03/04/2009 - 18:57 - Atualizado em 03/04/2009 - 22:22
Mais arranha-céus em São Paulo?
Revisão do Plano Diretor proposta pelo prefeito Gilberto Kassab é acusada por entidades da sociedade civil e pela oposição de favorecer as construtoras. Saiba o que pode mudar no uso do solo da cidade e como isso pode afetar a qualidade de vida de seus habitantes
José Antonio Lima
Construir prédios mais altos em São Paulo não é, em si, um problema, já que a intenção é permitir que mais gente more em áreas da cidade onde há infraestrutura adequada. O problema, segundo um grupo de quase 150 entidades da sociedade civil, está na forma como a Prefeitura pretende fazer isso, por meio de uma proposta de revisão do Plano Diretor, que pode ser votada na Câmara Municipal ainda este ano. Esse grupo acusa a administração de favorecer as construtoras ao sugerir a ampliação do processo de verticalização da cidade.
O urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis, uma ONG que estuda estratégias de desenvolvimento urbano, diz que o principal problema da proposta de Kassab acerca da construção de arranha-céus é a dúvida criada sobre a necessidade dos Projetos Urbanísticos Específicos (PUEs), pelos quais as construtoras eram obrigadas a avaliar os impactos de suas obras e sugerir melhorias na região para evitar problemas como o trânsito, por exemplo. “Na revisão do plano, a obrigatoriedade do projeto específico não está clara”, diz Nakano. “Sem o PUE, as construtoras podem adensar a área sem se preocupar com o que vai acontecer na região.” Isso pode trazer ainda mais problemas para distritos com grande expansão imobiliária, como é o caso de Perdizes, na zona oeste da cidade, que tem sofrido com o aumento do trânsito.
Os PUEs devem ser providenciados sempre que a construtora pretende superar, em determinado terreno, o Coeficiente de Aproveitamento – área erguida em relação ao tamanho do lote – da região. O coeficiente básico é especificado pelo Plano Diretor e costuma ser igual a 1. No entanto, nas áreas ao redor de estações de metrô e terminais de ônibus e ao longo de corredores de transporte, pode chegar a 4 – ou seja, a área erguida pode ser quatro vezes maior do que o tamanho do lote. Para isso, a empreiteira tem de pagar à Prefeitura por essa área excedente e apresentar o PUE.
Outro item da revisão que preocupa os urbanistas é o que permite a superação do coeficiente de aproveitamento máximo (4) caso a média de toda a quadra não ultrapasse esse limite. Isso quer dizer que o tamanho do prédio não vai depender só do terreno comprado pela construtora, mas dos outros construídos no quarteirão. “Isso vai ser nefasto para a cidade”, diz Lucila Lacreta, diretora técnica do Movimento Defenda São Paulo. Segundo Lucila, pelo plano atual, a construtora é obrigada a adquirir um amplo terreno para erguer grandes empreendimentos, mas, se o novo projeto for aprovado, a mesma edificação poderá ser construída em uma área bem menor.
continua ...
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI67030-15228,00-MAIS+ARRANHACEUS+EM+SAO+PAULO.html
Mais arranha-céus em São Paulo?
Revisão do Plano Diretor proposta pelo prefeito Gilberto Kassab é acusada por entidades da sociedade civil e pela oposição de favorecer as construtoras. Saiba o que pode mudar no uso do solo da cidade e como isso pode afetar a qualidade de vida de seus habitantes
José Antonio Lima
Construir prédios mais altos em São Paulo não é, em si, um problema, já que a intenção é permitir que mais gente more em áreas da cidade onde há infraestrutura adequada. O problema, segundo um grupo de quase 150 entidades da sociedade civil, está na forma como a Prefeitura pretende fazer isso, por meio de uma proposta de revisão do Plano Diretor, que pode ser votada na Câmara Municipal ainda este ano. Esse grupo acusa a administração de favorecer as construtoras ao sugerir a ampliação do processo de verticalização da cidade.
O urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis, uma ONG que estuda estratégias de desenvolvimento urbano, diz que o principal problema da proposta de Kassab acerca da construção de arranha-céus é a dúvida criada sobre a necessidade dos Projetos Urbanísticos Específicos (PUEs), pelos quais as construtoras eram obrigadas a avaliar os impactos de suas obras e sugerir melhorias na região para evitar problemas como o trânsito, por exemplo. “Na revisão do plano, a obrigatoriedade do projeto específico não está clara”, diz Nakano. “Sem o PUE, as construtoras podem adensar a área sem se preocupar com o que vai acontecer na região.” Isso pode trazer ainda mais problemas para distritos com grande expansão imobiliária, como é o caso de Perdizes, na zona oeste da cidade, que tem sofrido com o aumento do trânsito.
Os PUEs devem ser providenciados sempre que a construtora pretende superar, em determinado terreno, o Coeficiente de Aproveitamento – área erguida em relação ao tamanho do lote – da região. O coeficiente básico é especificado pelo Plano Diretor e costuma ser igual a 1. No entanto, nas áreas ao redor de estações de metrô e terminais de ônibus e ao longo de corredores de transporte, pode chegar a 4 – ou seja, a área erguida pode ser quatro vezes maior do que o tamanho do lote. Para isso, a empreiteira tem de pagar à Prefeitura por essa área excedente e apresentar o PUE.
Outro item da revisão que preocupa os urbanistas é o que permite a superação do coeficiente de aproveitamento máximo (4) caso a média de toda a quadra não ultrapasse esse limite. Isso quer dizer que o tamanho do prédio não vai depender só do terreno comprado pela construtora, mas dos outros construídos no quarteirão. “Isso vai ser nefasto para a cidade”, diz Lucila Lacreta, diretora técnica do Movimento Defenda São Paulo. Segundo Lucila, pelo plano atual, a construtora é obrigada a adquirir um amplo terreno para erguer grandes empreendimentos, mas, se o novo projeto for aprovado, a mesma edificação poderá ser construída em uma área bem menor.
continua ...
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI67030-15228,00-MAIS+ARRANHACEUS+EM+SAO+PAULO.html