Diário da Manhã
Goiânia, 03 de maio de 2008
Meirelles tem apoio do PP para sucessão
O Partido Progressista é o destino do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, de olho nas eleições estaduais de 2010. Transitando entre o Planalto e o Palácio das Esmeraldas, Goiás teria sido o Estado escolhido pelo ex-deputado tucano para concretizar seu próximo projeto político, que tem como foco alcançar o mais alto cargo executivo de um Estado. A outrora especulação foi confirmada ao Diário da Manhã por membros do próprio PP em Goiás que não quiseram se identificar.
“O partido sempre esteve aberto para Meirelles. Já ouvi isso do próprio presidente (Sérgio Caiado), que fez o convite já algumas vezes ao presidente do Banco Central”, afirmou um pepista. A aproximação do presidente do BC ao partido do atual governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP), causaria no mínimo uma ruptura com o PSDB de Marconi Perillo. O tucano já sinalizou a intenção de voltar ao governo em 2010. Os indícios são de que o próprio governador de Goiás estaria articulando a entrada de Meirelles em sua legenda.
Em publicação no blog do jornalista Josias de Souza ontem e em matéria da Folha Online, a notícia sugere inclusive o envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que Meirelles teria “informado a Lula que deseja disputar o governo de Goiás, seu Estado natal, nas eleições de 2010”. Na conversa, o presidente do BC teria “recolhido do chefe palavras de estímulo” e um pedido: para que fosse “discreto em suas articulações”.
O presidente do PP em Goias, Sérgio Caiado, preferiu manter o discurso de que “ainda é cedo para falar sobre eleições de 2010”, mas acabou sugerindo a abertura do partido ao novo aliado. E não poupou elogios. “O Meirelles é bem-vindo em qualquer partido, não só no PP. Pelo trabalho que ele tem feito no Banco Central... É o melhor presidente de Banco Central do mundo, e é goiano. É motivo de orgulho pra todos”.
Respeitado por unanimidade, Meirelles é visto e almejado hoje até pela oposição. Ouvidos pelo DM, representantes tucanos e peemedebistas teceram elogios ao economista-político, confirmando a provável sucessão do presidente do BC para o lugar do governador Alcides Rodrigues (PP), mas não descartam a possibilidade de Meirelles se unir a suas legendas para a disputa de 2010.
Do lado peemedebista, o líder da oposição na Assembléia Legislativa, deputado José Nelto, vê com engrandecimento o ingresso de Meirelles no partido de Alcides de olho na sucessão estadual, e afirma que o PMDB não sofreria “nenhum receio” com a candidatura inesperada do presidente do BC. “Meirelles como candidato enobrece a disputa eleitoral em Goiás. Melhoraria até o nível da disputa”, disse. E sugere inclusive a possibilidade de aliança de Meirelles com o PMDB: “O doutor Henrique pode ser o nome até do PMDB. Ninguém sabe. 2010 ainda está muito longe”.
No mesmo tom, o deputado tucano Daniel Goulart questionou o preparo político-administrativo de Meirelles para liderar um Estado: “ele não conhece o caminho da roça, os problemas periféricos do Estado. Mas toda candidatura tem que ser respeitada”, disse. Todavia, o defensor fiel de Marconi Perillo acabou cedendo quanto às qualidades do presidente do BC, e salientou que levar para o cenário eleitoral richas pessoais seria um erro. “O mais importante é ter um projeto para Goiás, e não um movimento antilíderes. A gente condena esses movimentos anti-marconi, antiqualquer líder. Mas ele seria um quadro forte para o PP, aliás, com a competência dele, ele seria um quadro forte para qualquer partido, inclusive para o PSDB”.
A movimentação em Goiás em torno de Meirelles teve início no final de 2007, quando o presidente do BC recebeu um jantar oferecido por lideranças da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), que o homenagearam pelo título de “melhor presidente de Banco Central do mundo”, divulgado pela revista EuroMoney. Em abril, Meirelles foi a Catalão e recebeu mais homenagens da Assembléia Legislativa.
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