Duas horas. Esse foi o tempo que a equipe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) 4, de São Paulo, demorou para o procedimento de degravação da caixa-preta da aeronave acidentada na sexta-feira passada, em Trancoso, na Bahia. O procedimento foi feito no laboratório da oficina de aeronaves executivas da TAM, em Jundiaí. O resultado do procedimento não foi divulgado pelos oficiais. A assessoria do Comando da Aeronáutica afirma que novas informações só serão divulgadas antes do fim da investigação se houver irregularidades nas gravações da caixa-preta.
A degravação é a cópia da conversa gravada na cabine da aeronave nos 30 minutos finais de voo antes da queda para uma mídia digital. Tanto a caixa quanto a mídia foram encaminhados pela equipe do Cenipa 4 para a equipe do Cenipa 2, de Recife, que está coordenando as investigações sobre o acidente. De acordo com o coronel Henry Wilson Munhoz Wender, chefe da divisão de comunicação social da Aeronáutica, nenhuma nova informação será divulgada antes do final das investigações. "Somente se acontecer alguma irregularidade na gravação é que será feito um comunicado oficial", garante.
O coronel adiantou que os dois motores do bimotor King Air B350 já haviam sido encaminhados para o Comando Tecnológico Aeroespacial, em São José dos Campos, para análise. De acordo com o capitão Renato de Castro, responsável por trazer a caixa-preta para Jundiaí, além dos dois itens, mais pontos serão analisados. "As condições meteorológicas no horário e o estado emocional dos tripulantes fazem parte dos itens investigados", comenta.
Detalhes - A caixa-preta que foi degravada em Jundiaí é um dispositivo denominado ´cokpit voice recorder´. Segundo fonte relacionada com a empresa TAM, a oficina de Jundiaí é a única no Brasil certificada pela fabricante do avião e que possui o equipamento necessário para a leitura dos dados.
De acordo com o capitão, a caixa-preta é capaz de gravar até os últimos 30 minutos de conversas na aeronave. O equipamento, aparentemente, estava intacto. "Dependendo do conteúdo, se estiver em bom estado, poderá ser decisivo para se descobrir a causa do acidente", comenta Castro. Além desse sistema, existem aeronaves que possuem um outro tipo de gravador para os procedimentos executados pela tripulação.
Acidente - A aeronave, um turboélice King Air 350, caiu por volta de 21 horas de sexta-feira, durante manobra de aterrissagem, explodindo no solo a 200 metros da cabeceira da pista do Aeroporto Terravista, em Trancoso, de propriedade do Club Méd. Entre as 14 vítimas estavam a publicitária Heloísa Alqueres Vaz Wright, o empresário Felipe Wright e o filho deles de seis meses, Francisco Alqueres Vaz Wright. A mulher é filha do presidente da Light, José Luiz Alqueres.