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#1 |
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Join Date: May 2008
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"Negros não influenciaram a arquitetura brasileira"
Negros não foram arquitetos aqui
Antonio Risério De Salvador (BA) Recebi a pergunta por e-mail: que influência os africanos tiveram no desenho de nossas edificações e cidades? A resposta é simples: nenhuma. Os escravos que a África vendia para o Brasil traziam consigo seu repertório genético, suas línguas, seus deuses, visões-de-mundo, conhecimentos e técnicas. Mas, se foram fundamentais para a constituição biológica e para a formação estética e religiosa da sociedade brasileira, não é significativamente visível qualquer influência deles na dimensão urbanística e arquitetônica do país. Nos planos de nossas cidades, nos desenhos de seus bairros, na definição de um tipo de moradia. Günter Weimer, reconhecendo que "um dos capítulos mais difíceis de ser abordado é o da contribuição africana à arquitetura brasileira", acredita divisar tal influxo africano na configuração de Salvador. Acha ele que, enquanto "as ruas principais passaram pelo topo das colinas e eram reservadas aos senhores brancos", as encostas da cidade se encheram de negros, que ali "puderam fazer efusiva aplicação do traçado das cidades africanas". Bem, não há como comprovar e defender a tese. Mesmo porque os negros não ficaram concentrados nas encostas do sítio urbano. Distribuíram-se por toda a cidade. A Barroquinha, bairro predominantemente preto, é um vale. A Quinta das Beatas fica numa colina. E, nas encostas que desciam para o mar, viviam também pessoas de posses, como no bairro do Sodré. Nos calundus dos séculos 17 e 18, cujas descrições chegaram até nós, temos um culto de origem claramente africana - embora já sincretizado com elementos lusos (a cruz) e indígenas, no uso da carimã e de peles de animais brasílicos. Mas, no espaço físico em que o culto se implanta e se realiza, não encontramos a forma de um templo que nos leve, de modo direto ou indireto, a criações arquitetônicas da África Negra. O que se vê é a casa brasileira. Tome-se o exemplo do calundu encontrado em Porto Seguro, no ano de 1646. O rito acontecia à noite, na casa de um liberto chamado Domingos Umbata. E nada indica que a casa tivesse qualquer traço físico incomum. Que a linguagem de sua edificação a distinguisse na paisagem arquitetural da vila. E o mesmo se pode dizer dos calundus de Branca, que a Inquisição flagrou na Vila do Rio Real, também na Bahia, e Luzia Pinta, que funcionava nas cercanias de Sabará, em Minas Gerais, nas primeiras décadas do século 18. Essas casas são a "casa brasileira", de que nos fala o arquiteto Carlos Lemos - casas cujo centro, ao contrário da casa tipicamente lusitana e em resposta à nossa circunstância climática, já não é o fogão. O calundu acontecia numa casa corriqueira de tipo popular. O que havia de africano não estava em sua fachada ou no arranjo de seus cômodos. Mas no ritual. Ou seja: não se manifestava na materialidade arquitetônica, mas em dimensão simbólica. E isto vale também, posteriormente, para os terreiros de candomblé. Muniz Sodré acha que muito da organização dos palácios iorubanos foi incorporada na constituição de um terreiro como o Centro Cruz Santa do Axé do Opô Afonjá. Simbólica e ideologicamente, sim. Arquitetonicamente, não. Não há qualquer africanidade nítida, mas explícito lusitanismo tropicalizado, na casa de Xangô que sedia o terreiro. Basta comparar aquela casa com o santuário de Oxum em Oxogbô. Um altar em meio às árvores, onde o barro, o branco, a madeira e a palha desenham uma forma orgânica que nada tem de parecido a uma casa portuguesa, sugerindo, antes, formas sexuais femininas: clitóris, boceta, ovário. Um templo-vulva. Além de tudo, há um "detalhe" que os estudiosos não devem desprezar. Foi o antropólogo Renato da Silveira quem chamou minha atenção. É a Constituição Política do Império do Brasil, jurada, em nome da Santíssima Trindade, no dia 25 de março de 1824. Em seu artigo quinto, lemos: "A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular, em casas para isso determinadas, sem forma alguma exterior de Templo". Temos aí, ao mesmo tempo, uma permissão e uma proibição. A permissão se dá na dimensão simbólico-ideológica: permite-se a existência de religiões que não a católica. A proibição, por sua vez, incide sobre a expressão física dessas religiões, em termos de seus locais de encontro e rito. Não se pode ter forma alguma exterior de templo. É uma proibição arquitetônica. Os quilombos poderiam ter sido o único espaço para a materialização de um urbanismo e de uma arquitetura de extração africana. Mas não foram. Os nove arraiais de Palmares foram arraiais lusitanos. Os arraiais maiores chegaram a ter três e até quatro ruas, com as casas, cobertas de palma, alinhando-se lado a lado. No largo principal, no centro do povoado, ficavam os prédios do poder. A sede política do mandachuva local e a capela ou igreja. Sim: igreja, com imagens do Menino Jesus, de Nossa Senhora da Conceição e São Brás. No filme "Quilombo", de nosso querido Cacá Diegues, os palmarinos cultuam orixás. Histórica e antropologicamente, não faz sentido. Bantos não cultuavam orixás, mas inquices. Os orixás são uma criação iorubana. E, na época de Palmares, no século 17, ainda não havia iorubás na América Portuguesa. Eles só começaram a chegar bem depois, lá pelo final do século 18. Antes disso, a religião católica já se achava devidamente implantada em Angola, terra de origem dos negros de Palmares. Antonio Risério é poeta e antropólogo. Fonte:http://terramagazine.terra.com.br/in...etos+aqui.html
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#2 |
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Join Date: May 2008
Location: Belo Horizonte
Posts: 403
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o artigo é bastante interessante, tratando a arquitetura sob um ponto de vista histórico-antropológico, mas chega a uma conclusão que me parece desvalorizar uma característica fundamental da formação social brasileira, que é a miscigenação. confesso não ter amplo conhecimento sobre arquitetura, então gostaria de ver a opinião dos foristas em relação ao artigo e, também, no que toca à possível influência, negada pelo autor, da cultura africana na arquitetura brasileira - se é que de fato houve essa influência e se é que ainda podemos enxergá-la.
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#3 |
I wish you would
Join Date: Oct 2008
Location: Rio de Janeiro
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Posso estar enganado, mas também não vejo influência alguma dos negros na arquitetura brasileira. Mesmo porque, desde a escravidão, eles moravam em lugares medonhos
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#4 |
Keith
Join Date: Sep 2008
Location: Salvador
Posts: 2,102
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Antonio Riserio é um profundo conhecedor da historia de Salvador e do Brasil, se ele atesta que não houve influencia é por que não houve mesmo. Acho que os negros deixaram uma marca mais relevante na cultura de modo geral, nas artes, na musica, na culinaria, etc...
Mas muitos dizem que Fernando Peixoto se inspirou na estetica afro para projetar alguns predios que hoje fazem parte da paisagem urbana de Salvador... Mas isso já outra conversa.... Last edited by Trauss; March 27th, 2009 at 09:34 PM. |
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#5 |
Join Date: Nov 2004
Posts: 5,276
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Se, por exemplo, Salvador e Ouro Preto nao tiveram influencia. Entao...
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#6 |
Join Date: Nov 2004
Posts: 5,276
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Seria uma teoria furada essa pq os mouros que sao africanos influenciaram na arquitetura portuguesa (e mediterranea), durante a ocupacao da peninsula iberica.
A influencia se deu antes mesmo da colonizacao do Brasil. |
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#7 | |
I wish you would
Join Date: Oct 2008
Location: Rio de Janeiro
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#8 |
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Join Date: Nov 2002
Location: Belo Horizonte (originalmente...)
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Que tipo de "arquitetura" tinha nos locais onde os negros trazidos ao Brasil foram arrancados?
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#9 |
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Join Date: May 2008
Location: Belo Horizonte
Posts: 403
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![]() acho que dá pra encontrar algo sem precisar recorrer a um sentido mais amplo de arquitetura. havia e há, ainda, acho, a arquitetura de barro - com construções imensas inclusive -, a arquitetura capsular, aquelas em tecido também, por exemplo. há técnica e tradição que, provavelmente, são distintas daquelas de outros povos. o autor sugere um urbanismo peculiar africano também, mas não chega a caracterizá-lo.
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#10 |
Join Date: May 2008
Posts: 687
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Quem gosta de culpar raças pelas coisas é o lula...
eu não entro nesta discussão... |
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#11 |
Street Photographer
Join Date: Nov 2008
Location: Tokyo
Posts: 3,979
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Cara, na arquitetura eles podem até não ter influenciado em nada. Mas nas músicas e movimentos populares os negros comandam. Eles praticamente inventaram um dos maiores estilos de música contemporânea, o rock, o qual influenciou toda uma cultura pop que se estendeu além da música e do estilo de vida. Bo Diddley, Little Richard, Chuck Berry entre outros foram um dos maiores precursores dessa onda. Fora outros estilos, como o Funk (o original, claro), Soul, R&B... grandes nomes da música, Stevie Wonder, Herbie Hancock, James Brown e mais tarde Michael Jackson... todos esses caras contribuíram e muito com os estilos, músicas, bandas e cantores que ouvimos hoje. Eles deram uma cara nova à cultura popular. E são todos negros.
É questão de época, cultura. Nossos estilos arquitetônicos são baseados em ideais capitalistas e estilos de vida de madames e cavalheiros brancos, ricos. Há pouco mais de um século os negros eram apenas escravos. Hoje, temos um representante negro no mais importante trono do mundo. O que será que vem pela frente?
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Fotógrafo em Tóquio. Acesse: @charlesintokyo |
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#12 |
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Join Date: May 2008
Location: Belo Horizonte
Posts: 403
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mas há que se (má) politizar tudo nesse mundo? por deos.
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#13 |
Registered User
Join Date: Nov 2004
Location: River
Posts: 12,214
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Que eu saiba mesmo na Africa a arquitetura predominante tem influência européia...logo...
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#14 |
¬¬
Join Date: May 2008
Location: Belo Horizonte
Posts: 403
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![]() uai, mas até o movimento de neocolonização africana pelos europeus havia o quê na África em termos de arquitetura? porque foi somente neste período em que houve, de fato, maior influência no estilo de vida do continente. ou as técnicas utilizadas na construção de suas moradias, tribos e vilas até então, que seguem um padrão todo próprio, não chegam a ser, rigorosamente, arquitetura? enfim, só fiquei mesmo foi curioso em saber se havia algum tipo de influência na arquitetura brasileira, ainda que limitada a alguns aspectos pequenos, detalhes.
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#15 |
Registered User
Join Date: Feb 2009
Posts: 492
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E qual a influência dos indígenas na arquitetura brasileira?
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#16 |
Registered User
Join Date: Nov 2004
Location: River
Posts: 12,214
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"uai"...hahahaha que fofo! Mineiros são demais.
Mas então, sei lá..hahahahaha
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#17 |
Dura lex sed lex
Join Date: Jan 2009
Location: Saint Sauveur de la Baie de Tous les Saints
Posts: 963
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Se a arquitetura africana estiver caracterizada em alguma construção brasileira,muito provavelmente será reconhecida pelos traços árabes que podem existir em alguns edifícios,haja vista que,apesar da predominância no centro histórico de Salvador (por exemplo) ser colonial ou neocolonial,introduzidas pela colonização portuguesa,não devemos esquecer que Portugal sofrera uma grande interferência cultural em torno do séc. 7pelos mouros,povos do norte da África.Portanto,mesmo que escassa,sem muita notoriedade e indiretamente,a influência africana na arquitetura brasileira (se assim houver) deve estar associada a isso.
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#18 |
Registered User
Join Date: Jul 2004
Location: Belo Horizonte
Posts: 1,658
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Os africanos viviam em aldeias quando da colonização, num sistema social tribal e primitivo. Até onde sei eles não chegaram a desenvolver nenhum estilo arquitetônico digno de registro e reprodução, como os semitas, os europeus e os orientais. Nunca ouvi falar de nenhum edifício que tenha sido construído em 'estilo africano'.
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Sapere Aude |
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#19 |
Join Date: May 2008
Posts: 687
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#20 |
Piu Forte, porra!
Join Date: Aug 2006
Location: Friburgo - Niterói - Rio
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Da série "isso parece-me óbvio".
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Havemos de amanhecer. O mundo se tinge com as tintas da antemanhã e o sangue que escorre é doce, de tão necessário para colorir tuas pálidas faces, aurora. Carlos Drummond de Andrade |
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