A líder comunitária pretende ir embora
Presidente da associação das famílias que residem na Salgado Filho, Margarida quer mudar-se mas não acha quem compre o apartamento
O desprestígio da moradia no Centro encontra um dos seus melhores exemplos em Elda Margarida Resende de Leiva, 63 anos. Presidente da Associação de Moradores da Avenida Salgado Filho, ela não vê a hora de deixar a Salgado Filho. Fez várias tentativas ao longo dos últimos anos, mas não conseguiu se desfazer do apartamento de 92 metros quadrados com vista para o Guaíba.
- Tentei mudar para um bairro menos bagunçado em várias ocasiões, mas aqui não se consegue vender apartamento. No ano passado, coloquei o meu à venda por R$ 80 mil, mas aqui só sai por preço baixo, que não permite comprar nada em outro lugar - conta.
Margarida mudou-se há 55 anos de Bagé para o edifício Nice, um portento de 15 andares e 92 apartamentos. Na época, a Salgado Filho fazia parte de outra galáxia. Recém-construída sob a inspiração dos bulevares franceses, era repleta de lojas chiques. Como Margarida, muitos dos moradores eram filhos de fazendeiros do Interior que vinham à Capital para estudar.
Bulevar se transformou em rodoviária a céu aberto
Nos finais de tarde, ela escolhia um vestido bonito, maquiava-se, punha perfume e descia com as amigas para fazer o footing na Rua da Praia.
- As vitrinas ficavam abertas até as 23h, e havia confeitarias famosas. As moças caminhavam na calçada, paquerando com o rabo do olhos os rapazes de ternos e gravata parados no meio da rua - recorda.
O gatilho da degradação da Salgado Filho, afirma, foi sua conversão em rodoviária a céu aberto, no final dos anos 70. As 30 linhas de ônibus transferidas para o local transformaram o antigo bulevar em uma área barulhenta e repleta de filas de passageiros, bloqueando a saída dos prédios residenciais.
O movimento trouxe também os camelôs, incluindo um vendedor de batidas de cachaça que tornou a zona ponto de encontro de bêbados, e a marginalidade. Margarida relata que, horas antes de conceder entrevista a Zero Hora, havia testemunhado a relação sexual de um casal na calçada de seu edifício.
- À noite, não dá para dormir por causa das brigas, tiroteios e gritaria. Muitos moradores que eu conhecia ficaram saturados e foram embora. Meu prédio tem hoje uns 10 apartamentos vazios e outros tantos à venda - conta.

Presidente da associação das famílias que residem na Salgado Filho, Margarida quer mudar-se mas não acha quem compre o apartamento
O desprestígio da moradia no Centro encontra um dos seus melhores exemplos em Elda Margarida Resende de Leiva, 63 anos. Presidente da Associação de Moradores da Avenida Salgado Filho, ela não vê a hora de deixar a Salgado Filho. Fez várias tentativas ao longo dos últimos anos, mas não conseguiu se desfazer do apartamento de 92 metros quadrados com vista para o Guaíba.
- Tentei mudar para um bairro menos bagunçado em várias ocasiões, mas aqui não se consegue vender apartamento. No ano passado, coloquei o meu à venda por R$ 80 mil, mas aqui só sai por preço baixo, que não permite comprar nada em outro lugar - conta.
Margarida mudou-se há 55 anos de Bagé para o edifício Nice, um portento de 15 andares e 92 apartamentos. Na época, a Salgado Filho fazia parte de outra galáxia. Recém-construída sob a inspiração dos bulevares franceses, era repleta de lojas chiques. Como Margarida, muitos dos moradores eram filhos de fazendeiros do Interior que vinham à Capital para estudar.
Bulevar se transformou em rodoviária a céu aberto
Nos finais de tarde, ela escolhia um vestido bonito, maquiava-se, punha perfume e descia com as amigas para fazer o footing na Rua da Praia.
- As vitrinas ficavam abertas até as 23h, e havia confeitarias famosas. As moças caminhavam na calçada, paquerando com o rabo do olhos os rapazes de ternos e gravata parados no meio da rua - recorda.
O gatilho da degradação da Salgado Filho, afirma, foi sua conversão em rodoviária a céu aberto, no final dos anos 70. As 30 linhas de ônibus transferidas para o local transformaram o antigo bulevar em uma área barulhenta e repleta de filas de passageiros, bloqueando a saída dos prédios residenciais.
O movimento trouxe também os camelôs, incluindo um vendedor de batidas de cachaça que tornou a zona ponto de encontro de bêbados, e a marginalidade. Margarida relata que, horas antes de conceder entrevista a Zero Hora, havia testemunhado a relação sexual de um casal na calçada de seu edifício.
- À noite, não dá para dormir por causa das brigas, tiroteios e gritaria. Muitos moradores que eu conhecia ficaram saturados e foram embora. Meu prédio tem hoje uns 10 apartamentos vazios e outros tantos à venda - conta.