Público, 2005-03-05
Fonte monumental da Alameda reactivada em Setembro
Inês Boaventura
Recuperação orçada em 1,2 milhões de euros inclui pintura de painéis nos dois torreões e restaurante no terraço
As obras de recuperação e reabilitação da fonte monumental e dos jardins da Alameda D. Afonso Henriques, que incluem a reposição da pintura dos painéis em baixo-relevo a toda a altura dos dois torreões, conforme o original do escultor Jorge Barradas, e a construção de um restaurante no terraço, devem ficar concluídas no final de Setembro.
A intervenção contempla o restauro do monumento inaugurado em 1948, a sua recuperação estrutural e a remodelação dos jardins, num investimento de cerca de 1,2 milhões de euros. Destes, à volta de 560 mil são suportados pelo Metropolitano de Lisboa, como contrapartida pela ocupação provisória de terreno municipal, durante a construção do nó da Alameda, e a título permanente com grelhas de ventilação e saídas dos elevadores.
\"Saía mais barato fazermos uma fonte nova, mas faz mais sentido preservar a memória histórica da cidade. Vale a pena o investimento realizado para manter as duas grandes fontes monumentais de Lisboa\", considera o vereador do Espaço Público da Câmara de Lisboa, António Monteiro, referindo-se também à estrutura da Praça do Império, reactivada em Julho de 2004, depois de um investimento de 700 mil euros.
A fonte da Alameda tinha sido desactivada pela autarquia em Julho de 2002, na sequência da morte de dois cães por electrocussão, episódio que levou também à demissão do responsável pela Direcção Municipal de Intervenção Local. Admitindo que existiam \"graves problemas de segurança\" no local, o vereador salienta que o sistema eléctrico vai ser integralmente substituído.
A conclusão dos trabalhos, que chegou a ser anunciada para o corrente mês de Março, foi agora agendada para o final de Setembro. \"Está um bocado atrasado\", admite Manuel Saldanha, da Divisão de Fiscalização e Controlo do Espaço Público, acrescentando que os trabalhos em curso no momento se prendem com o restauro do exterior do edifício. Só depois de concluído se avançará para o interior do complexo monumental, com intervenções ao nível das drenagens e da instalação eléctrica.
\"O monumento não terá recebido, até à data, nestes 54 anos de existência, quaisquer obras de manutenção ou conservação\", lê-se na documentação reunida em 2002 pela câmara para enquadramento das intervenções. \"Todos os elementos do conjunto arquitectónico-artístico em presença mostram um maior ou menor grau de degradação perceptível\", acrescenta-se, atribuindo a situação a \"movimentos estruturais ocorridos no decurso do tempo\", que se traduziram inclusivamente no abatimento de terras, \"eventualmente agravados com as recentes escavações do metro\".
Projectado por Carlos Rebelo de Andrade, o complexo monumental apresenta dois corpos avançados nos extremos, que albergam a maquinaria e cujas fachadas ostentam baixos-relevos verticais, da autoria do escultor Jorge Barradas. A recuperação inclui a reposição da pintura dos painéis, \"cuja tinta desapareceu quase por completo\", como sublinha Manuel Saldanha, e que é considerada pela autarquia como \"essencial à compreensão do monumento, tal como foi concebido\".
A lista de intervenções contempla ainda a reconstrução, em betão, do lago rectângular existente no terraço, a instalação de um restaurante no mesmo local, a substituição das escadas que lhe dão acesso e a construção de uma rampa para tornar mais acessível o patamar. Quanto à pedra da fachada, à estatuária e às tubagens e bombas que alimentam a fonte luminosa, a ideia é restaurar os elementos originais.
O objectivo das obras, resume a autarquia, é \"contribuir para recuperar a dignidade exemplar\" do remate da Alameda D. Afonso Henriques e \"conquistar para o uso da colectividade um espaço que pela sua inserção no tecido urbano e pelas características orográficas do sítio se apresenta como um ponto singular, altamente privilegiado na oferta de espaços públicos de lazer e contemplação\".
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