Feirantes da cabanagem fecharam a augusto montenegro e destruíram barracas provisórias. um foi detido.
Feirantes e a comunidade do bairro da Cabanagem promoveram uma série de protestos, na manhã de ontem, em Belém. Eles alegam que a reforma da atual feira do bairro não é necessária e que há irregularidades na distribuição de pontos no local. Uma pessoa acabou detida pela Polícia.
O protesto se iniciou por volta das 10h, quando manifestantes fecharam uma das pistas da rodovia Augusto Montenegro, em frente à avenida Damasco, uma das principais do bairro. Eles queimaram pneus, carvão e pedaços de madeira em toda a extensão da pista, para impedir a passagem de carro e até motos.
O engarrafamento logo se formou e os motoristas passaram a dividir a pista no sentido Entroncamento. Muitas vans e ônibus, mesmo lotados de passageiros, se arriscaram sobre o canteiro da rodovia para acessar a faixa livre. A interdição durou cerca de 20 minutos e policiais militares tentaram acalmar os ânimos, mas a tentativa foi em vão.
Dezenas de populares e feirantes desceram a avenida Damasco, em direção às barracas, construídas pela Prefeitura de Belém, para abrigar a feira provisória. No total, 220 barracas de madeira haviam sido construídas.
A intenção deles, a princípio, seria queimar as barracas, mas a polícia interveio e negociou com os organizadores do protesto. Minutos após as viaturas deixarem o local, o saque às barracas começou. Populares, munidos de martelos, desmontaram dezenas de barracas, retirando material elétrico, telhas e madeira. Cerca de 30 minutos depois, outra viatura da Polícia Militar apareceu no local e prendeu um feirante.
De acordo com o vice presidente da comunidade, Paulo Roberto, a feira não precisa de reformas radicais. "Não tem necessidade nenhuma! Primeiro disseram para nós que fariam apenas uma revitalização e organização do espaço, depois a Secon veio com essa de remanejamento e reformas do espaço. Isso é obra eleitoreira. Eles dão nove meses para a conclusão, mas a cidade mudará de prefeito no final do ano e sabe-se lá se o novo prefeito continuará a obra. Nós não queremos isso", reclamou, exaltado.
A Secretaria Municipal de Economia (Secon) lamenta o ato de vandalismo ocorrido na feira provisória da Cabanagem e informa que a administração da feira registrou boletim de ocorrência na delegacia do bairro, para que sejam apurados os envolvidos no caso. A secretaria esclarece ainda que aguarda a realização de uma assembleia geral pela Associação de Feirantes da Cabanagem, para decidir os próximos passos com relação à obra. Mas desde já, reforça a intenção da Prefeitura de Belém de realizar esta obra, que irá beneficiar mais de 270 feirantes do bairro.
Vendedora denuncia comércio ilegal de pontos por fiscais
A feirante Alcilene de Aquino, de 19 anos, denunciou a existência de um comércio ilegal de lotes na feira. "Tem gente que nunca botou os pés na feira, mas está lá cadastrada para receber pontos. A própria presidente da nossa feira possui quatro pontos. A irmã dela, que nem feirante é, tem ponto também", disse a jovem, cuja família já trabalha no local há mais de dez anos.
A tia de Alcilene, Arlete de Aquino, de 34 anos, afirma que pagou uma taxa de R$ 300 para um fiscal da Secretaria de Economia do Município (Secon), identificado por ela como Haroldo, para que pudesse manter seu ponto. "É um absurdo isso, a venda de pontos acontece diariamente aqui, tem até fiscal que é dono de ponto, que depois aluga para os feirantes", observou. Ela reclama ainda do tamanho dos boxes construídos para a feira provisória. "Eu trabalho com carne, e segundo as normas de saúde, preciso ter uma vitrine refrigerada. Como vou instalar minha vitrine em um espaço tão pequeno? Não sei quem planejou esta reforma, mas nada disso faz sentido algum para nós", lamentou.
A presidente da feira não foi localizada pela reportagem para comentar as denúncias.
http://www.orm.com.br/amazoniajornal/interna/default.asp?modulo=222&codigo=579743