“Eu vi o mundo... Ele começava no Recife”, antes que me julguem presunçoso, esclareço que a frase é o título de um painel do pintor pernambucano Cícero Dias (1903-2003). Artista premiado internacionalmente, tem suas obras espalhadas pelo Brasil e pelo Mundo.
Depois de um fim-de-semana de chuva, no Domingo finalmente o sol apareceu meio acanhado, mas arrisquei uma saída. O dia corria preguiçoso e mesmo na iminência de um novo temporal resolvi montar esse thread com fotos inéditas do Recife Antigo, como se isso fosse possível. Como é meu costume, vou seguir em ritmo de narrativa. Espero que gostem do que vão ver.
1. Como os antigos navegadores, desembarco no antigo Cais do Porto. Aqui começa o nosso passeio.
2. Em poucos passos chego ao Marco Zero, aqui nasceu a cidade do Recife.
3. Passando pelo Marco Zero, à direita sigo em direção à Torre Malakoff.
4. Antes de chegar à torre eu me detenho num dos sítios arqueológicos da Ilha do Recife. Durante escavações para a passagem de cabos de fibra ótica do Porto Digital, foram encontrados os alicerces da muralha que protegia a cidade durante a ocupação holandesa. Além da muralha foram encontrados cachimbos, fragmentos de louça, cerâmicas e utensílios holandeses do século XVII. Hoje a muralha foi transformada em museu a céu aberto.
5. Visão noturna da muralha.
6. Bem perto da muralha, chego à Torre Malakoff. Construída na época da heróica defesa de Sebastopol, durante a guerra da Criméia (1853-1855). Seu nome é uma homenagem ao foco de resistência em defesa da colina e da torre fortificada de Malakoff. Como a Malakoff inspiradora, a torre resistiu aos tempos e às mudanças, sendo a única parte que restou da edificação original.
7. Subindo a torre, paro no primeiro lance de escadas para observar a passarela sobre o atrium.
8. A subida é um pouco árdua, mas a visão que terei lá de cima com certeza compensará o esforço.
9. Paro um pouco para descansar e vejo minha cidade pela janela.
10. Subindo um pouco mais, chego ao topo e vislumbro o que foi um dos mais importantes observatórios astronômicos das Américas durante o século XIX. Hoje o espaço é ocupado para aulas e palestras sobre o assunto.
11. Passando através de uma das aberturas por onde os telescópios apontavam para o céu, chego a área externa da torre, com sua cúpula que lembra construções mediterrâneas.
12. Aqui eu poderia imaginar que estou numa ilha grega.
13. Mas o Recife me lembra onde estou e não acho isso ruim.
14. Daqui posso ver o que se passa lá embaixo. Hoje é o dia da feirinha de artesanato da Rua do Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus.
15. Também posso ver, sobre os arrecifes, a Coluna de Cristal do artista plástico Francisco Brennand, além de uma parte dos antigos armazéns do Cais do Porto.
16. Vejo também belas construções em estilo eclético.
17. Já escureceu e eu desço para ver a torre toda iluminada.
18. Lá no alto eu vejo seu relógio, parado no tempo como a própria torre. Mas quem precisa saber da hora? Recife é para se conhecer sem pressa.
19. Saio da Torre Malakoff e sigo até a Rua do Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus. A rua continua homenageando o Povo de Judá através de seu mais famoso representante: Jesus.
20. Volto-me para a Praça do Arsenal da Marinha e vejo em seu entorno o Teatro de Mamulengo, que também faz as vezes de bar.
21. Sigo em frente até a Rua do Apolo.
22. Na esquina vejo essa viela.
23. Então eu me volto em direção ao Cais do Porto. Passando pela Rua da Guia, onde ainda posso apreciar um ensaio de maracatu. Meu Recife é assim, cultura em toda parte e a qualquer hora.
24. Ainda na Rua da Guia, vejo a suntuosidade de uma bela construção em estilo eclético.
25. Chego à Avenida Rio Branco e me encanto com as luzes realçando a beleza arquitetônica desse prédio.
26. Quase finalizando o nosso passeio, estou de volta ao Marco Zero. A praça, com a rosa dos ventos de Cícero Dias ao centro, fica ainda mais linda quando anoitece.
27. Como todo navegador, tenho que partir.
28. Na minha partida não posso deixar de dizer: Eu vi o mundo... Ele começava no Recife.