Investidor estrangeiro aplica em imóveis de BH
Aquecimento do mercado brasileiro e da capital, que dá o dobro de lucro, comparado a outros países, faz proliferar prédios construídos por empreendedores de fora do BrasilGeórgea Choucair - Estado de Minas
Euler Júnior/EM/D.A Press
"A rentabilidade sobre o capital investido em imóvel aqui está em torno de 12% ao ano. É um ganho que não existe em nenhum país. Na Espanha não supera 5%" - Jaime Palazuelo, empresário espanhol
Os prédios comerciais, residenciais, habitações populares e shopping centers dos grandes centros brasileiros estão sendo vistos com outros olhos pelos investidores estrangeiros. Eles agora apostam nesses empreendimentos como bom destino para aplicar – e fazer render – o dinheiro. Americanos, árabes e europeus começam a circular pelas ruas das capitais atrás de empreendimentos imobiliários e potenciais sócios para levantar edifícios. O motivo é um só: o aquecimento do mercado de imóveis brasileiro, que chega a ter o dobro da rentabilidade de outros países.
A crise dos empréstimos imobiliários (subprime) nos Estados Unidos levou os investidores internacionais a buscar em outros mercados de atuação. Na esteira do mercado americano, o setor imobiliário espanhol também está em crise, com baixa rentabilidade para investidores. Na Espanha, as imobiliárias chegam a oferecer prêmios para quem conseguir vender uma casa ou apartamento, que vão desde carros zero quilômetro até pagamentos de um ano de salário.
Já no Brasil, o cenário é inverso: há escassez de imóveis, os preços estão em alta e os bancos registram recorde de crédito e financiamento imobiliário a cada mês. Com o terreno brasileiro mais atrativo, o país se tornou o 11º que mais recebeu investimentos estrangeiros no setor imobiliário no ano passado, com cerca de US$ 14 bilhões, segundo dados da consultoria Cushman & Wakefield. O volume é 143% maior que o recebido no ano anterior. Entre os emergentes, apenas a China teve desempenho melhor: recebeu US$ 15 bilhões.
O investimento em imóveis comerciais ao redor do mundo totalizou US$ 930 bilhões em 2007, um crescimento de 29% em relação a 2006, segundo o levantamento da Cushman. Os executivos da consultoria afirmam que os investidores estrangeiros devem se tornar cada vez mais importantes no mercado global ao longo de 2008, pois procuram retornos mais elevados e diversificação para reduzir os riscos de seus investimentos.
O espanhol Jaime Palazuelo fincou os pés no mercado imobiliário de Belo Horizonte. Ele é dono da Ibira Imobiliária. A empresa começou o negócio há cinco anos na capital, com a revitalização de áreas comerciais. No ano passado, expandiu a atuação e fez a transformação de um prédio comercial em unidades residenciais, em parceria com a construtora mineira Diniz Camargos. O edifício, antigo prédio administrativo da Vale, foi transformado para apartamentos residenciais. Tem 14 andares com 167 unidades. A obra consumiu investimentos de R$ 8 milhões, sendo que a Ibira ficou com 23% do negócio. “Logo depois que compramos o prédio, a Ibira fez a proposta de parceria”, afirma Teodomiro Diniz Camargos, diretor da Diniz Camargos.
O próximo passo da Ibira é construir um empreendimento comercial na região da Linha Verde, em terreno de 5 mil metros quadrados. “Os investidores internacionais estão acreditando no futuro da economia brasileira. A rentabilidade sobre o capital investido em imóvel aqui está em torno de 12% ao ano. É um ganho que não existe em nenhum país lá fora. Na Espanha não supera 5% ao ano”, afirma Palazuelo.
Na semana passada, Sam Zell, um bilionário americano do setor imobiliário, disse que preferiria realizar seus próximos investimentos no Brasil, devido à expectativa positiva sobre a economia do país nos próximos anos. "Eu compraria no Brasil. O país tem a chance de, em 30 anos, se tornar uma potência econômica maior que a China", afirmou.
A construtora mineira Direcional, que atua na área de empreendimentos populares e de médio padrão, passou a ter um novo sócio em março deste ano. Vendeu 25% do seu capital para o Tarpon Investment Group, que administra fundos com investidores nacionais e estrangeiros, em negócio de R$ 250 milhões. Os estrangeiros também viraram sócios da mineira Tenco, que atua na área de desenvolvimento, planejamento, gerenciamento e administração de shoppings. A empresa vendeu 50% do capital para a norte-americana CBL Properties Associates, com quem faz parceria também para investimentos em shopping no país. A mineira MRV é outro alvo de investidores de fora. No fim de 2006, 16,7% das ações foram vendidas para o fundo inglês Autonomy.