Apenas uma empresa participou da tomada de preços para a obra
O Centro Popular de Compras, solução encontrada pela Prefeitura de Manaus para abrigar vendedores ambulantes da Praça da Matriz, caminha para ser uma realidade com a definição da empresa que vai cuidar da adequação do prédio JG Araújo, na avenida Sete de Setembro. Única a apresentar proposta, a Ecovec Consultoria, Construção e Comércio LTDA é que vai cuidar das obras da primeira fase do CPC, que compõe o Pavilhão JG Araújo com capacidade para 154 boxes – no total eles serão 310 boxes
O Centro de Compras faz parte do projeto Centro Vivo,, que prevê uma reforma geral do Centro de Manaus. O prédio onde ficará o pavilhão JG Araújo fica localizado em frente a antiga sede da Câmara Municipal e será todo adequado para receber os vendedores com infra-estrutura de banheiros, praça de alimentação, saneamento básico, serviço de água e energia elétrica e proteção de sol e chuva. A empresa se ofereceu para fazer a obra por R$ 354.626,35 mil.
De acordo com a coordenadora do grupo de trabalho que elaborou e executa o projeto, historiadora Etelvina Garcia, o Centro de Compras contará com dois pavilhões: o JG Araújo e o Quintino, este último correspondendo a um prédio ao lado do antigo prédio de JG Araújo, onde funcionava, no século passado, o Bar do Quintino e que tem a fachada voltada para a rua Governador Vitório.
“Este centro de compras abrigará os vendedores ambulantes que hoje ocupam uma parte da Praça da Matriz, no entorno do chafariz. Esta área da Praça XV será recuperada dentro do projeto Centro Vivo. Para que fizéssesmos esta reforma e resguardássemos aquele espaço precisávamos retirar os ambulantes dali mas isso será feito com todo cuidado”, assegura.
Prioridade relacionada ao chafariz
Etelvina Garcia diz que para a reforma deste trecho da Praça XV a Prefeitura de Manaus dispõe de aproximadamente R$ 700 milhões de um convênio com o Governo Federal. “O senador Jéfferson Péres (PDT) conseguiu esta verba para a reforma do Centro. Elegemos esta área como prioridade por conta da presença do chafariz, que está comprometido devido a ação destruidora de pessoas que, de forma absurda, utilizaram aquele lugar para dormir, fazer suas necessidades fisiológicas, lavar roupa e até cozinha”, afirma a historiadora, lembrando que o chafariz da praça da Matriz data de 1897 e foi instalado ali pelo então governador Fileto Pires, que sucedeu a Eduardo Ribeiro. A peça veio da Escócia.
A primeira parte do projeto arquitetônico do Centro de Compras, que é compota pelo Pavilhão JG Araújo, é de autoria dos arquitetos e urbanistas Víctor Marques e Rodrigo Capellato, ambos do Implurb. De acordo com Víctor, a retirada dos ambulantes da Praça da Matriz, possibilitará à Prefeitura realizar um resgate histórico daquele espaço. “Antes, o chafariz ficava situado em uma praça menor, em forma triangular, que ficava ao lado do praça onde fica a Igreja da Matriz. Hoje, depois de tantas intervenções, essas praças estão unidas”, ressalta.
O arquiteto diz que, ao redor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, há 476 vendedores ambulantes, que trabalham com vários tipos de produtos, de artigos do vestuário até alimentos.
Local ideal
Segundo estudo feito pelo Implurb, as barracas da Praça da Matriz mais distantes do local onde será instalado o Centro de Compras ficarão a 282 metros do novo espaço. As demais ficarão distantes 130 ou 166 metros. “O melhor de tudo isso é que os camelôs sairão dali para um local bem perto, o que não lhes trará qualquer prejuízo. Muito pelo contrário, pois eles terão agora um espaço estruturado para trabalhar tranquilamente, com toda infra-estrutura, longe de sol e chuva. Os clientes que os procuravam na Praça da Matriz não deixarão de comprar com eles, no Centro de Compras, que ficará bem perto de onde se encontram hoje”, ressalta Víctor Marques.
Para a retirada dos ambulantes da Praça da Matriz, a Prefeitura de Manaus, realizou uma pesquisa e identificou inclusive o tipo de produto vendido no local. Das 476 barracas, a maioria, 132 delas, atua na venda de artigos de vestuários, roupas principalmente. Outras 113 vendem acessórios diversos. Exatas 96 vendem vários produtos ao mesmo tempo. Outras 46 vendem alimentos, atuam como mini-lanchonetes. No mesmo espaço, 16 atuam na venda de produtos perecíveis diversos, como verduras e frutas.
“Alguns deles serão direcionados para a venda de alguns produtos. A Prefeitura, por intermédio da Secretaria Municipal de Agricultra e Abastecimento (Semaga), vai sugerir o uso do espaço do Centro de Compras. No Pavilhão Quintino, onde ficarão 150 boxes, vamos tentar localizar o pessoal de alimentos”, afirma o arquiteto.
Cuidado com o passado
O projeto arquitetônico do Pavilhão JG Araújo está pronto. Consiste, na verdade, de uma espécie de adequação do espaço, que hoje está coberto, e comporta um estacionamento. “A área já foi desapropriada, tanto do JG quanto do Quintino. No JG faremos adequações, uma adaptação com algum nível de restauro. No caso Quintino vamos fazer a reconstrução da fachada toda em azulejo, como a original”, afirma Etelvina Garcia. Segundo a historiadora, foi feita uma pesquisa para identificar o azulejo da fachada do Quintino. “Essa fachada foi toda destruída mas localizamos uma pessoa que, na época dessa destruição, juntou, dos entulhos peças dos azulejos e as guardou em casa. Em cima dessas peças estamos mandando reproduzir os detalhes, os desenhos dos azulejos, na tentativa de recompor a fachada anterior”, explica a Etelvina.
O acesso ao CPC será tanto pela avenida Sete de Setembro quanto pela rua Henrique Amorim. As barracas dos dois pavilhões serão padronizadas, no estilo dos prédios que serão recompostos, dotadas de refigeradores e instalações hidráulicas e elétricas, com padrão de higiene dentro das exigências. “Esta obra do Centro de Compras está sendo elaborada com o objetivo de melhorar as condições dos comerciantes informais, valorizando a paisagem urbana”, explica Etelvina Garcia.
Centro Vivo
A construção do Centro Popular de Compras é apenas uma parte do projeto Centro Vivo, do Implurb, que, de acordo com o presidente do órgão, arquiteto e urbanista Claudemir Andrade, deve demorar aproximadamente 15 anos para ser concluído. “Há obras imediatas, a curto prazo, e outras estruturais, a longo prazo. O objetivo do programa é proporcionar melhorias das condições gerais de conforto ambiental, estética e funcional do Centro da cidade por intermédio de execuções de diversas ações”, explica o secretário.
Claudemir diz que a idéia do programa partiu do próprio Implurb. Profissionais de arquitetura e construção civil perceberam a situação do Centro da cidade, que passa por sérios problemas. “O Centro está danificado, penoso, quanto ao uso do espaço. E isso não é de agora não. Vem de muitos anos. O local carece de vários serviços, de uma atuação mais cuidadosa. Arquitetos fizeram visitas ao local e concluiram que precisamos de um estudo e uma ação a médio e longo prazo, Não de uma solução imediata, até porque envolve vários setores. É preciso sinalização, limpeza pública, conscientização dos que utilizam o espaço, uma reforma”, afirma Claudemir.
O projeto Centro Vivo prevê a recuperação de vários locais do Centro, reforma de prédios antigos, praças, elementos públicos em geral, desapropriações com idenizações. “Essa parte é a longo prazo, pois requer tempo, recursos financeiros. Temos hoje aproximadamente R$ 700 mil para fazer a reforma da Praça do chafariz da Matriz, mas estamos esperando a liberação de verbas também do Governo Federal na ordem de R$ 2 milhões para recuperar toda a Praça da Matriz e seu entorno. Precisamos ainda de vontade política”, diz o presidente do Implurb.
Todo o projeto prevê uma mudança na qualidade ambiental do espaço, melhoria no sistema viário, recuperação de espaços públicos de contemplação, limpeza urbana, promoção do turismo localizado, implementação de melhorias na iluminação pública, emprego da disciplina no uso dos espaços públicos, promoção do resgate do patrimônio cultural, melhoria da acessibilidade e a recuperação de áreas de jardim e mobiliário urbano.
Ações conjuntas imediatas
Dentre as ações imediatas no Centro, Claudemir Andrade afirma que está a reforma da Praça da Matriz e de áreas que compõem seu entorno e das Praças da Saudade e Dom Pedro II, no Paço Municipal. No caso da Praça da Saudade, as obras estão avançadas. A Prefeitura demoliu o prédio que serviu de sede para a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus) e de Educação. “Queremos devolver àquele espaço o desenho original de1932, quando a praça foi construida. A obra está em processo de licitação”, informa Claudemir.
O projeto em sim envolve a atuação de outros órgãos municipais além do Implurb e da Manaustur, como as secretarias municipais de Ação Social (Semasc), Desenvolvimento Urbano (Semdurb), de Obras, Serviços Básicos e Habitação (Semosbh), de Limpeza Urbana (Semulsp) e de Administração e Planejamento (Semplad) além da Secretaria Municipal Meio Ambiente (Semma) e o Instituto Municipal de Trânsito (Imtrans), todos estes órgãos reunidos dentro do Comitê Gestor do projeto, que prevê a reforma dos espaços compreendidos entre a rua Leonardo Malcher e as margens do rio Negro.
Papel das secretarias
Dentro do programa, a Semulsp atuará com mutirões de limpeza, capinação de logradouros públicos, implantação de jardins, instalação de lixeiras e pintura de meio fio. À Semosbh caberá a recuperação de sarjetas e meio-fio, recuperação, remoçao e instalação de equipamentos comunitários, eliminação de barreiras urbanísticas, limpeza de passarela da rua Marechal Deodoro, serviços de tapa-buracos nos calçadões e lavagem de pisos junto com a Semulsp. À cargo da Semplad fica a melhoria da iluminação pública, implantação de iluminação artística, que já ocorre na avenida Getúlio Vargas; e recuperação da iluminação no calçadão de pedestres. Caberá a Semma, por sua vez, a poda de árvores e ações de combate apoluíção sonora. Ao Imtrans ficará a responsabilidade pela implementação de uma campanha de educação no trânsito, sinalização vertical e horizontal, implantação de novas faixas de pedestres, a disciplina dos pontos de táxi e a revisão de semáforos.
A Semaga deve entrar com o ordenamento dos ambulantes, realização de uma campanha educacional de acessibilidade e o reordenamento na Manaus Moderna. O Implurb entrará com o incentivo à preservação do patrimônio histórico e a manutenção da campanha Calçada Para Todos. A Semdurb fará fiscalização para impor o cumprimento do Código de Posturas do Município. Estas são algumas das ações imediatas.