«Não podemos ir plantar rosas enquanto houver ruas para alcatroar
A Associação de Moradores de Redondos foi fundada com a publicação em Diário da República de 13 de Outubro de 1981, completando agora 26 anos de existência. À frente da Direcção há 18 anos, João Lopes congratula-se pela obra feita, “que não poderia ter chegado a este ponto sem o apoio de todos os proprietários”
OS REDONDOS serão a primeira área de génese ilegal a completar o processo de reconversão urbabística no concelho do Seixal. Dividida em quatro AUGI (áreas urbanas de génese ilegal), com um total de 2200 lotes numa área de 268 hectares, com 210 arruamentos, foi já considerado como «o maior e melhor exemplo de reconversão urbanística ». João Lopes iniciou o seu percurso com a Associação de Moradores em 1988, “onde fazia parte do Concelho Fiscal, mas nessa altura todo o processo estava parado. Em 1990 não tínhamos nada aqui, apenas electricidade, devido a um protocolo entre a Câmara Municipal e a EDP, mas faltavam todas as infraestruturas. Neste momento, temos a obra de infra-estruturas quase concluída, faltando apenas alguns acabamentos e umas franjas de betuminoso.” Embora ainda a trabalhar na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, João Lopes encabeçou uma lista em Outubro do mesmo ano e foi eleito. “Se chegar ao próximo Outubro, farei 18 anos como presidente da Direcção da Associação, tendo sido sempre reeleito pela população.”
Plano de Pormenor dos Redondos
O Plano de Pormenor para os Redondos, discutido com a Câmara Municipal a partir do Plano Director Municipal da altura, foi iniciado em 1992 e elaborado pelo arquitecto José Carlos Trindade, com o acompanhamento técnico do engenheiro Alberto Briosa e Gala. “Este Plano Pormenor foi feito em tempo recorde, menos de um ano, logo proposto à apreciação da Câmara Municipal. Em Julho de 1995 foi publicado em Diário da República, criando todas as condições para se avançar de facto com a recuperação dos Redondos. No mesmo ano tivemos o primeiro alvará de aprovação de um loteamento nos Redondos, ainda ao abrigo da Lei Geral.” A par com o levantamento para o projecto do Plano de Pormenor dos Redondos foi realizado o projecto de infra-estruturas, “o que foi óptimo, porque em 1993 já tínhamos os projectos de abastecimento de águas aprovados e depois, por fases, foram aprovados os projectos de esgotos e de arruamentos, para o que contámos sempre com a receptividade por parte da Câmara Municipal.”
Maioria dos processos com alvarás
“Já tínhamos um grande trabalho implentado em esgotos pluviais e domésticos, em arruamentos, etc., quando a Lei 91/95, (Lei das AUGI) saiu. Isto deu uma enorme ajuda, tornando possível continuar o trabalho nas infra-estruturas e assegurar a passagem dos avos a metros quadrados, com a possibilidade de emissão de alvarás. É com a emissão dos alvarás que se dá o passo defi nitivo para a reconversão urbanística desta área. E hoje temos os Redondos como estão, cobertos com alvarás.” Em relação aos 30 a 40 lotes ainda sem alvará, João Lopes considera que “isso é apenas porque os proprietários nunca estiveram muito motivados, e nesses casos é muito difícil, quer para as associações quer para os técnicos, conseguirem levar as coisas por diante. Penso que a curto prazo, com a nova Lei, há possibilidade de redelimitar novas AUGI para estes prédios, as designadas quintinhas, que já foram parceladas há muito tempo, e poderemos dar um novo impulso para a legalização desses loteamentos, porque permite que a maioria simples possa fazer avançar o processo, chamando a si os que não queriam ou não estavam interessados”.
Processo difícil
João Lopes confessa que este processo não foi fácil, “e mesmo neste momento enfrentamos algumas dificuldades, porque há sempre algo que falta. Estamos a falar de 267 hectares, o que cria uma base de trabalho muito ampla e com muita discussão”. Optando por não criar uma AUGI única, foram criadas Comissões de Administração para os diferentes prédios, para trabalharem em conjunto com os proprietários e com a Direcção da Associação. “Também isto levou à conclusão dos projectos com maior rapidez, porque as Comissões de Administração, que conheciam melhor os proprietários, levaram-nos a aderir ao processo de reconversão.” A esta situação, João Lopes acrescenta o facto de “os proprietários terem pago as suas contribuições, criando uma situação de credibilidade entre a direcção da Associação e a população. Por outro lado, a Câmara Municipal do Seixal, técnicos, trabalhadores e pessoal administrativo, sempre estiveram muito disponíveis e atenderam as nossas solicitações. Acredito que isso se deveu ao facto de termos apresentado um projecto credível, mostrando a nossa motivação para realizar um trabalho em abono da população dos Redondos.” O presidente da Direcção não quis deixar deixar de apresentar os seus agradecimentos também à Junta de Freguesia de Fernão Ferro, e duas palavras especiais para a doutora Arminda Neto e para o o arquitecto José Carlos Trindade. “Em boa hora contactei a Drª Arminda Neto em 1995, na altura uma jovem advogada, mas que sempre se mostrou muito dinâmica e muito interessada em fazer as coisas andar para a frente. Logo nessa altura percebi que era uma pessoa que nos podia ajudar muito, pela sua posição moderna, sem preconceitos e sempre disponível. O arquitecto José Carlos Trindade começou a elaborar em 1992 o Plano de Pormenor dos Redondos e ainda hoje trabalha connosco com uma grande seriedade.” O processo de reconversão está de tal forma adiantado, que a Associação já se encontra a realizar o levantamento de arruamentos com mais de 15 anos, “o que signifi ca que já não estamos numa situação de construção, mas sim de reparação”, e a Câmara Municipal já se encontra a realizar a recepção de- fi nitiva das obras de infra-estruturas, “dada a quantidade de lotes em metros quadrados e com registo na Conservatória, o que tem surpreendido muita gente”.
Redondos com construção de qualidade
O presidente salienta ainda a “construção de qualidade que se faz actualmente nos Redondos, em projectos aprovados pela Câmara Municipal. A passagem de lotes para metros quadrados tem a grande vantagem, além da legalização, de permitir que as pessoas possam recorrer ao crédito para aprovação dos projectos.” Com o processo adiantado, a Associação iniciou alguns projectos de arranjos exteriores, e terraplanagens para jardins. “Na minha fi losofi a acho que não podemos ir já plantar rosas enquanto tivermos ruas para alcatroar. Mas isto também tem os seus custos, uma vez que a autarquia só faz a recepção defi nitiva de uma obra se todos os projectos estiverem concluídos. Se um jardim estiver projectado, tem de estar pronto quando entregamos a obra, e se alguns ainda não foram construídos, é porque ainda não estão criadas todas as condições nos Redondos para os fazermos.”
Sede da Associação renovada
A sede da Associação de Moradores recebeu obras de remodelação, criando um espaço moderno com duas salas de restaurante, uma sala para café, quatro casas-de-banho e casas de banho com duche para os funcionários, obra da arquitecta Fátima Caleiro, com projecto exterior de David Carvalho. Para além de um local de convívio, as obras tiveram em vista o objectivo de criar no local um Centro Cultural e Desportivo. “À medida que os proprietários regularizam as suas situações, vão deixando de ser sócios. Era necessário garantir um fundo que suportasse a manutenção do edifício, quando a Associação terminasse o seu trabalho. Temos de prever um futuro próximo, não podemos fechar a porta.” Para a realização da obra, João Lopes aponta o “rigor da gestão fi nanceira da Associação. Não podemos desperdiçar dinheiro e contabilizamos todo o tostão, porque é dinheiro que foi pago pelos proprietários. Neste momento, a Associação tem uma situação estável, não devendo nada, e por isso pudemos avançar com este projecto. Uma boa gestão parte de um princípio: não podemos gastar 101 se tivermos apenas 100. Temos sempre de guardar pelo menos um cêntimo e gastar apenas 99, para controlar as receitas e despesas. E foi isso que fi zemos ao longo destes 18 anos que tenho tido a honra de presidir à Associação de Moradores dos Redondos.”
“Luta a chegar ao fim”
Reconhecendo que está satisfeito com a situação actual, João Lopes refere que “é para a população dos Redondos que vai a minha maior fatia de agradecimento, porque o merecem. Tudo o que foi proposto em Assembleia foi aprovado e isso transmite confi ança e forma para para continuar esta luta que está quase a chegar ao fi m. No fundo, a minha preocupação ao longo destes anos na Direcção da Associação, foi sempre resolver o problema das pessoas. Porque eu também vivo nos Redondos, e queria valorizar também o meu património.” Sobre a sua eventual recandidatura à Direcção da Associação, João Lopes confessa que ainda não refl ectiu sobre o assunto. Completando 69 anos em Junho, considera que está em condições para manter o cargo. “O que sei é que não vou pôr em causa o trabalho que já está feito e deixar alguma coisa por acabar. Como ainda me sinto com saúde, é para continuar porque não vou deixar em falta nada, por sair do processo.”
in http://www.jornalregional.com/?p=cf...op=noticia&n=819cd073676cd4c1fa9f6ce43e602c71
A Associação de Moradores de Redondos foi fundada com a publicação em Diário da República de 13 de Outubro de 1981, completando agora 26 anos de existência. À frente da Direcção há 18 anos, João Lopes congratula-se pela obra feita, “que não poderia ter chegado a este ponto sem o apoio de todos os proprietários”
OS REDONDOS serão a primeira área de génese ilegal a completar o processo de reconversão urbabística no concelho do Seixal. Dividida em quatro AUGI (áreas urbanas de génese ilegal), com um total de 2200 lotes numa área de 268 hectares, com 210 arruamentos, foi já considerado como «o maior e melhor exemplo de reconversão urbanística ». João Lopes iniciou o seu percurso com a Associação de Moradores em 1988, “onde fazia parte do Concelho Fiscal, mas nessa altura todo o processo estava parado. Em 1990 não tínhamos nada aqui, apenas electricidade, devido a um protocolo entre a Câmara Municipal e a EDP, mas faltavam todas as infraestruturas. Neste momento, temos a obra de infra-estruturas quase concluída, faltando apenas alguns acabamentos e umas franjas de betuminoso.” Embora ainda a trabalhar na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, João Lopes encabeçou uma lista em Outubro do mesmo ano e foi eleito. “Se chegar ao próximo Outubro, farei 18 anos como presidente da Direcção da Associação, tendo sido sempre reeleito pela população.”
Plano de Pormenor dos Redondos
O Plano de Pormenor para os Redondos, discutido com a Câmara Municipal a partir do Plano Director Municipal da altura, foi iniciado em 1992 e elaborado pelo arquitecto José Carlos Trindade, com o acompanhamento técnico do engenheiro Alberto Briosa e Gala. “Este Plano Pormenor foi feito em tempo recorde, menos de um ano, logo proposto à apreciação da Câmara Municipal. Em Julho de 1995 foi publicado em Diário da República, criando todas as condições para se avançar de facto com a recuperação dos Redondos. No mesmo ano tivemos o primeiro alvará de aprovação de um loteamento nos Redondos, ainda ao abrigo da Lei Geral.” A par com o levantamento para o projecto do Plano de Pormenor dos Redondos foi realizado o projecto de infra-estruturas, “o que foi óptimo, porque em 1993 já tínhamos os projectos de abastecimento de águas aprovados e depois, por fases, foram aprovados os projectos de esgotos e de arruamentos, para o que contámos sempre com a receptividade por parte da Câmara Municipal.”
Maioria dos processos com alvarás
“Já tínhamos um grande trabalho implentado em esgotos pluviais e domésticos, em arruamentos, etc., quando a Lei 91/95, (Lei das AUGI) saiu. Isto deu uma enorme ajuda, tornando possível continuar o trabalho nas infra-estruturas e assegurar a passagem dos avos a metros quadrados, com a possibilidade de emissão de alvarás. É com a emissão dos alvarás que se dá o passo defi nitivo para a reconversão urbanística desta área. E hoje temos os Redondos como estão, cobertos com alvarás.” Em relação aos 30 a 40 lotes ainda sem alvará, João Lopes considera que “isso é apenas porque os proprietários nunca estiveram muito motivados, e nesses casos é muito difícil, quer para as associações quer para os técnicos, conseguirem levar as coisas por diante. Penso que a curto prazo, com a nova Lei, há possibilidade de redelimitar novas AUGI para estes prédios, as designadas quintinhas, que já foram parceladas há muito tempo, e poderemos dar um novo impulso para a legalização desses loteamentos, porque permite que a maioria simples possa fazer avançar o processo, chamando a si os que não queriam ou não estavam interessados”.
Processo difícil
João Lopes confessa que este processo não foi fácil, “e mesmo neste momento enfrentamos algumas dificuldades, porque há sempre algo que falta. Estamos a falar de 267 hectares, o que cria uma base de trabalho muito ampla e com muita discussão”. Optando por não criar uma AUGI única, foram criadas Comissões de Administração para os diferentes prédios, para trabalharem em conjunto com os proprietários e com a Direcção da Associação. “Também isto levou à conclusão dos projectos com maior rapidez, porque as Comissões de Administração, que conheciam melhor os proprietários, levaram-nos a aderir ao processo de reconversão.” A esta situação, João Lopes acrescenta o facto de “os proprietários terem pago as suas contribuições, criando uma situação de credibilidade entre a direcção da Associação e a população. Por outro lado, a Câmara Municipal do Seixal, técnicos, trabalhadores e pessoal administrativo, sempre estiveram muito disponíveis e atenderam as nossas solicitações. Acredito que isso se deveu ao facto de termos apresentado um projecto credível, mostrando a nossa motivação para realizar um trabalho em abono da população dos Redondos.” O presidente da Direcção não quis deixar deixar de apresentar os seus agradecimentos também à Junta de Freguesia de Fernão Ferro, e duas palavras especiais para a doutora Arminda Neto e para o o arquitecto José Carlos Trindade. “Em boa hora contactei a Drª Arminda Neto em 1995, na altura uma jovem advogada, mas que sempre se mostrou muito dinâmica e muito interessada em fazer as coisas andar para a frente. Logo nessa altura percebi que era uma pessoa que nos podia ajudar muito, pela sua posição moderna, sem preconceitos e sempre disponível. O arquitecto José Carlos Trindade começou a elaborar em 1992 o Plano de Pormenor dos Redondos e ainda hoje trabalha connosco com uma grande seriedade.” O processo de reconversão está de tal forma adiantado, que a Associação já se encontra a realizar o levantamento de arruamentos com mais de 15 anos, “o que signifi ca que já não estamos numa situação de construção, mas sim de reparação”, e a Câmara Municipal já se encontra a realizar a recepção de- fi nitiva das obras de infra-estruturas, “dada a quantidade de lotes em metros quadrados e com registo na Conservatória, o que tem surpreendido muita gente”.
Redondos com construção de qualidade
O presidente salienta ainda a “construção de qualidade que se faz actualmente nos Redondos, em projectos aprovados pela Câmara Municipal. A passagem de lotes para metros quadrados tem a grande vantagem, além da legalização, de permitir que as pessoas possam recorrer ao crédito para aprovação dos projectos.” Com o processo adiantado, a Associação iniciou alguns projectos de arranjos exteriores, e terraplanagens para jardins. “Na minha fi losofi a acho que não podemos ir já plantar rosas enquanto tivermos ruas para alcatroar. Mas isto também tem os seus custos, uma vez que a autarquia só faz a recepção defi nitiva de uma obra se todos os projectos estiverem concluídos. Se um jardim estiver projectado, tem de estar pronto quando entregamos a obra, e se alguns ainda não foram construídos, é porque ainda não estão criadas todas as condições nos Redondos para os fazermos.”
Sede da Associação renovada
A sede da Associação de Moradores recebeu obras de remodelação, criando um espaço moderno com duas salas de restaurante, uma sala para café, quatro casas-de-banho e casas de banho com duche para os funcionários, obra da arquitecta Fátima Caleiro, com projecto exterior de David Carvalho. Para além de um local de convívio, as obras tiveram em vista o objectivo de criar no local um Centro Cultural e Desportivo. “À medida que os proprietários regularizam as suas situações, vão deixando de ser sócios. Era necessário garantir um fundo que suportasse a manutenção do edifício, quando a Associação terminasse o seu trabalho. Temos de prever um futuro próximo, não podemos fechar a porta.” Para a realização da obra, João Lopes aponta o “rigor da gestão fi nanceira da Associação. Não podemos desperdiçar dinheiro e contabilizamos todo o tostão, porque é dinheiro que foi pago pelos proprietários. Neste momento, a Associação tem uma situação estável, não devendo nada, e por isso pudemos avançar com este projecto. Uma boa gestão parte de um princípio: não podemos gastar 101 se tivermos apenas 100. Temos sempre de guardar pelo menos um cêntimo e gastar apenas 99, para controlar as receitas e despesas. E foi isso que fi zemos ao longo destes 18 anos que tenho tido a honra de presidir à Associação de Moradores dos Redondos.”
“Luta a chegar ao fim”
Reconhecendo que está satisfeito com a situação actual, João Lopes refere que “é para a população dos Redondos que vai a minha maior fatia de agradecimento, porque o merecem. Tudo o que foi proposto em Assembleia foi aprovado e isso transmite confi ança e forma para para continuar esta luta que está quase a chegar ao fi m. No fundo, a minha preocupação ao longo destes anos na Direcção da Associação, foi sempre resolver o problema das pessoas. Porque eu também vivo nos Redondos, e queria valorizar também o meu património.” Sobre a sua eventual recandidatura à Direcção da Associação, João Lopes confessa que ainda não refl ectiu sobre o assunto. Completando 69 anos em Junho, considera que está em condições para manter o cargo. “O que sei é que não vou pôr em causa o trabalho que já está feito e deixar alguma coisa por acabar. Como ainda me sinto com saúde, é para continuar porque não vou deixar em falta nada, por sair do processo.”
in http://www.jornalregional.com/?p=cf...op=noticia&n=819cd073676cd4c1fa9f6ce43e602c71