Em 2011, o etanol celulósico, extraído do bagaço e
da palha da cana-de-açúcar, poderá ser utilizado em
escala pré-comercial no Brasil. Esta é a expectativa do
engenheiro bioquímico Jaime Finguerut, pesquisador
do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).
Os especialistas do CTC asseguram que está na obtenção
de enzimas capazes de reduzir os custos de produção
de etanol celulósico a chave do sucesso do mercado
mundial de biocombustíveis nos próximos anos.
"Nossa expectativa é de que já possamos usar o
etanol celulósico em escala pré-comercial daqui três
anos. Porém, o prazo para o uso do etanol de 2ª geração
em escala comercial plena vai depender do volume
de recursos para pesquisa. E isso pode demorar ainda
alguns anos", disse o especialista.
Finguerut afirma que o Brasil é o País que detém
as melhores condições técnicas, econômicas e ambientais
para produzir etanol, por conta da favorável relação
custo-benefício. O pesquisador foi um dos palestrantes
do Sugar and Ethanol Brazil 2008, realizado no
início de março, em São Paulo.
"Eu mostrei para os participantes do workshop que
a nossa tecnologia atual para produção de álcool é a
melhor do mundo. Porém não temos mais como evoluir,
sem que gastemos muito dinheiro para a obtenção
de pequenos ganhos", conta.
Para o engenheiro, os recursos disponíveis para
pesquisa podem ser melhor empregados em desenvolvimentos
"mais radicais, mais arriscados", como o etanol
celulósico (de 2ª Geração). "O Brasil tem condições
muito melhores do que o resto do mundo para isso. O
que nós precisamos é de mais investimentos. O CTC
conta com investimento privado do setor sucroalcooleiro
e estamos numa área de ponta nas pesquisas. Porém
precisamos de mais investimentos".
No ano passado, o CTC firmou parceria com a empresa
dinamarquesa Novozymes, uma das maiores do
mundo da área de biotecnologia, líder global na produção
de enzimas industriais. Com o protocolo de cooperação,
o CTC deverá prover o parque produtivo brasileiro
de etanol com as enzimas que surgirão da parceria
com a Novozymes. Em troca, a empresa dinamarquesa
terá acesso às tecnologias de produção de etanol
que vêm sendo pesquisadas no CTC, em Piracicaba, SP.
As enzimas - proteínas capazes de acelerar reações
químicas – são largamente utilizadas na fabricação
de bebidas, como cerveja e na indústria de panificação,
ração animal e outros produtos. Na produção
de etanol, o emprego de enzimas está associado à chamada
hidrólise enzimática, ou seja, a obtenção de álcool
combustível a partir do bagaço da cultura de
cana-de-açúcar.
Fonte: Jornal da Cana