Noticia da Gazeta do Povo (maior jornal de circulação de Curitiba e do PR):
Trem-bala ligará Curitiba a SP e BH
Ministério dos Transportes inclui capital paranaense em nova linha do trem de alta velocidade
Publicado em 14/05/2008 | Themys Cabral, com Agência Estado
Curitiba está incluída, desde ontem, nos planos do trem-bala do governo federal. O Ministério dos Transportes anunciou que – além da primeira linha prevista, ligando São Paulo a Rio de Janeiro e Campinas – uma segunda linha faz parte agora do Plano Nacional de Viação. O itinerário ligará Curitiba a Belo Horizonte, passando por São Paulo, num percurso de 1.150 quilômetros.
O Plano Nacional de Viação é o documento oficial que lista os investimentos que podem vir a ser feitos pelo governo no setor de transportes. “No momento, o governo está focado no projeto do trem-bala Rio–São Paulo–Campinas, mas é de se imaginar que uma vez implantada esta linha, o governo estude uma modelagem para a ligação Belo Horizonte–Curitiba”, declarou o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio de Oliveira Passos.
Oliveira Passos evitou mencionar prazos, ressaltando que o segundo trem-bala não deve entrar, por enquanto, no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A segunda linha passaria, em Minas Gerais, por Divinópolis, Varginha e Poços de Caldas; em São Paulo por Campinas, São Paulo, Sorocaba, Itapetininga e Apiaí; e no Paraná, por Curitiba.
IEP
Antes mesmo de o governo federal anunciar a medida, um grupo de 15 engenheiros paranaenses já vinha trabalhando voluntariamente há cerca de três anos em um projeto de trem-bala entre Curitiba e São Paulo. O projeto, desenvolvido pelo Instituto de Engenharia do Paraná, prevê que o trem partiria de hora em hora, das 6 às 22 horas, todos os dias das duas capitais. Cada comboio teria capacidade de transportar 400 passageiros ou 17 toneladas de carga por eixo (cada vagão teria dois eixos e o comboio seria composto por oito vagões e duas locomotivas). A velocidade do trem-bala chegaria a 300 quilômetros por hora e a viagem de 360 quilômetros seria feita em apenas 100 minutos.
O trem de alta velocidade pode ser uma alternativa mais rápida para quem, hoje, faz o trecho de carro, ônibus ou avião. De ônibus, o percurso é feito em pouco mais seis horas. De carro, em cinco horas. De avião, contando-se o check-in, gastam-se cerca de 100 minutos. “Para viajar de avião é necessário se deslocar até o aeroporto. Com o trem de alta velocidade, a pessoa vai poder embarcar no centro de Curitiba e desembarcar no centro de São Paulo”, afirma o vice-presidente da União Internacional das Ferrovias para a América Latina, Samuel Gomes. A estimativa dos engenheiros é que seriam necessários cerca de 6 bilhões de dólares para a implantação do trem-bala no trecho Curitiba–São Paulo. A linha Rio–São Paulo–Campinas está estimada em US$ 9 bilhões.
De acordo com o presidente em exercício do IEP, Jaime Sunyé, a implantação de um trem-bala no trecho ajudaria a desafogar os aeroportos paulistas. Para o coordenador do projeto, Jurimar Cavichiolo, outro ponto positivo é a segurança deste tipo de transporte. “O primeiro trem-bala foi implantado no Japão, em 1964. Até hoje, não se registrou nenhuma morte em nenhum dos países que utilizam o sistema”, afirma.