Bruno, não é porque estão construindo principalmente prédios assim que São Paulo não é diversa em seus estilos. Não é porque o neoclássico (ou neo-eclético) predomina hoje na arquitetura residencial que a cidade inteira vai parecer padronizada. Os edifícios em construção por aqui parecem sempre estar seguindo uma tendência. Há sempre um tipo diferente de arquitetura mainstream vigorando em São Paulo. É como uma febre que acomete todas as grandes construtoras ao mesmo tempo. Isso não significa, contudo, que só são construídos prédios assim e que a partir de agora nenhum outro tipo de arquitetura será tolerado. Não. No futuro, tenho certeza que outro tipo de arquitetura ocupará o lugar de destaque entre os projetistas e desbancará a era do neoclássico. E assim a cidade vai mantendo o seu paradoxal "padrão" de não ter um padrão, de ser a bagunça que é, já que, em vez de substituirmos um prédio antigo por um novo, o construimos ao seu lado.
Antes deste modismo que é o neoclássico, imperava aquela arquitetura modernista feia dos anos 80 e 90, de prédios meio quadrados meio arredondados, que eram esbranquiçados ou revestidos com lajotas cores-de-cozinha-destoantes (o expoente dessa classe horripilante é o Shopping D). Entre ambas, fico com a atual.
O que se percebe é que, embora haja falta de criatividade por parte dos empreendedores dos novos projetos paulistanos por não fugirem do que está na moda, a qualidade dos prédios, em geral, está aumentando. Basta comparar esses neoclássicos com os primeiros condomínios verticais "construídos em escala industrial" na cidade, nos anos 50.
Outra coisa: não tem nada a ver o que você disse, que "aqui é mega, aqui pode tudo," e que devemos desconsiderar os problemas da cidade por causa disso. Sou a favor dos neoclássicos porque eles representam uma evolução na arquitetura paulistana, tanto no estilo quanto na qualidade. Eu odiaria, por exemplo, se a tendência de se construirem prédios como os dos anos 60 e 70 ganhasse força, nem que fossem torres com quilômetros de altura.