Niterói não tem patrimônio histórico

Há uns dias, um amigo que muito prezo fez a seguinte afirmação: Não simpatizava com Niterói e um dos motivos era a cidade não dispor de um bairro histórico definido.

Eu não sou a Ana Paula Padrão, mas fiquei CHO-CADO! :lol:

Isso porque Niterói detém importante patrimônio histórico, que eu dividiria da seguinte forma: igrejas isoladas, fortes e núcleos urbanos.

A cidade sempre teve posição estratégica às margens da Baía de Guanabara, portanto desde sempre se vê colonizada. Os exemplos são muitos, mas os mais óbvios são a Fortaleza de Santa Cruz, o Forte São Luis, o Recolhimento de Santa Teresa e a Igreja de São Lourenço dos Índios, uma das mais antigas do Brasil conservada e ainda em uso.


Igreja de São Lourenço dos Índios (Panoramio)


Recolhimento de Santa Teresa (Panoramio)


Idem (Nitnews.com)

A cidade tem enorme influência portuguesa, sobretudo a partir do movimento de industrialização promovido pelo Barão de Mauá, na Ponta d’Areia. Para lá imigrou comunidade portuguesa tão expressiva, que o bairro é até hoje conhecido como “Portugal Pequeno” – infelizmente favelizado.


Portugal Pequeno, Ponta d’Areia (Panoramio)

A outra região urbana histórica da cidade compreende os bairros do Centro, São Domingos, Gragoatá, Boa Viagem e Ingá, de grande desenvolvimento quando da época do Império e da Primeira República (Niterói era a capital do Estado do Rio de Janeiro). E é exatamente desses bairros que eu tirei as presentes fotos.

As divisões não são muito claras, são bairros muito próximos uns dos outros, portanto eu posso provavelmente ter errado em definições (e mesmo em nomes de ruas).



O corte que eu fiz é o seguinte: apenas tiraria fotos de prédios com mais de cem anos. Portanto, excluí neocoloniais e ecléticos tardios, e também art décos – mesmo aqueles que tiveram nitidamente a fachada original alterada.

Quanto ao destino e estado dos prédios, a situação é bastante diversa. Há dos muito bem preservados, aos em estado de ruína. Alguns viraram vilas, outros permanecem residência unifamiliar, há cortiços, oficinas, bares. Mas os mais bem preservados são, com certeza, os que pertencem à Universidade Federal Fluminense, que os vêm restaurando nos últimos anos.

Para que não fique muito extenso, agreguei um link nos prédios mais importantes, com a devida explicação histórica.

O título do thread é uma afirmação irônica, tal com o quadro Ceci n’est pas une pipe.