No centro dos negócios
Novos prédios e retrofit de construções
antigas revitalizam a região
Sofia Cerqueira
Fotos Fernando Lemos
Ventura Corporate Towers: o moderno centro empresarial na Avenida Chile (acima, numa simulação digital) já está com uma das duas torres de 36 andares quase pronta. O projeto, que vai consumir 450 milhões de reais, é da incorporadora americana Tishman Speyer
Nem Barra, nem Zona Sul. Após um longo período de esvaziamento, com a migração de empresas para outros bairros, o Centro do Rio dá sinais de revitalização. A região voltou a atrair grandes empreendimentos e vem recuperando o prestígio de principal área de negócios da cidade. Nos últimos cinco anos, pelo menos 200 de seus endereços passaram por obras, foram retrofitados – ou seja, sofreram reformas que em geral mantêm a fachada e modernizam o interior – ou ganharam novas construções.
Exemplos pipocam por toda parte. Na Cinelândia, o antigo Hotel Serrador, um prédio de 23 andares em estilo art déco, será reaberto como centro empresarial. A idéia é alugar o espaço, fechado há seis anos, para uma única empresa. Complexo com duas torres de 36 andares, o Ventura Corporate Towers está sendo erguido a poucos quarteirões dali. O empreendimento na Avenida Chile, orçado em 450 milhões de reais, é um projeto da incorporadora americana Tishman Speyer, responsável pelo Rockefeller Center, em Nova York. "O Centro continua como primeira opção da maioria das empresas e há carência de escritórios de alto padrão", observa Daniel Cherman, diretor de desenvolvimento da Tishman Speyer. "As empresas de petróleo e de telecomunicações estão impulsionando essa revitalização", acrescenta Augusto Ivan, secretário municipal de Urbanismo. Junto a modernos complexos comerciais, a região viu ampliar sua oferta de universidades, prédios residenciais e rede hoteleira. Em dois anos, quatro hotéis foram reformados, três inaugurados e mais dois estão em construção, num total de 1 195 novos apartamentos.
Edifício Francisco Serrador: o antigo hotel, aberto em 1944, foi reformado e deve ser reaberto no início de 2009 como prédio comercial. O atual dono, o empresário José Oreiro, pretende alugá-lo para uma única empresa
Tradição, boa infra-estrutura, proximidade do aeroporto e grandes empresas catalisadoras – são vários os fatores para a retomada do Centro. "Há uma intensa busca por terrenos e prédios para ser revitalizados", ressalta Ronald Ansbach, vice-presidente da Hines, outra incorporadora internacional que aposta no coração da cidade. A Hines construiu a Torre Almirante, um prédio de 36 andares que tomou o lugar do Edifício Andorinha – incendiado em 1986 –, na Avenida Almirante Barroso. Em julho, deve ficar pronto no mesmo quarteirão o Edifício Castelo, um centro empresarial que surgiu do retrofit de dois prédios dos anos 30. A Torre Almirante e o novo prédio, juntos, custaram mais de 250 milhões de reais e foram alugados pela Petrobras, que já ocupa dez prédios no Centro. A Hines ainda negocia a compra de um terreno na Avenida Presidente Vargas, onde quer erguer mais um imóvel. "Enxergamos um grande potencial no Centro", diz Cherman, da Tishman Speyer. Além das torres na Avenida Chile, a incorporadora adquiriu o prédio da Sul América, na Rua da Quitanda. Dois andares virarão um shopping e os sete restantes serão transformados em escritórios. "Várias empresas também estão voltando a se interessar pela região", assegura Antônio Magalhães, diretor da W Torre. A firma comprou uma área de 18 000 metros quadrados na Rua Henrique Valadares e já começou a construir quatro torres comerciais, que terão entre doze e dezenove andares.
Decadência é coisa do passado. "Em 1995, a vacância chegou a 37%", lembra Cláudio Castro, diretor da imobiliária Sérgio Castro, que atua no Centro. "Agora não passa de 5%." Em seis meses, ele vendeu um edifício na Rua do Ouvidor e outro na Rua do Carmo – ambos devem ser modernizados e locados. A imobiliária ainda comercializou o Hotel Ambassador, na Rua Senador Dantas, que entrou em reforma e continuará como hotel. O metro quadrado para venda na área custa entre 1 500 e 6 000 reais. "O Centro é um ponto estratégico que estava com a hotelaria envelhecida", avalia Orlando de Souza, diretor de operações da Accor Hotéis, que abriu três unidades em 2007, o Ibis e o Formule 1, na Praça Tiradentes, e o Ibis Santos Dumont, na Avenida Marechal Câmara. E está construindo outro hotel, colado ao último, com a bandeira Novotel. No total, seu investimento ali é de 85,5 milhões de reais. "Em poucos meses, todos já estão com a ocupação na faixa dos 70%", comemora.
Edifício Castelo: o complexo de escritórios, que a incorporadora americana Hines pretende inaugurar em julho, é resultado do retrofit de dois prédios da década de 30 que preservou a fachada art déco e modernizou a parte interna
Movimento em alta, obras a todo o vapor. "Quando uma empresa importante investe numa área degradada, acaba atraindo outras", afirma o arquiteto Davino Pontual. Vieram de seu escritório os projetos do Ibmec, concluído no ano passado na Avenida Presidente Wilson, da Torre Almirante, do Edifício Castelo e do Ibis Santos Dumont. Agora ele projeta um prédio na Rua do Acre e desenvolve estudos de dois centros empresariais que surgirão em terrenos da Presidente Vargas. Não é só a área comercial que prospera. Em novembro serão entregues os 688 apartamentos do condomínio Cores da Lapa, da Klabin Segall. Neste ano ficam prontas as 178 unidades do Viva Lapa, prédio residencial da CHL resultado do retrofit de um hotel na Gomes Freire. "As pessoas estão redescobrindo o Centro", atesta Rogério Chor, presidente da CHL e da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi).
Novos prédios e retrofit de construções
antigas revitalizam a região
Sofia Cerqueira
Fotos Fernando Lemos
Ventura Corporate Towers: o moderno centro empresarial na Avenida Chile (acima, numa simulação digital) já está com uma das duas torres de 36 andares quase pronta. O projeto, que vai consumir 450 milhões de reais, é da incorporadora americana Tishman Speyer
Nem Barra, nem Zona Sul. Após um longo período de esvaziamento, com a migração de empresas para outros bairros, o Centro do Rio dá sinais de revitalização. A região voltou a atrair grandes empreendimentos e vem recuperando o prestígio de principal área de negócios da cidade. Nos últimos cinco anos, pelo menos 200 de seus endereços passaram por obras, foram retrofitados – ou seja, sofreram reformas que em geral mantêm a fachada e modernizam o interior – ou ganharam novas construções.
Exemplos pipocam por toda parte. Na Cinelândia, o antigo Hotel Serrador, um prédio de 23 andares em estilo art déco, será reaberto como centro empresarial. A idéia é alugar o espaço, fechado há seis anos, para uma única empresa. Complexo com duas torres de 36 andares, o Ventura Corporate Towers está sendo erguido a poucos quarteirões dali. O empreendimento na Avenida Chile, orçado em 450 milhões de reais, é um projeto da incorporadora americana Tishman Speyer, responsável pelo Rockefeller Center, em Nova York. "O Centro continua como primeira opção da maioria das empresas e há carência de escritórios de alto padrão", observa Daniel Cherman, diretor de desenvolvimento da Tishman Speyer. "As empresas de petróleo e de telecomunicações estão impulsionando essa revitalização", acrescenta Augusto Ivan, secretário municipal de Urbanismo. Junto a modernos complexos comerciais, a região viu ampliar sua oferta de universidades, prédios residenciais e rede hoteleira. Em dois anos, quatro hotéis foram reformados, três inaugurados e mais dois estão em construção, num total de 1 195 novos apartamentos.
Edifício Francisco Serrador: o antigo hotel, aberto em 1944, foi reformado e deve ser reaberto no início de 2009 como prédio comercial. O atual dono, o empresário José Oreiro, pretende alugá-lo para uma única empresa
Tradição, boa infra-estrutura, proximidade do aeroporto e grandes empresas catalisadoras – são vários os fatores para a retomada do Centro. "Há uma intensa busca por terrenos e prédios para ser revitalizados", ressalta Ronald Ansbach, vice-presidente da Hines, outra incorporadora internacional que aposta no coração da cidade. A Hines construiu a Torre Almirante, um prédio de 36 andares que tomou o lugar do Edifício Andorinha – incendiado em 1986 –, na Avenida Almirante Barroso. Em julho, deve ficar pronto no mesmo quarteirão o Edifício Castelo, um centro empresarial que surgiu do retrofit de dois prédios dos anos 30. A Torre Almirante e o novo prédio, juntos, custaram mais de 250 milhões de reais e foram alugados pela Petrobras, que já ocupa dez prédios no Centro. A Hines ainda negocia a compra de um terreno na Avenida Presidente Vargas, onde quer erguer mais um imóvel. "Enxergamos um grande potencial no Centro", diz Cherman, da Tishman Speyer. Além das torres na Avenida Chile, a incorporadora adquiriu o prédio da Sul América, na Rua da Quitanda. Dois andares virarão um shopping e os sete restantes serão transformados em escritórios. "Várias empresas também estão voltando a se interessar pela região", assegura Antônio Magalhães, diretor da W Torre. A firma comprou uma área de 18 000 metros quadrados na Rua Henrique Valadares e já começou a construir quatro torres comerciais, que terão entre doze e dezenove andares.
Decadência é coisa do passado. "Em 1995, a vacância chegou a 37%", lembra Cláudio Castro, diretor da imobiliária Sérgio Castro, que atua no Centro. "Agora não passa de 5%." Em seis meses, ele vendeu um edifício na Rua do Ouvidor e outro na Rua do Carmo – ambos devem ser modernizados e locados. A imobiliária ainda comercializou o Hotel Ambassador, na Rua Senador Dantas, que entrou em reforma e continuará como hotel. O metro quadrado para venda na área custa entre 1 500 e 6 000 reais. "O Centro é um ponto estratégico que estava com a hotelaria envelhecida", avalia Orlando de Souza, diretor de operações da Accor Hotéis, que abriu três unidades em 2007, o Ibis e o Formule 1, na Praça Tiradentes, e o Ibis Santos Dumont, na Avenida Marechal Câmara. E está construindo outro hotel, colado ao último, com a bandeira Novotel. No total, seu investimento ali é de 85,5 milhões de reais. "Em poucos meses, todos já estão com a ocupação na faixa dos 70%", comemora.
Edifício Castelo: o complexo de escritórios, que a incorporadora americana Hines pretende inaugurar em julho, é resultado do retrofit de dois prédios da década de 30 que preservou a fachada art déco e modernizou a parte interna
Movimento em alta, obras a todo o vapor. "Quando uma empresa importante investe numa área degradada, acaba atraindo outras", afirma o arquiteto Davino Pontual. Vieram de seu escritório os projetos do Ibmec, concluído no ano passado na Avenida Presidente Wilson, da Torre Almirante, do Edifício Castelo e do Ibis Santos Dumont. Agora ele projeta um prédio na Rua do Acre e desenvolve estudos de dois centros empresariais que surgirão em terrenos da Presidente Vargas. Não é só a área comercial que prospera. Em novembro serão entregues os 688 apartamentos do condomínio Cores da Lapa, da Klabin Segall. Neste ano ficam prontas as 178 unidades do Viva Lapa, prédio residencial da CHL resultado do retrofit de um hotel na Gomes Freire. "As pessoas estão redescobrindo o Centro", atesta Rogério Chor, presidente da CHL e da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi).