05/05/2007 - 10:02
Urbanização traz alterações a Imbassaí
Tássia Novaes
Vida pacata em Imbassaí está com dias contados
Tássia Novaes
*VEJA A GALERIA DE IMAGENS
Um projeto de urbanização promete alterar consideravelmente a paisagem da vila de Imbassaí, no Litoral Norte. Uma ciclovia com calçadão para pedestres será construída próximo à margem do rio Imbassaí, onde atualmente estão erguidas 17 residências de pessoas, que, embora não sejam nativos, estão no local há mais de 20 anos.
Paralelo ao projeto de urbanização, está sendo construída a Reserva Imbassaí, um lançamento imobiliário do grupo português Reta Atlântico. Cerca de R$ 220 milhões foram investidos no empreendimento que reúne, em uma área de 132 hectares, uma rede de hotéis com 850 apartamentos, além de unidades habitacionais de alto luxo com pólo temático de entretenimento.
A ciclovia e o calçadão que vão ser construídos na vila de Imbassaí servirão como meio de acesso para os turistas e hóspedes da Reserva. Os moradores mais antigos da vila devem ser retirados da beira do rio.
“Vai ser criada uma vila comercial dentro da Reserva Imbassaí. É um investimento privado, que busca gerar um corredor turístico com roteiro gastronômico e lojas”, explica Flávia Monteiro, assessora técnica da Secretaria de Planejamento de Mata de São João.
A novidade ecoa como um rebuliço nos ouvidos dos nativos e dos proprietários dos imóveis que precisam ser retirados da beira do rio. Eles não aceitam ter as casas removidas e temem que a urbanização abale a paisagem natural e, conseqüentemente, a tranqüilidade do local, onde sequer as ruas são asfaltas e o acesso à praia é feito por pontes de madeira.
“Vamos lutar até o fim para não tirarem nossas casas”, reluta Maria Helena Fróes, 68, uma das primeiras a construir casa na beira do rio há mais de 20 anos. “Quando chegamos aqui não tinha nem a estrada principal, encontramos a natureza praticamente virgem, sem luz elétrica inclusive. Querem fazer o mesmo que fizeram em Praia do Forte, ou seja, o nativo perde espaço para estrangeiros com dinheiro.”
Apesar da resistência, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Conder) considera inevitável a demolição das casas. Trata-se de uma Área de Preservação Permanente. Os imóveis deveriam ter sido construídos a uma distância mínima de 30 metros do leito do rio e isso não foi feito. “São construções irregulares. Precisam ser retiradas para não causar danos ao meio ambiente”, explica Lívia Maria Gabrielli, diretora de planejamento e habitação da Conder, referindo-se à lei n° 4.771/65 do Código Florestal Nacional.
Para que as famílias não fiquem sem teto, a prefeitura de Mata de São João oferece como garantia uma indenização, que possibilite a construção de novas casas em um outro lugar sem que seja necessário infringir as leis ambientais. “Propomos um plano de acordo com restituição do valor do imóvel ou então a família pode passar a ocupar uma casa popular construída pela própria prefeitura”, argumenta Monteiro.
Opostos à mudança, os proprietários alegam que os imóveis foram desvalorizados a fim de reduzir o valor da indenização. “Querem pagar uma quantia muito baixa”, diz Carlos Alberto Laudano, 51 anos. Dono de um terreno de 254 metros quadrados, Laudano aguarda propostas melhores. “Ouvi dizer que querem negociar o metro quadrado por R$ 0,69”, conta.
A Prefeitura não confirmou nem divulgou o valor da indenização. Apenas informou, por meio da Secretaria de Planejamento, que a remoção das casas é uma exigência do Banco Interam
Fonte:
http://www3.atarde.com.br/cidades/interna.jsp?xsl=noticia.xsl&xml=NOTICIA/2007/05/05/1074227.xml