Gaia espera Cerâmica das Devesas classificada até ao final do mês
O presidente da Câmara de Gaia disse este sábado ter o compromisso da Direção Geral do Património de que a Cerâmica das Devesas será classificada até ao final do mês, após o que arranca o “grande projeto” de um museu.
“Há o compromisso [da Direção Geral do Património Cultural e da direção regional] de que até ao fim do mês de março temos uma resposta da classificação”, afirmou à agência Lusa Eduardo Vítor Rodrigues à margem da cerimónia de entrega de habitações para vítimas de violência doméstica.
Para o autarca “o fim do mês de março” é o limite após o que a câmara irá “tomar medidas, classificando o que tiver a classificar, quer o património físico quer o espaço memória” e avançará com os procedimentos necessários para, em articulação com os proprietários, “salvaguardar os azulejos e as fachadas” e reconverter o edifício no “grande projeto do museu da cerâmica”.
“É a data limite que temos que assumir porque de outra forma isto é uma situação humilhante para toda a gente e as instituições ficam mal nisto tudo. Ninguém compreende que ao fim de 30 anos se continue a falar deste assunto sem se fazer nada”, criticou o socialista.
Em janeiro, a Câmara de Gaia instou o secretário de Estado da Cultura a pronunciar-se com “urgência” sobre as medidas para salvar a Fábrica da Cerâmica das Devesas, em risco de ruína e a aguardar classificação desde 1991.
Na missiva enviada para Jorge Barreto Xavier, Vítor Rodrigues pedia que o governante se pronunciasse “com urgência sobre as medidas que devem ser adotadas no conjunto de edifícios da Antiga Cerâmica das Devesas, nomeadamente aquelas que se revelem necessárias a garantir a sua segurança e estabilidade”.
O autarca destacava mesmo que o “estado de degradação do imóvel se tem vindo a acentuar de forma rápida e grave” e que “se continua a verificar a ocorrência de furto de materiais, designadamente vigas de ferro que integram a estrutura do imóvel”.
Dias depois houve uma reunião entre a autarquia e a direção Geral do Património que “avaliou a situação”, após o que “foram tomadas medidas preventivas para evitar demolições, nomeadamente o encerramento com blocos do acesso ao interior da cerâmica”, contou este sábado o autarca.
Já a reunião com a secretaria de Estado será feita em “momento mais oportuno” que Vítor Rodrigues espera ser o da classificação, no final do mês.
Uma das mais importantes do país
Cofundada em meados da década de 1860 por José Teixeira Lopes, a Fábrica de Cerâmica das Devesas terá sido uma das mais importantes do país, dominando no início do século XX a produção de azulejos, estátuas e ornamentação cerâmica, artefactos em ferro fundido, cantarias de mármore, entre outros produtos.
A história da classificação do imóvel remonta a 1985/86, tendo obtido despacho de abertura pelo então IPPAR (Instituto Português do Património Arquitetónico) em 15 de janeiro de 1991, que caducou em 29 de maio de 2013 e levou à abertura de um novo procedimento de classificação.
Vinte anos volvidos desde que a própria fábrica cessou funções, do interior do edifício (que ocupa um quarteirão mesmo junto à estação de comboios das Devesas) já pouco resta, depois de sucessivas pilhagens e vandalismo às peças, moldes, telhas e azulejos que ainda lá se encontravam.
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