Nova ponte
Decisão política irá "amputar" o Choupal
Os contestatários da anunciada construção de uma nova ponte sobre o Mondego e de um viaduto sobre a Mata do Choupal, em Coimbra, manifestaram-se ontem «decepcionados» com a confirmação da Declaração do Impacto Ambiental (DIA) que aponta naquele sentido.
Em declarações à Agência Lusa, o provedor do Ambiente e da Qualidade de Vida Urbana de Coimbra, Massano Cardoso, e o presidente do Núcleo Distrital de Coimbra da associação ambientalista Quercus, António Luís Campos, admitem, no entanto, que o teor da DIA não os surpreende.
A construção da nova ponte sobre o Mondego e de um viaduto sobre a Mata Nacional do Choupal está prevista no projecto de construção dos troços do IP3 (entre Trouxemil e Mealhada), do IC2 (entre Coimbra e Oliveira de Azeméis, com ligação à A32) e do IC3 (entre Coimbra e o nó do IP3).
A DIA, agora tornada pública, dá um parecer positivo ao projecto, embora com algumas restrições, prevendo a reformulação dos nós de Trouxemil (Coimbra) e Águeda Norte e medidas de minimização das áreas de serviço a construir.
«Surpreendido não fiquei, mas sim decepcionado. Acho um bocado estranho fazer-se um estudo de impacto ambiental sem apresentar uma única alternativa (à passagem por Coimbra). Há qualquer coisa que não está bem», declarou o provedor do Ambiente.
Massano Cardoso questiona, por outro lado, por que motivo não é apresentada qualquer alternativa quando o projecto do comboio de alta-velocidade prevê que a passagem por Coimbra, incluindo a travessia do rio Mondego, seja feita através de túneis, por ser a solução de «menor impacto» ambiental.
«Se há projectos que prevêem a travessia do Mondego de forma a não pôr em causa o Choupal, por que não se põe a mesma hipótese neste projecto?», pergunta.
O provedor do Ambiente de Coimbra considera que a solução agora confirmada pela DIA «amputa parte do Choupal, violando um espaço verde de uma zona nobre da cidade, que faz parte da sua alma».
O impacto externo, do ponto de vista estético e sonoro, que - refere Massano Cardoso - «ultrapassará os limites legais», é, na opinião do provedor do Ambiente, «mais um atentado (ambiental)».
«É uma decisão política, não técnica. O projecto está mal feito desde a raiz. É relativamente normal os estudos de impacto ambiental não apresentarem alternativas quando as decisões estão previamente tomadas», sustenta, por sua vez, o presidente do núcleo distrital de Coimbra da Quercus.
António Luís Campos considera «uma aberração» a construção de um viaduto sobre o Choupal e afirma que a confirmação da DIA «mostra que, em Portugal, os estudos de impacto ambiental não servem para nada, são apenas um pró-forma legal».
«Há alternativas, só que seriam muito complexas e obrigariam a uma alteração significativa na passagem por Coimbra», afirma, referindo que o projecto «devia ser afastado para Norte ou Sul da cidade».
Entre os aspectos negativos referidos pelo ambientalista da Quercus estão «o corte de uma floresta, a questão estética, de urbanismo, a poluição sonora e atmosférica».
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, escusou-se a qualquer comentário sobre a matéria.
Diário de Coimbra
Projecto do Nó de ligação à via rápida de Taveiro/Ponte-Açude (Antes da travessia ser aprovada)Ponte no Choupal
Massano Cardoso desagradado com viabilização
Provedor diz que nova ponte sobre
Mondego é uma “decisão política”
O provedor do Ambiente e Qualidade de Vida Urbana de Coimbra tornou ontem público o seu “desagrado” pela viabilização da construção da nova travessia sobre o Rio Mondego, pelos impactos que esta terá sobre a Mata Nacional do Choupal.
Sendo o parecer da Comissão de Avaliação desfavorável, Massano Cardoso não duvida que a aprovação do estudo prévio se trata de uma «decisão meramente política», pelo que, na sua opinião, «todas as políticas nacionais, europeias e internacionais a nível ambiental deixam de fazer sentido neste enquadramento».
Na perspectiva do provedor, as condicionantes apresentadas para a travessia, nomeadamente a altura da ponte, a aplicação de medidas de minimização e compensação na Mata do Choupal e a minimização de impactos cumulativos com a travessia prevista para o TGV «são claramente insuficientes».
Já durante o período de consulta pública do estudo de impacte ambiental relativo ao projecto “IP3 – Coimbra/Mealhada; IC2 – Coimbra/Oliveira de Azeméis e IC3 – Coimbra /IP3”, Massano Cardoso chamara a atenção para possíveis danos irreversíveis.
Em comunicado, é realçado o parecer da comissão de avaliação, que adverte que «os impactos na Mata Nacional do Choupal são negativos, muito significativos e de carácter permanente, comprometendo o seu uso e diminuindo o seu reconhecido valor em todas as suas valências», pelo que não estariam reunidas condições para a aprovação do trecho.
No documento enviado às redacções, Massano Cardoso frisa que a localização da mata numa área peri-urbana e entre duas pontes «não faz dela um local menos importante», acrescentando que a sua classificação como «parque urbano é subversiva».
O provedor não hesita em apontar responsabilidades ao Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento, responsável pela gestão do Choupal, pelo seu «estado de abandono/degradação», o mesmo ministério que no estudo de impacte ambiental indica que se deve avançar com «recuperação e revitalização».
Massano Cardoso considera também que a afirmação de “a passagem do viaduto e a sua compatibilização com o projecto da Linha Ferroviária de Alta Velocidade permitirá a salvaguarda de outras áreas da Mata” «carece de melhor esclarecimento».
fonte
Resumo Não-Técnico
IP3/IC2/IC3
Síntese de Impactes