Aparecida precisa se preparar para superar Goiânia
Quando criamos o município de Aparecida de Goiânia, em 14/11/1963, e fui prefeito da cidade entre os anos de 1977 a 1982, depois de muito pensar chegamos à conclusão de que o município aparecidense, por várias razões, não tinha destinação histórica para exploração e desenvolvimento da pecuária e agricultura, que cria animais e planta sementes, principalmente como acontece em Goiás pelas bandas do Sudoeste Goiano, região imbatível na produção de grãos no Estado e até mesmo no Brasil.
Naquela ocasião, o bom entusiasta e foguetório prefeito Manoel dos Reis havia decidido não aprovar novos loteamentos na área territorial de Goiânia pelo seu entendimento administrativo. Eleito pelo voto e não bionicamente, logo que assumi o comando da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, verificando que a tendência de crescimento de todas as capitais brasileiras, sem exceção, era para o sul, e constatando que Goiânia, inexoravelmente, teria como única alternativa se expandir rumo à estratégica e periférica Aparecida, convictamente, procurando a lógica da lei da oferta e da procura, loteei 70% da circunscrição territorial aparecidense (e não 100% como dizem por aí), pois sabia, de antemão, que com os loteamentos e disponibilidade de áreas, gradativamente, haveria uma ocupação construtiva em Aparecida, de casas, apartamentos, condomínios fechados e motéis, que já se iniciavam em Goiânia, bem como a sediação de indústrias e consequente solidificação das mais diferentes atividades comerciais, como de há muito vem acontecendo. Tudo isso resultando em um crescimento sociopolítico e econômico positivo, o que nos dias atuais tornou Aparecida de Goiânia o segundo maior e mais importante município do colossal Estado de Goiás, devendo manter essa supremacia ainda por muito tempo.
Como Aparecida de Goiânia é a mais bem localizada cidade no entorno ou região metropolitana de Goiânia em relação à Capital, por sucedânea condição geográfica e até mesmo por sua bem configurada topografia, melhor do que a própria metrópole goianiense, o município aparecidense é a lógica e mais preferida região escolhida pelos próprios moradores de Goiânia para, preferencialmente, direcionar a sua expansão sulina rumo a Aparecida, e estejam conscientes os residentes em Goiânia que os aparecidenses representados pelo conjunto dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, a quem recai os atos administrativos, estão de braços abertos aos goianienses, responsáveis diretos pela grandeza aparecidense desde que, por decisão do fundador Pedro Ludovico, com apoio da unanimidade da Assembleia Legislativa de Goiás, com a autoria emancipativa do então deputado Olinto Meireles, presidida pelo deputado Iris Rezende e sanção do então governador Mauro Borges, se criou a extraordinária unidade municipal de Aparecida de Goiânia, a qual, quando fui prefeito, foi a de maior crescimento proporcional no Brasil, conforme dados do IBGE, fato que jamais se repetirá, porque não há terras disponíveis e limítrofes à Capital para se criar ou fazer uma outra Aparecida de Goiânia. O prestígio desse acontecimento, graças ao bom Deus, me engrandece e aos companheiros na consignação da autodeterminação aparecidense.
Por tudo isso e mais alguma coisa, a circunscrição territorial de Aparecida de Goiânia extrapolou os seus próprios limites de independência, acoplando-se em todos os sentidos à vida política, econômica e social de Goiânia, tornando-se um corpo só, uno e indivisível para todo o sempre.
De sorte que é irreversível o crescimento de Goiânia em direção a Aparecida, provocado em primeira-mão pelo próprio goianiense, que ,assim fazendo, ajuda a acontecer o mais seguidamente, até por que lhe convém.
Nestes sequenciais 26 anos de vigência administrativa independente, Aparecida não se cuidou a tempo e a hora de fazer o que era possível em termos de realização e prestação de bens e serviços, acumulando-se as genéricas necessidades do município, faltando, mesmo que proporcionalmente, o que a população reivindica nesses anos todos.
Há muito tempo, precisamente da década de 80 aos dias de hoje, prego no deserto essa discrepância, sem que o poder público demonstrasse interesse, dando ouvidos às minhas previsões de que Aparecida superaria Goiânia em população, baseando e raciocinando no espaço físico ainda existente e disponível no território aparecidense para coexistência pacífica dos setores residencial, comercial e industrial, dado a sua extensa proliferação imobiliária, tudo em razão do mesmo espaço físico de Goiânia, que está se exaurindo a cada dia que passa
Como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não sabe e deveria saber, Aparecida de Goiânia cresce em média 5 mil pessoas ao mês, entre os nascidos e chegantes, (número maior de pessoas existentes em mais de 80 sedes dos 246 municípios goianos). Vai chegar dado momento em que os goianienses espremidos dentro do próprio município, como que ofegantes na sua necessária e boa respiração, virá para Aparecida não só em busca de melhores condições de vida, mas também pela frutificação de melhores oportunidades, buscando uma menor e genérica concorrência no promissor mercado de trabalho existente na cidade. Tenho absoluta certeza de que isto vai acontecer muito em breve.
Diante dessa irreversível realidade e sabendo que isso vai acontecer, é preciso que Aparecida se prepare tão-somente para superar Goiânia em população, ou seja, em crescimento demográfico, pois a belíssima Goiânia é e sempre será insuperável em tudo que se possa imaginar, porque na cidade-mãe, com domicílio e ânimo definitivo, existe a mais destacada sociedade do Estado, os maiores intelectuais, homens de cultura, os maiores fazendeiros, comerciantes e industriais do ramo empresarial, os mais atuantes homens públicos, enfim: a “nata” dirigencial e de atividades profissionais diversas, encrustada no topo e nos píncaros da glória e de efetivo sucesso no fazer qualquer coisa, pela dimensão da capacidade de cada um.
O que não se fez até agora está no indolente passado, e aquilo que deve ser feito no momento está nas mãos unas e indivisíveis do atual e bem-intencionado prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, eleito com a confiável e indesmentível votação de mais de 81% dos votos apurados, a quem compete, com esforço próprio, abnegação e desprendimento, somados à colaboração do governo estadual e federal, bem como o apoio do povo que dirige, fazendo com que Aparecida cresça e se desenvolva cada vez mais, acolhendo os goianienses com os braços abertos.
É forçoso reconhecer que Aparecida ainda não está preparada para superar Goiânia (em população), porque ainda lhe falta as diversas estruturas necessárias ao alcance desse objetivo, mas é preciso que se inicie agora e gradativamente o trabalho para atingir esse desiderato, a fim de que as coisas não passem da hora no seu fazer.
A lógica superação demográfica de Aparecida em relação a Goiânia se dará pelo enorme espaço físico ainda existente em Aparecida, enquanto que os de Goiânia estão se exaurindo a cada dia que passa. Lembro-me que em vários escritos fiz a advertência e titularizei artigos definindo que “o futuro de Goiânia está em Aparecida”. E estará ainda séculos afora.
Estamos aguardando, com muita satisfação, que o goianiense continue vindo para Aparecida, compartilhando a grandeza da mãe com a existência desenvolvimentista da filha alvissareira e confiante no seu futuro.
Freud de Melo é ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, advogado, empresário urbano e rural