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O ônibus entra no vermelho

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Desde o início do ano, quando a tarifa aumentou para R$ 2,20, o sistema perdeu passageiros. Sem caixa, Urbs atrasa pagamentos a empresas

A queda no número de passageiros dos ônibus da capital está fazendo com que o sistema de transporte coletivo de Curitiba opere no vermelho. Desde o início do ano, quando a prefeitura aumentou o preço da tarifa de R$ 1,90 para R$ 2,20 de uma só tacada, depois de cinco anos sem reajuste, a média de passageiros diminuiu em mais de 600 mil pessoas por mês. Em quatro meses, de janeiro a abril, isso significou 2,6 milhões de passagens a menos.

Como resultado, a Urbs precisou usar metade do Imposto sobre Serviços (ISS) pago pelas operadoras do sistema e jogar no próprio pagamento das despesas de transporte – em vez de encaminhar para o tesouro municipal, como normalmente ocorre. De janeiro a abril, o subsídio levou a uma injeção de R$ 4 milhões no sistema de transporte. Mas nem isso resolveu o problema – e a partir daí, a Urbs passou a atrasar o pagamento feito às 10 empresas que põem os ônibus para circular na cidade.

Até o momento, os pagamentos de salários não foram atrasados, mas as empresas de ônibus dizem que estão sendo obrigadas a fazer empréstimos para cobrir as despesas até que a Urbs pague. Enquanto isso, a Urbs refez seus cálculos e chegou à conclusão de que, com o número atual de passageiros seria necessário subir a tarifa para R$ 2,27. Mas não há previsão de que um novo aumento ocorra – até porque ele poderia afastar ainda mais passageiros do sistema.

“Normalmente, as empresas recebem dez dias depois de prestar o serviço”, afirma o diretor executivo do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), Aírton Amaral. “Então, o capital de giro da empresa está equacionado para estes dez dias. Havendo atrasos, isso pega fortemente no capital de giro das empresas. E há empresas que realmente estão sofrendo com juros bancários, multas e pagamentos”, diz Amaral.

O sindicato das empresas não confirma com quantos dias de atraso a Urbs tem feito o pagamento, porque, segundo Aírton Amaral, isso varia de caso para caso. A reportagem apurou que, em alguns casos, o atraso é superior a uma semana.

O diretor de transporte da Urbs, Fernando Ghignone, diz que o órgão foi surpreendido pela queda de passageiros desde janeiro. Segundo ele, a previsão era de que houvesse aumento da demanda em até 8,5% no fim de 2009. A realidade foi dura e, além de não crescer, a procura pelo ônibus caiu significativamente (veja tabela).

Ghignone aponta fatores pontuais como responsáveis por esta queda. Além de o preço maior ter afastado usuários, ele diz acreditar ainda que o aumento do número de desempregados – devido à crise econômica – e o número maior de feriados neste ano contribuíram para que menos pessoas usassem as linhas de ônibus. “Esses números todos distorceram o nosso planejamento estratégico. Agora, na hora que você faz um cálculo, trabalhando com uma tarifa matematicamente defasada, e você ainda tem perda de passageiros, você tem um impacto no fluxo de caixa que desestruturou mesmo”.

Apesar do grande número de notícias ruins, Ghignone está otimista. Ele acredita que a retomada de atividades econômicas com mais vigor no segundo semestre ajude a trazer de volta os usuários de ônibus. Mas, e se isso não acontecer? “Não tem uma decisão ainda de como fica a tarifa. Nós estamos trabalhando com a possibilidade de mantê-la. Nossa intenção é manter esta tarifa a qualquer custo”, disse.

O secretário municipal de Finanças, Luiz Eduardo Sebastiani, admite também os problemas no equilíbrio da planilha de custos do transporte coletivo e disse que o ISS está sendo devolvido para garantir a operação. “A questão da tarifa se coloca em equilíbrio ou desequilíbrio momentâneo em função do número de passageiros. Se há uma queda muito intensa do número de passageiros, cai a receita, que estabiliza o Fundo de Urbanização de Curitiba”. O secretário explica que não poderia simplesmente abrir mão da cobrança do imposto como forma de diminuir os custos das empresas e, com isso, aliviar o peso do repasse da Urbs a elas. “A Lei de Responsabilidade Fiscal nos impede da isenção pura e simples do imposto”, afirmou.

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1 - 20 of 28 Posts
^^Eu estava pensando em botar esta reportagem no SSC hoje, mas tá valendo. :)

Para falar a verdade, a queda no número de passageiros nos ônibus urbanos vem de muito antes desta crise. Desde que a inflação praticamente acabou no Brasil, em 1994, a aquisição de um carro ou de uma moto ficou muito mais fácil, com prestações e rpazos que cabem no bolso de qualquer um; na contramão, o diesel continuou a subir e as prefeituras diminuíram os repasses (subsídios, no qual o povo é contra) às empresas, que acabaram trocando ônibus como o Mafersa e o Volvo B58E por "cabritos" sem tecnologia nenhuma. E eis o resultado que vemos hoje: trânsito cada vez pior e ônibus cada vez mais vazios.

Vou dar um exemplo: por que uma mulher vai pegar um ônibus para o trabalho (ou faculdade), pagando caro para andar num "caminhônibus", demorando um tempo longo para chegar ao destino, correndo riscos de enfrentar greves de motoristas e ainda levar assédio de tarados que sempre viajam de coletivo se ela pode ter uma moto como a Honda Biz pagando um pouco mais de R$ 150,00 de prestação (e R$ 7 de gasolina toda semana) e assim chegar bem mais rápido ao seu destino com agilidade e ainda ter um veículo para passear nos fins de semana para onde ela quiser?
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^^ Nossa que absurdo isso, a cidade que apresenta o melhor sistema de transporte de passageiros do país, apresentar esses tipos de problemas.
Um absurdo total aumentar a tarifa, e mante-la alta depois deste "baque" no número de passageiros.
É só aumentar o subsídio, não?!

O povo é contra o subsídio, por que o transporte coletico é ruim. Por que se fosse bom e barato, ninguém reclamaria.
Ouvi o Jaime Lerner propagandear que o sistema de Curitiba não era subsidiado em uma palestra dele em Goiânia (curiosamente na mesma época em que se discutia a implantação do VLT nesta capital, já engavetado em favor dos busões...). Ele desfilava as virtudes do BRT...
O sistema de Curitiba é ou não subsidiado? Se é, desde quando? Quem pode me ajudar?
^^

Depois eu sou radical ou estou falando besteira quando digo que até agora não aprendemos a lição de que é necessário, imperioso parar de incentivar o transporte individual e investir tudo que é possível no transporte público.

Mas não, tem que fazer um zilhão de pistas para automoveis, tem que tirar o IPI deles, tem que financiar barato, e Ônibus, Trem, Metrô não precisa?

Ai hoje é mais barato andar de carro/moto do que de ônibus ou de outros meios de transporte coletivo.
É só aumentar o subsídio, não?!

O povo é contra o subsídio, por que o transporte coletico é ruim. Por que se fosse bom e barato, ninguém reclamaria.
Exatamente. Deviam era aumentar o subsidio e diminuir a tarifa. Iam economizar indiretamente com o monte de carros que ia sair das ruas.

Hoje em Curitiba, é mais barato e mais rapido ir de carro do que de ônibus, e isso tà errado. Enquanto eles continuarem olhando sobre seus egos e não ouvirem o que a população diz, tudo tende a ficar pior.
O problema é que grande parte da população diz: "quero mais faixas nas pistas, para que meu carro - ou futuro carro - possa circular sem congestionamento". Nem tudo o que a opinião pública acha que é o melhor deve ser levado em consideração. Muitas vezes o poder público tem que agir ao contrário, incentivando o que é melhor para a cidade e para todos, ainda que muitos pensem o contrário.

Foi o caso de Seul, na Coréia do Sul. O prefeito levou à frente um ambicioso projeto de demolição de um enorme minhocão, para a revitalização de um rio totalmente morto, "enterrado" embaixo as pistas que ficavam embaixo do minhocão. Ele teve que enfrentar muitos protestos da população contra esse projeto, e conversou diretamente com mais de 4.000 moradores. Mas no final, conseguiu fazer seu projeto ser concretizado, e a opinião da população hoje é diferente, pois o projeto melhorou demais a região do rio.

A população brasileira em geral não gosta de transporte público, exatamente porque a sua qualidade está piorando a cada dia. Mas nem por isso, claro, deve ser permitida a degradação do transporte público. Se o sistema de Curitiba está deficitário, um dos problemas foi o congelamento das tarifas por 5 anos seguidos. Na verdade, eu acho que aí deveria ter existido uma política de subsídio, para que a tarifa ficasse congelada "para sempre". Só que isso é visto com maus olhos por muita gente, afinal, seria "nossos impostos alimentando os lucros dos empresários". Não deixa de ser um pouco de verdade, mas por outro lado, não é possível continuar na mesmice, de deixar com que a fórmula "mais qualidade = tarifas maiores" continue a vigorar. Transporte público deve ter melhor atenção e comprometimento do que tem tido hoje pelo poder público.
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Ninguém se deu conta do mais óbvio?!

Aumentaram a tarifa e caiu a arrecadação!
Está claro que o aumento da passagem afastou todo um segmento social do trasnporte coletivo. O mais absurdo é que não voltaram atrás na medida. Pois está claro que com a tarifa mais baixa o sistema volta ao equilíbrio financeiro!

Isso para mim mostra como os preços dos serviços públicos no Brasil são mal estabelecidos. Vive-se numa lógica de inflação e não de aumento da renda. Pode-se aumentar a renda sem necessáriamente subir o preço.
Ninguém se deu conta do mais óbvio?!

Aumentaram a tarifa e caiu a arrecadação!
Está claro que o aumento da passagem afastou todo um segmento social do trasnporte coletivo. O mais absurdo é que não voltaram atrás na medida. Pois está claro que com a tarifa mais baixa o sistema volta ao equilíbrio financeiro!

Isso para mim mostra como os preços dos serviços públicos no Brasil são mal estabelecidos. Vive-se numa lógica de inflação e não de aumento da renda. Pode-se aumentar a renda sem necessáriamente subir o preço.
A arrecadação caiu não só por causa da tarifa, mas sim pela precariedade da rede de transportes. Mesmo se a tarifa fosse de 50 centavos muita gente optaria por carros e motos por causa do conforto (como ocorreu e ainda ocorre em alguns sistemas da CBTU e outras empresas que cobram a famigerada tarifa social que não paga a ampliação, manutenção e a operação do sistema tornando sua operação extremamente deficitária). Um sistema de transporte coletivo tem que ser visto pelo governo como um investimento perpétuo, nunca pode deixar de receber verbas para sua operação, manutenção e equilíbrio financeiro.

Além disso existem subsídios ao sistema e incentivos como a diminuição ou isenção dos impostos para insumos utlizados no transporte coletivo (diesel, eletricidade, autopeças, etc) que podem garantir um equilíbrio financeiro sem necessidade de constantes reajustes.
Eu me baseei na reportagem, eles apotam a queda desde o início do ano, quando as tarifas subiram.

"Desde o início do ano, quando a tarifa aumentou para R$ 2,20, o sistema perdeu passageiros. Sem caixa, Urbs atrasa pagamentos a empresas

A queda no número de passageiros dos ônibus da capital está fazendo com que o sistema de transporte coletivo de Curitiba opere no vermelho. Desde o início do ano, quando a prefeitura aumentou o preço da tarifa de R$ 1,90 para R$ 2,20 de uma só tacada, depois de cinco anos sem reajuste, a média de passageiros diminuiu em mais de 600 mil pessoas por mês. Em quatro meses, de janeiro a abril, isso significou 2,6 milhões de passagens a menos."

Não acredito que em quatro mêses o serviço tenha se deteriorado tanto assim.
Quanto as outras medidas para reduzir o impacto nos preços, são bem vindas, mas mesmo elas tem um limite. Podem isentar os combustíveis de impostos, o serviço também, porém as concessionárias de trasnportes públicos têm que aceitar que esse não é um segmento de alta rentabilidade.
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^^

O abandono do transporte coletivo é uma constante histórica no Brasil, nunca revertida em nenhum lugar do Brasil, a exemplar Curitiba e seus problemas atuais estão aí para confirmar esta verdade, o resto em contrário é puro marketing eleitoral.

No Brasil o único modal valorizado, incentivado, subsidiado, glamorizado sempre, por todos os governos, de todas as tendencias políticas, em todos os tempos, nos últimos 100 anos é o do transporte individual.

Enquanto isso não mudar radicalmente, nada mudará.
E tem cidade de pequeno porte que nem transporte urbano coletivo tem. Dois exemplos que conheci in loco: Jacutinga (MG), onde há somente uma linha de ônibus para um distrito próximo; e Garibaldi (RS), onde não vi um ônibus urbano nas ruas, só rodoviários.
^^Eu estava pensando em botar esta reportagem no SSC hoje, mas tá valendo. :)

Para falar a verdade, a queda no número de passageiros nos ônibus urbanos vem de muito antes desta crise. Desde que a inflação praticamente acabou no Brasil, em 1994, a aquisição de um carro ou de uma moto ficou muito mais fácil, com prestações e rpazos que cabem no bolso de qualquer um; na contramão, o diesel continuou a subir e as prefeituras diminuíram os repasses (subsídios, no qual o povo é contra) às empresas, que acabaram trocando ônibus como o Mafersa e o Volvo B58E por "cabritos" sem tecnologia nenhuma. E eis o resultado que vemos hoje: trânsito cada vez pior e ônibus cada vez mais vazios.

Vou dar um exemplo: por que uma mulher vai pegar um ônibus para o trabalho (ou faculdade), pagando caro para andar num "caminhônibus", demorando um tempo longo para chegar ao destino, correndo riscos de enfrentar greves de motoristas e ainda levar assédio de tarados que sempre viajam de coletivo se ela pode ter uma moto como a Honda Biz pagando um pouco mais de R$ 150,00 de prestação (e R$ 7 de gasolina toda semana) e assim chegar bem mais rápido ao seu destino com agilidade e ainda ter um veículo para passear nos fins de semana para onde ela quiser?


Exatamente isso q acontece, comprar uma moto e andar com ela é mais barato q andar de Onibus, hj tem moto da sundown q custa 3000 reias!!

Já foram feitas pesquisas no mundo todo, e o unico meio de transporte que tira carros da pista se chama metro!!!!!!!!!!!! No mundo todo é assim e aki não vai ser diferente!!
^^

Acho que nem isto tira, tem forista aqui do SSC, que defende o carro sobre qualquer aspecto.

Basta ler os absurdos do thread da reforma da marginal tiete para constatar isto.

E acredito que isto é o pensamento da maioria, todos querem ter carro e andar de carro ou moto. Pouco importa que se forneça um ótimo transporte público.

E é para isto que caminhamos cada vez mais, enquanto for barato adquirir e utilizar o transporte individual será assim.

Quem utiliza o transporte individual tem de ser penalizado e muito, e pagar pelo transporte coletivo.
Dizer que metrô é só o que tira também está equivocado. Veja se Nova Iorque, que muitos dizem que a rede é invejável (e não que não seja) se não tem os seus congestionamentos.

O maior problema é o paradigma criado no transporte público. Sempre uso o exemplo de São Bernardo. Nota-se claramente que as únicas pessoas que andam de ônibus o fazem por falta de opção (por que o sistema realmente é ruim) e são as domésticas das pessoas que tem carro. E falo isso sem preconceito algum.

Mesmo com um ótimo transporte público, tem muita gente que ainda vai andar de carro. Obras viárias sempre são necessárias, não de se negar esse fato. Mas frente ao nossos problemas, como a falta de dinheiro e de uma rede super estruturada, qual obra priorizar?!
^^ Eu não sei se tem que previlegiar o transporte individual ou coletivo, o problema está na infra-estrutura, pois para melhor o sistema de transporte publico, tem que mexer nas rodovias, avenidas e tal, e para que isso seja feito, tem que segregar as pistas.

Separando aonde vai passar os carros, os onibus, os caminhões, as motos, e o serviços públicos, e do jeito que TODAS cidades se encontram, não tem como fazer isso, no caso de São Paulo eu sou a favor da ampliação das marginais.

Pois grande parte do transporte ali, não é apenas de transporte individual, mas de transporte de mercadorias dentro da própria cidade, então não dá para desviar esses caminhões para o anel viário, se os mesmos, tem que entregar mercadorias naqueles bairros localizados próximos das marginais.

Aqui em Brasília, está sendo feito isso, está melhorando as rodovias, mas sem esquecer de fazer uma via exclusiva de ônibus, algo que não existia, e claro, não vamos apenas previlegiar o transporte individual de carros, mas também junto de todas essas obras, estão sendo construídas um imenso sistema de ciclovias.

Então essas obras tem que atingir todos os niveis de transporte, e não apenas previlegiando um tipo modal.
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^^

Mas a questão não é bem essa. Pode se reformar as marginias, e fazer um corredor de ônibus, por que realmente existem linhas que passam em ambas as marginais. Mais esse 1Bi que vai ser investido, não seria mais urgente tirar a L6 do papel?! Ou então acelerar a modernização da CPTM?!

Ou então, concluir o Expresso Tiradentes, que já está aí a 13 anos para ser concluído.
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