A entrada da AGCO no mercado de colheitadeiras de cana-de-açúcar, previsto para 2010, e o lançamento da primeira colhedora de laranja desenvolvida no Brasil, projetada pela Jacto, devem acelerar ainda mais esse segmento que só no primeiro trimestre já registrou crescimento de 115% segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Entre as 22 empresas do Grupo AGCO, a colheitadeira deve ficar sob o chapéu da Valtra. Embora a Massey Fergusson também esteja na disputa pelo lançamento, a tradição da empresa no setor sucroalcooleiro a coloca como bandeira estrategicamente mais forte.
No segmento de tratores a participação da empresa abrange cerca de 70% das usinas. André Carioba, vice-presidente sênior da AGCO diz que a escolha ainda não foi feita, mas sinaliza a decisão. "Dentro do grupo vamos comercializar dentro da marca que foi mais oportuna".
A Valtra entrou no mercado de colheitadeiras em outubro de 2007 e hoje apresenta 2% de participação do mercado. As projeções da companhia apontam para uma venda da ordem de 100 unidades em 2008 e 250 no próximo ano. "Esperamos atingir de 8% a 9% do mercado", destaca Leandro Marsili, diretor de marketing da Valtra.
O executivo admite que com o lançamento previsto para daqui dois anos a empresa pode perder um importante momento de expansão, mas afirma que é o tempo necessário para oferecer um produto com diferencial. "Não existe no mercado hoje similar ao que estamos produzindo", diz.
Mesmo pertencendo a uma empresa do mesmo grupo Fábio Piltcher, diretor de marketing da Massey, afirma que vê a Valtra como uma concorrente na corrida pelo lançamento da colheitadeira de cana. "Também estamos desenvolvendo um produto diferenciado", destaca.
Com o mercado de tratores consolidado, detendo quase 60% de participação no Brasil, a entrada da AGCO em colheitadeiras também é movida pelo aumento da mecanização da cultura que só no estado de São Paulo aumentou de 305 para 40% em um ano e meio. A demanda é motivada pela antecipação de 2021 para 2014 da proibição da queima da palha da cana.
A expectativa de Carioba é de que a colheitadeira de cana, independente da marca na qual for lançada, leve o grupo a atingir 25% de participação na cultura. O executivo revela ainda que se o mercado permanecer aquecido a AGCO poderá construir uma nova fábrica para a máquina. "Com a demanda crescente pode ser mais fácil uma nova planta que ampliar alguma já existente".
O investimento ainda não foi definido e outra alternativa seria ampliar uma das unidades já existente no País, possivelmente a planta da Valtra em Mogi da Cruzes, em São Paulo. "Mogi é um lugar que está próximo da maioria dos clientes", destaca Coriola.
No primeiro ano de produção as vendas deverão atender apenas a demanda interna, mas com o ganho de escala a intenção é lançar o Brasil como centro de competência em cana-de-açúcar, exportando as peças para outras regiões atendidas pelo grupo.
Colheitadeira para Laranja
A Jacto, fabricante de produtos para a agricultura, anunciou o lançamento de uma máquina capaz de realizar a colheita da laranja com um índice de eficiência de 90%. O investimento da empresa para o desenvolvimento do equipamento foi de US$ 3 milhões em dez anos.
O produto é indicado para a colheita de frutos destinados à indústria para a produção de suco e é o primeiro do gênero lançado no País. A capacidade é de colheita de 32 toneladas por hora, considerando a operação de simultânea de duas máquinas, o que é indicado para otimizar a colheita. O preço sugerido para a venda do par de máquinas é de R$ 3,4 milhões.
O produto é dirigido aos grandes produtores, a grupos de citricultores que se reúnem para adquirir maquinarias e às empresas prestadoras de serviços", revela Walmi Gomes Martin, gerente de produtos da Jacto. Segundo ele, mesmo se tratando de um lançamento, a adaptação do produto foi rápida em virtude da utilização da mesma base empregada nas colheitadeiras de café. Disse que é importante que as laranjeiras passem por um processo de adequação com podas de galhos com menos de 60 centímetros em relação ao solo e altura limitada a cinco metros. Com isso, o índice de danos causados às laranjas fica em torno de 0,4% do total.
"A aquisição da máquina será feita apenas sob encomenda e deverá representar cerca de 3% do faturamento da empresa", prevê Martim Mundstock, diretor presidente da Jacto. Ele lembrou que a criação de máquinas automotrizes para culturas onde a colheita é feita tradicionalmente de forma manual é tradição da companhia, que lançou a primeira colheitadeira de café do mundo na década de 1970.
Para Mundstock, o salto na produção brasileira de café dos últimos anos está diretamente relacionado ao emprego de novas tecnologias e citou a cana-de-açúcar como exemplo mais recente dessa tendência. No estado de São Paulo, a mecanização dos canaviais já chega a 40,7%, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA).
"A empresa ainda espera lançar até meados de 2009 a colheitadeira de azeitonas, que atualmente é uma reivindicação dos produtores de Santa Maria (MG) e Pelotas (RS)", anunciou Mundstock. Segundo ele, o lançamento da máquina estimularia o aumento da produção nesses locais em virtude das melhores condições que proporcionaria na colheita. Explicou ainda que a idéia da máquina para os laranjais surgiu a partir de um pedido feito à empresa por um grupo de produtores e ainda revelou que existe um projeto do mesmo tipo para a colheita de uvas.
Em 2007, a companhia faturou R$ 500 milhões. As exportações foram responsáveis por 30% deste total. Para este ano, a expectativa é de que o faturamento aumente 20%.
Fonte: DCI Online