Leandro Calixto
A Cracolândia está avançando para a esquina mais famosa de São Paulo: o cruzamento da Avenida Ipiranga com a São João. Com a polícia fazendo um patrulhamento ostensivo entre as Ruas General Osório, Vitória e Guaianases, encontrar usuários de crack no novo endereço virou rotina, principalmente durante a madrugada.
Neste novo avanço da Cracolândia, a Rua do Boticário, paralela à São João, é o local onde mais se concentram os dependentes químicos. Na noite de quinta-feira, a reportagem encontrou ao menos 20 pessoas fumando crack nessa região. A Rua dos Timbiras, que também cruza a São João, é outro ponto de drogados. A Prefeitura estima que mais de 200 viciados perambulam pela região.
“Realmente os usuários de crack estão indo mais para a região central da cidade. Fazemos o que está dentro da lei. Quando alguém é autuado com droga, a gente leva para a delegacia. Mas infelizmente não podemos impedir o direito deles de ir e vir. E quanto mais fechamos o cerco, mais eles avançam para outras regiões”, afirmou o tenente Marco Aurélio Genghini, do 7º Batalhão da PM.
A migração já foi sentida por quem circula pela região. “Na semana passada, uma funcionária nossa foi atacada com uma barra de ferro por um “noia” (viciado em drogas). Ele nem quis o dinheiro dela. Só atacou porque estava drogado”, disse o gerente Ricardo Bensemana, do Bar Brahma. “Nosso segurança se aproximou, e ele já saiu correndo.” Por causa do cruzamento, imortalizado em Sampa, de Caetano Veloso, 70% do público que visita a casa é formado por turistas. “Quem é de fora tem a curiosidade de conhecer esse endereço.”
Acompanhando o marido para uma reunião de negócios, a veterinária gaúcha Sandra Pires disse que sempre quis conhecer essa esquina. “Percebi um certo abandono. As autoridades não cuidam dos moradores de rua”, disse a turista, que iria passar o final de semana na capital paulista.
O publicitário Roberto Carvalho concordou com a mulher. “Quando chegamos aqui, passamos em uma rua onde tinha um monte de gente usando drogas. A cena é chocante.”
Os comerciantes estão preocupados. O medo é que a área, que possui restaurantes, bares, hotéis e cinema, seja desvalorizada. “Investimos mais de R$ 8 milhões aqui. Por isso, esperamos que o poder público adote uma política de segurança e prevenção contra esse problema social”, afirmou o gerente de operações Playarte, Carlos Dionísio, que administra o recém-inaugurado Cine Marabá.
O vendedor David Fernandes, que trabalha numa banca de jornal no cruzamento, diz que, quando não dá dinheiro para os usuários de crack, sofre algum tipo de represália. “Eles xingam a gente. Outro dia, teve um garoto que tentou roubar um pacote de bala da banca. Tive que dar para não criar problemas. Caso contrário, eles vêm em bando e quebram nossa banca.” Segundo ele, perto da esquina, a pouco mais de 100 metros, havia uma base da PM que foi fechada há alguns meses.
O taxista João Batista Sodré está com receio de trabalhar na região. Toda noite, ele atende clientes do Bar Brahma. “É preocupante. Se não fizerem alguma coisa, acho que nosso movimento vai diminuir. Quem é de fora fica assustado. Principalmente quando vê essas pessoas andando em bando.”
O secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, reconhece o avanço de usuários de crack. “Esconderam tudo isso durante 40 anos. Quando a Prefeitura retirou esse grupo da Luz, o problema veio à tona”, disse. Para ele, os usuários não querem ajuda. “Eles precisam de tratamento psiquiátrico. Não temos como obrigar a ninguém se tratar.”
http://www.jt.com.br/editorias/2009/07/12/ger-1.94.4.20090712.16.1.xml
A Cracolândia está avançando para a esquina mais famosa de São Paulo: o cruzamento da Avenida Ipiranga com a São João. Com a polícia fazendo um patrulhamento ostensivo entre as Ruas General Osório, Vitória e Guaianases, encontrar usuários de crack no novo endereço virou rotina, principalmente durante a madrugada.
Neste novo avanço da Cracolândia, a Rua do Boticário, paralela à São João, é o local onde mais se concentram os dependentes químicos. Na noite de quinta-feira, a reportagem encontrou ao menos 20 pessoas fumando crack nessa região. A Rua dos Timbiras, que também cruza a São João, é outro ponto de drogados. A Prefeitura estima que mais de 200 viciados perambulam pela região.
“Realmente os usuários de crack estão indo mais para a região central da cidade. Fazemos o que está dentro da lei. Quando alguém é autuado com droga, a gente leva para a delegacia. Mas infelizmente não podemos impedir o direito deles de ir e vir. E quanto mais fechamos o cerco, mais eles avançam para outras regiões”, afirmou o tenente Marco Aurélio Genghini, do 7º Batalhão da PM.
A migração já foi sentida por quem circula pela região. “Na semana passada, uma funcionária nossa foi atacada com uma barra de ferro por um “noia” (viciado em drogas). Ele nem quis o dinheiro dela. Só atacou porque estava drogado”, disse o gerente Ricardo Bensemana, do Bar Brahma. “Nosso segurança se aproximou, e ele já saiu correndo.” Por causa do cruzamento, imortalizado em Sampa, de Caetano Veloso, 70% do público que visita a casa é formado por turistas. “Quem é de fora tem a curiosidade de conhecer esse endereço.”
Acompanhando o marido para uma reunião de negócios, a veterinária gaúcha Sandra Pires disse que sempre quis conhecer essa esquina. “Percebi um certo abandono. As autoridades não cuidam dos moradores de rua”, disse a turista, que iria passar o final de semana na capital paulista.
O publicitário Roberto Carvalho concordou com a mulher. “Quando chegamos aqui, passamos em uma rua onde tinha um monte de gente usando drogas. A cena é chocante.”
Os comerciantes estão preocupados. O medo é que a área, que possui restaurantes, bares, hotéis e cinema, seja desvalorizada. “Investimos mais de R$ 8 milhões aqui. Por isso, esperamos que o poder público adote uma política de segurança e prevenção contra esse problema social”, afirmou o gerente de operações Playarte, Carlos Dionísio, que administra o recém-inaugurado Cine Marabá.
O vendedor David Fernandes, que trabalha numa banca de jornal no cruzamento, diz que, quando não dá dinheiro para os usuários de crack, sofre algum tipo de represália. “Eles xingam a gente. Outro dia, teve um garoto que tentou roubar um pacote de bala da banca. Tive que dar para não criar problemas. Caso contrário, eles vêm em bando e quebram nossa banca.” Segundo ele, perto da esquina, a pouco mais de 100 metros, havia uma base da PM que foi fechada há alguns meses.
O taxista João Batista Sodré está com receio de trabalhar na região. Toda noite, ele atende clientes do Bar Brahma. “É preocupante. Se não fizerem alguma coisa, acho que nosso movimento vai diminuir. Quem é de fora fica assustado. Principalmente quando vê essas pessoas andando em bando.”
O secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, reconhece o avanço de usuários de crack. “Esconderam tudo isso durante 40 anos. Quando a Prefeitura retirou esse grupo da Luz, o problema veio à tona”, disse. Para ele, os usuários não querem ajuda. “Eles precisam de tratamento psiquiátrico. Não temos como obrigar a ninguém se tratar.”
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