em uma sala de projeção escura e de paredes côncavas em 180 graus. Uma voz me obriga a me segurar em uma barra de ferro fixa ao solo e, quando o filme começa, decolo para a fantasia completa. Como se pilotasse uma aeronave, deixo meu lar e sobrevoo uma paisagem de Avatar, na qual magníficos jardins suspensos se intercalam com linhas de metrô e torres altíssimas de vidro e aço. A Catedral de Brasília fica para trás e, finalmente, estaciono minha nave no complexo de escritórios onde dou expediente. Que dias empolgantes! Que vida! Sinto-me na obrigação de adverti-los: o futuro é uma jornada alucinante, talvez pouco aconselhável a cardíacos. Mas as crianças - a quem esse destino pertence, afinal - vão adorar.

O presente (a vida real)
Depois de alguns dias em Águas Claras, assim que a primeira (má) impressão se esvai, muitas de nossas vãs teorias sobre arquitetura e urbanismo vêm abaixo. Essa não é uma cidade normal, de fato. Caminhar é um exercício desagradável, visto que ainda não há calçada em todas as quadras, as zonas comerciais são distantes entre si, quase não existem árvores fora de um parque central, a monotonia das fachadas dos prédios logo cansa os olhos. Uma espécie de aridez emocional paira sobre a cidade carente de história - Águas Claras não tem heróis colonizadores, episódios marcantes, cronologia. Está sendo erguida a fórceps, da noite para o dia, para satisfazer uma demanda de insaciáveis compradores de apartamentos. Sua verdadeira identidade ainda não veio à superfície.*

Contudo, as pessoas são felizes ali. "Encontramos calor humano", diz a moradora Patrícia Resende, "um modo de vida mais acolhedor que o do Plano. Os vizinhos se cumprimentam!" Toda uma geração de famílias encontrou espaço para um desejo legítimo de conforto, bem-estar e formação de patrimônio. Não é isso o que talvez mais importe agora para a maioria absoluta dos 7 bilhões de nós? "Adoramos ficar sem fazer nada, curtindo nossos cães e o apartamento", diz o publicitário Brito. Que outras utopias o mundo do século 21 oferece ao cidadão médio?*

Três meses depois de minha partida, Patrícia me escreve um e-mail reclamando das agruras da primavera no Centro-Oeste do país. Chove. "A lama tomou conta das ruas. Os bueiros parecem todos entupidos", diz, meio desanimada. Eu poderia lhe responder que, enfim, a poeira baixou. Ou que, se os bueiros estão entupidos, é porque, felizmente, agora eles existem.

Mas tudo em Águas Claras é tão efêmero, tão mutante, tão iminente, que minha resposta talvez já chegasse a ela defasada, inútil, perdida em um tempo muito particular em que presente e futuro dialogam, e nem sempre se entendem.
 
This is an older thread, you may not receive a response, and could be reviving an old thread. Please consider creating a new thread.
Top