Ao completar dois anos e meio, o Programa de Aceleração do Cres**cimento (PAC) passa por uma crise de identidade no Paraná. Ao contrário do que o próprio nome diz, a principal ação de desenvolvimento do governo federal desacelerou nos últimos seis meses. Dos 20 maiores projetos do PAC no estado, apenas dois tiveram avanço significativo de janeiro para cá. Outros seis permanecem paralisados ou empacaram. O restante está sendo executado, mas há muitos obstáculos que podem inviabilizar o cronograma das obras.
Essas 20 ações – de infraestrutura logística, energética e social – somam investimentos de R$ 20,8 bilhões no período 2007-2010. Os maiores valores estão sendo aplicados em saneamento básico, habitação e na ampliação da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) – obra que foi anunciada antes de o PAC ser lançado, em janeiro de 2007. Esses três eixos são justamente os que estão mais avançados, mas isso não quer dizer que não enfrentam problemas.
Há 15 dias, cerca de 9 mil colaboradores de terceirizadas da Petrobras, que trabalham na ampliação da Repar, iniciaram greve por melhores salários. O maior projeto habitacional do PAC no Paraná, o Guarituba, em Piraquara – na Grande Curitiba –, teve seu status rebaixado de “adequado” para “preocupante” no último balanço feito pelo Planalto. E, na área de saneamento, uma das medidas empacadas é a licitação para contratar a empresa responsável pela gestão do lixo em Curitiba e região metropolitana.
Problema maior é partilhado por outros três projetos que até agora existem apenas em pranchetas e em estudos de viabilidade. Nesse caso estão a dragagem de aprofundamento do acesso ao Porto de Paranaguá, o poliduto entre Cuiabá e Paranaguá e um novo ramal ferroviário no centro do estado. Em janeiro foi feita uma audiência pública para a dragagem e a expectativa era de que o edital para contratação da empresa fosse lançado em março – o que não ocorreu. Ainda não há consenso sobre o poliduto nem em relação ao ramal ferroviário, que ligaria Guarapuava a Lapa ou Ipiranga.
Avanços
A ampliação das pistas, dos pátios e do terminal de cargas do Aeroporto Afonso Pena é outra ação que vem sendo planejada há anos e que teima em não sair do papel. Mas a Infraero conseguiu contratar as empresas responsáveis pelos projetos arquitetônicos e executivos das duas obras. A Engemix, responsável pela atualização e complementação dos projetos executivos de engenharia da pista e dos pátios, tem até 2 de fevereiro para finalizar o trabalho. A Geplan, responsável pelos projetos do Terminal Logístico de Carga, tem prazo até setembro para entrega.
Outra grande obra esperada há tempos por brasileiros e paraguaios deve começar a sair do papel. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) concluiu a licitação para escolha da empresa que fará o projeto básico e executivo da segunda ponte internacional sobre o Rio Paraná, em Foz do Iguaçu. A Vetec Engenharia tem aproximadamente um ano para concluir o trabalho, e a construção deve se iniciar em seguida.
“Suíça”
O governo federal não vem concordando com as avaliações que mostram que o PAC está empacado. Um levantamento feito pela ONG Contas Abertas, no fim de maio, indicava que apenas 3% de um total de 10.914 obras previstas foram concluídas. Segundo a ONG, 74% sequer tinham saído do papel. Em seguida o Planalto reagiu. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, divulgou balanço que indicava um índice de conclusão de 15%. A Contas Abertas contra-atacou: afirmou que esse porcentual foi obtido porque o governo federal desconsiderou a maior parte dos projetos – monitorou apenas 2.446 das 10.914 ações.
Dilma voltou a defender a principal vitrine do governo federal para 2010 – quando ela própria deve disputar a Presidência pelo PT. Segundo a ministra, os críticos não levam em conta que o Brasil é um país em desenvolvimento. “Se considerarmos o Brasil como a Suíça, (o PAC) está lento. Como não somos a Suíça, acho que conseguimos acelerar várias obras. Nós estamos trocando o pneu com o carro andando. Acho que, para os nossos padrões, nós superamos o desafio”, declarou, há duas semanas.
http://portal.rpc.com.br/gazetadopo...-desaceleram-nos-ultimos-seis-meses-no-Parana