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Juiz de Fora - História da verticalização da cidade

7205 Views 15 Replies 13 Participants Last post by  Rio atrato
Saiu hoje em um jornal local um texto interessantíssimo sobre a verticalização de Juiz de Fora. É um pouco longo, vou postar o texto e logo em seguida vou colocar algumas imagens garimpadas na net e no próprio SSC. :cheers:

A história vista de cima
Fonte: Tribuna de Minas - 04/05/2008

Há 60 anos, Juiz de Fora parava para assistir a inauguração de um edifício. Tratava-se da primeira construção da cidade a alcançar a impressionante marca de 12 andares, o Baependy. Esse prédio, cuja fachada acaba de ganhar nova pintura, foi o pioneiro de uma série de arranha-céus que marcaram o processo de verticalização da cidade e modificaram definitivamente a paisagem do Centro. Além da altura, o ousado empreendimento inovava, também, por ser totalmente dedicado a salas comerciais. Nas palavras do arquiteto Jean Kamil, a presença de um arranha-céu na Rua Halfeld simbolizava o domínio das técnicas de engenharia e a concretização do progresso. “Essa é uma forma de dizer que há desenvolvimento na minha cidade”, resume.

A inauguração do Baependy, em 16 de maio de 1948, foi noticiada em jornais como “O Globo” e a “Gazeta Comercial” como um acontecimento que antecipava em dois anos o início das comemorações do centenário de emancipação política de Juiz de Fora. Na época, nem mesmo na capital mineira, Belo Horizonte, havia prédio tão alto. Pouco mais de um ano depois, em 31 de maio de 1949, era inaugurado o Edifício Primus, também com 12 andares, mas destinado à ocupação residencial. Ambas edificações foram projetadas pelo engenheiro Deusdedit de Paula Teixeira Salgado, proprietário da Construtora Salgado S.A.

A presença desses dois arranha-céus, aliás, gerou uma perspectiva curiosa no Centro de Juiz de Fora. Ao lado de sobrados e casas de um andar, conviviam dois verdadeiros gigantes de concreto. Uma foto panorâmica, tirada poucos dias após a inauguração do Primus, mostra como os dois prédios destoavam do restante das construções.

Superação tecnológica
“Na época, a construção daquele edifício era considerada uma loucura do meu pai”, conta Carlos Alberto Salgado, filho de Deusdedit Salgado, que tinha apenas 12 anos de idade quando o prédio foi inaugurado. O engenheiro recorda um episódio curioso em relação a seu avô materno, o fazendeiro Francisco Evangelista Fonseca: ele foi procurado por conhecidos que pediam para que convencesse seu genro a não fazer o prédio. O grupo considerava improvável que um edifício daquela altura se mantivesse de pé. O medo era que o empreendimento terminasse em tragédia. (...)
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Reformas
Nesses 60 anos, o edifício passou por algumas reformas para resistir aos estragos do tempo e se adequar funcionalmente às novas necessidades. O revestimento do chão, mosaico do tipo português, foi substituído por piso frio. Os vidros martelados das janelas deram lugar a vidros fumês. O hall de entrada ganhou nova versão por força da lei de acessibilidade, com instalação de uma rampa e colocação de piso antiderrapante. O ambiente, entretanto, mantém o revestimento de mármore de Carrara nas paredes. As placas, inclusive, receberam polimento recentemente, restaurando o tom rosado da época da inauguração.

O elevador do edifício também não é original. O modelo antigo, que ainda contava com portas pantográficas, foi trocado por um mais moderno há cerca de 20 anos. A escolha da cor amarela para a fachada, segundo Joacy, é para dar mais visibilidade ao prédio. De acordo com o síndico, embora o edifício não siga uma tendência arquitetônica específica, alguns detalhes de seu interior foram inspirados no estilo art déco. Esse tipo de arquitetura está presente nas colunas arredondadas, no pé direito alto e no mármore usado no hall de entrada.
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A partir de 1950, prédios ganham destaque no Centro

Uma das explicações para o crescimento vertiginoso de arranha-céus nas décadas de 50 e 60 na cidade, segundo o arquiteto Jean Kamil, está no código de obras vigente na cidade entre 1938 e 1987. A lei estabelecia um gabarito mínimo para a construção de edifícios na Rua Halfeld. Isso significa que, nessa época, tornou-se proibido a edificação de prédios com menos de 11 pavimentos nessa via. A intenção da medida, segundo Kamil, era incentivar a construção de grandes edifícios para satisfazer a demanda de moradias no Centro e incrementar a arrecadação de impostos nessa área.
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Com 28 andares, o Centro Empresarial Alber Ganimi é, atualmente, o edifício mais alto da cidade. No prédio, localizado na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Espírito Santo, funcionam 160 salas, além de salões e andares inteiros ocupados por departamentos de empresas e bancos. Todo esse tamanho resulta em um fluxo diário de até cinco mil pessoas. De acordo com o síndico, Ângelo Tarocco, quando foi inaugurado, em 1990, alguns andares ainda estavam incompletos, e as obras prosseguiram por quase um ano.
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Fotos garimpadas em outro thread
Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=586588

Se nao me engano, é essa a foto mencionada na reportagem, que foi tirada logo após a inauguração do segundo edifício de Juiz de Fora, em maio de 1949. O prédio fininho mais em cima é o Baependi, de 1948, e o maior, embaixo, é o Primus, de 1949. Ambos com 12 andares:



Foto de 1951, apenas 3 anos após a construção do edifício baependi (que nem aparece na foto pois está escondido atrás dos outros predios), já mostra vários edifícios. Parece que a cidade viveu um boom nessa época. No centro da foto, em destaque, o Edifício Clube Juiz de Fora, cujas obras se iniciaram em 1950. Em estilo modernista, possui 16 andares e pé direito com mais de três metros, e até hoje impressiona quem passa pela Rua Halfeld:



Foto atual, mostrando os dois primeiros arranha-ceus de JF. Os edificios antes imponentes, hoje quase desaparecem no meio da densa região central da cidade:

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Bela matéria, Juiz de Fora foi uma cidade de vanguarda até meados do século XX, isso se refletia tb nas construções e no urbanismo, a Rio Branco com a faixa central cortada por bondes deveria ser maravilhosa.
Valeu por relembrar esse meu thread que acho que ficou bem interessante!

Juiz de Fora - Histórica - Atual - em Sépia e P&B
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=586588
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Juiz de Fora até a metade do séc. XX era uma cidade de vanguarda mesmo, depois parece q se "perdeu", ñ sei onde eu li, mas se Juiz Fora tivesse mantido o ritimo de expansão da primeira metade do séc. XX seria uma cidade bem parecida com Campinas hj, uma pena ela ter se "perdido" nos anos posteriores.
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Muito interessante o thread!
Gostei muito de saber dessa parte importante da história da cidade de Juiz de Fora!
A inauguração do Baependy, em 16 de maio de 1948, foi noticiada em jornais como “O Globo” e a “Gazeta Comercial” como um acontecimento que antecipava em dois anos o início das comemorações do centenário de emancipação política de Juiz de Fora. Na época, nem mesmo na capital mineira, Belo Horizonte, havia prédio tão alto. Pouco mais de um ano depois, em 31 de maio de 1949, era inaugurado o Edifício Primus, também com 12 andares, mas destinado à ocupação residencial. Ambas edificações foram projetadas pelo engenheiro Deusdedit de Paula Teixeira Salgado, proprietário da Construtora Salgado S.A.
Interessante a reportagem.
Gosto de ler esses relatos históricos.

Mas há um equívoco. A reportagem fala que na época da inauguração do Ed. Baependy (1948) nem mesmo em BH havia edifícios dessa altura.

No final da década de 30 em BH já havia vários edifícios maiores que esse.
Em 1948 já estava pronto em BH o edifício Acaiaca, com 30 andares e 120m de altura.

Juiz de Fora foi pioneira, mas na verticalização do interior de MG.
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Também gostei da matéria, bastante coesa..... parabéns a Juíz de Fora! A cidade merece o que há de melhor na vida! :)
Esse tópico fica melhor no Arquitetura e Discussões Urbanas.
Interessante a matéria, principalmente a comparação entre a foto de 1949, mostrando os dois primeiros prédios, e a atual, mostrando os dois "perdidos" no meio dos outros. :)
Muito interessante a matéria, Juiz de Fora têm uma belíssima densidade e é um grande pólo regional.
Foi um crime tremendo

Juiz de Fora tinha um dos mais belos patrimônios ecléticos do interior de Minas, senão o mais belo do estado

e foi quase tudo perdido a troco de caixotinho e caixotão

embora JF seja uma excelente cidade pra se viver e trabalhar, turisticamente e paisagisticamente é muito sem graça
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