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Para evitar acidentes com idosos, Lisboa decide remover calçadas portuguesas das ruas

8829 Views 38 Replies 26 Participants Last post by  Coyotte
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Para evitar acidentes com idosos, Lisboa decide remover calçadas portuguesas das ruas
Cerca de 20% dos habitantes do país têm 65 anos ou mais; pavimento semelhante foi retirado em São Paulo



Calçada portuguesa, um dos símbolos do país, começa a ser removida das ruas de Lisboa

Para quem anda por Lisboa, não são apenas igrejas, monumentos, mirantes e o Castelo de S. Jorge que chamam a atenção: é também a própria calçada. Conhecida por seus mosaicos de pedras de calcário irregulares, a “calçada portuguesa” é uma das marcas mais originais do país. Mas, o que é arte para alguns, pode representar um risco para a segurança e conforto de idosos e pessoas com deficiência física. Por essa razão, o governo de Lisboa planeja remover ou modificar parte do pavimento em mau estado até 2017. Em algumas zonas, o piso já foi substituído.

A calçada remonta à tradição romana e começou como um projeto arquitetônico para a região do Castelo de S. Jorge e a Baixa lisboeta depois do terremoto de 1755. Virou moda no século XX e foi exportada para os quatro continentes, em países tão diversos como Austrália, França ou Japão. No Brasil, o calçadão de Copacabana é um exemplo. A avenida Paulista, em São Paulo, era outro, mas, em 2008, as pedras foram trocadas por concreto devido à falta de acessibilidade e à cara manutenção.


Divulgação

Em Portugal, a calçada se disseminou para áreas inadequadas e com técnicas e materiais cada vez piores, segundo a prefeitura. Os resultados são pisos escorregadios pelo polimento acelerado do calcário, difíceis de limpar e caros de manter, suscetíveis a buracos devido ao mau encaixe das pedras e situados em zonas muito inclinadas. Em suma, transformaram-se em um dos vilões dos pedestres com maior dificuldade de locomoção.

[Lisboa: Praça D. Pedro IV, mais conhecida como "Rossio", tem um pavimento chamado “Mar Largo", que homenageia os descobrimentos portugueses]

“Se a calçada é bem feita, as pedras não levantam”, contra-argumenta Ivan Braz, presidente da MyiArts, que organizou uma petição pública com 2,5 mil assinaturas para impedir a retirada da calçada. Em entrevista a Opera Mundi, Braz acusa o governo - que mantém uma escola voltada aos técnicos chamados “calceteiros” - de descaso com o patrimônio cultural e de não fazer a devida manutenção. A prefeitura é enfática: “Como aferir a qualidade da pedra – peça a peça? Como exigir rigor – junta a junta, encaixe a encaixe?”, segundo o documento oficial.

Um dos modelos possíveis a seguir na capital lusitana será o de Barcelona: a cidade espanhola possui 5 milhões de metros quadrados de “panot”, lajes de betume hidráulico com diferentes desenhos. Essa criação do início do século XX aliou a acessibilidade à estética e ajudou a projetar o modernismo catalão em escala internacional. No centro histórico, utilizam-se pedras naturais para adequar-se à arquitetura dos edifícios.

Envelhecimento

A mudança demográfica em Portugal tem tornado a cidade defasada em relação às necessidades da população envelhecida. Cerca de 20% dos habitantes do país têm 65 anos ou mais. Segundo previsões do Instituto Nacional de Estatística, o número de idosos deve triplicar até 2060, enquanto a população total, com baixos índices de natalidade, encolherá para 8,6 milhões de pessoas – uma queda de 18%.


O mirante S. Pedro de Alcântara, um dos pontos turísticos mais famosos de Lisboa, também tem calçadas portuguesas

Mas, não são apenas os habitantes do país que envelhecem. Os turistas com mais de 54 anos respondem por 12% do total em Lisboa – algumas pesquisas apontam que o grupo chegaria a um terço. “Esta tendência irá inevitavelmente acentuar-se com o envelhecimento demográfico nos mercados emissores”, segundo documento da prefeitura. Por isso, acredita-se que a mudança na malha urbana beneficiará também os turistas.

Não é o que pensa Braz: “O turista de hoje não procura só as zonas típicas, [mas] ver, sentir e viver o que de mais tradicional ou moderno tem um país.” Uma solução, afirma, seria construir corredores com materiais menos deslizantes no espaço das calçadas. Esta opção também está prevista no projeto do governo em algumas zonas.

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/34881/Para+evitar+acidentes+com+idosos+lisboa+decide+remover+calcadas+portuguesas+das+ruas.shtml
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Acho que o problema é que acabam colocando qualquer profissional para fazer o serviço de fixação das pedras. Acredito que o contra-argumento do presidente da MyiArts faz sentido.

Aqui no Rio, elas são tão mal colocadas... o resultado são calçadas desniveladas e esburacadas...
O problema é que muitas devem ser patrimônio histórico. Mas eu concordo que elas são horríveis de se andar, em dias de chuva então...é fácil escorregar.
Aqui no Rio, elas são tão mal colocadas... o resultado são calçadas desniveladas e esburacadas...
Isso qualquer material aqui no Rio, né? As calçadas do Rio são um verdadeiro carnaval de materiais, e todas sempre desniveladas e feitas de qualquer jeito. Outro dia a Tim veio fazer um serviço, abriu um buraco e tapou com areia. Tá lá até agora. O Rio tem um verdadeiro descaso com suas calçadas, a do meu bairro está um desastre, a menos pior é justamente a Boulevard, que é de pedras Portuguesas.
Não existe algum piso que imite pedras portuguesas, com desenhos, e ao mesmo tempo seja uniforme e não escorregadio?


Não é muito difícil imaginar algo assim, que pode ser feito em fôrmas daquele material que dos pisos de orientação para cegos:



Olha a oportunidade de negócio original!
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O calçamento em pedra portuguesa é muito bonito, mas precisa ser assentado pelos melhores calceteiros. E pior: uma vez tendo a necessidade de quebrá-lo, ele jamais recupera a harmonia original, tendo de ser completamente refeito caso não se queira lidar com rachaduras, pedras soltas e todas as consequências desagradáveis advindas desse tipo de piso.

Para mim, deveriam retirar esses pisos e substituir por pisos intertravados: quanto mais fácil de repor, manter e fazer manutenção, melhor! A pedra portuguesa deveria permanecer apenas em lugares com valor histórico, cuja retirada descaracterizasse o conjunto.
Isso qualquer material aqui no Rio, né? As calçadas do Rio são um verdadeiro carnaval de materiais, e todas sempre desniveladas e feitas de qualquer jeito. Outro dia a Tim veio fazer um serviço, abriu um buraco e tapou com areia. Tá lá até agora. O Rio tem um verdadeiro descaso com suas calçadas, a do meu bairro está um desastre, a menos pior é justamente a Boulevard, que é de pedras Portuguesas.
Depende. Eu achei que a colocação do piso das calçadas na reforma da zona portuária foi muito bem feita... gosto muito do padrão de lá.
Aqui em BH é um tal de calçamento de pedras portuguesas remendado porcamente ou com as pedras soltas, sendo perigo para os pedestres e os vândalos podem usa-las para quebrar vidraças.

Se dependesse de mim, baniria tudo, exceto em lugares tombados e cobraria manutenção e conservação.
para Lisboa...e que sirva de exemplo para, como em Belo Horizonte, alguns insistem nesse tipo de calçamento ultrapassado, inseguro, e de manutenção (cara) constante!
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Quando bem feito,manutenção adequada e a pedra certa é lindo!Conhecendo Portugal vão mexer o minimo possível,pois a maioria é patrimônio histórico.
Que tapa na cara do doutores do patrimônio histórico do Brasil.
Aqui é impensável discutir a retirada dessas calçadas, mesmo sem verba ou vontade política para mantê-las em bom estado. Aquela reportagem da Globo, em que a senhora foi roubada durante a entrevista e que mostra um marginal pegando no chão uma pedra da calçada portuguesa e quebrando o vidro do ônibus é um exemplo do bom uso desse tipo de calçamento no Brasil.
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É o que deveríamos fazer também. O problema é algumas calçadas são até tombadas, como a calçada em motivo marajoara da Praça Raul Soares em BH:

A reforma ficou muito bem-feita, mas basta que uma raiz pressione a calçada e um tanto de pedra sai do lugar.
A reportagem tenta criar um alarde (e funciona, veja as comemorações aqui) mas não deixa claro QUANTO e ONDE será substituído. Ficou no ar, sem informação concreta alguma. Aposto que nenhum local minimamente relevante da cidade terá o piso substituído.
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DUVIDO que irão retirar as pedras portuguesas do centro histórico e de sítios tombados. Esse é simplesmente um dos símbolos-mor de Portugal, seria um sacrilégio, uma afronta contra a humanidade.

Sério, acho um completo absurdo que alguém ainda tenha a capacidade de sugerir e aprovar uma medida esdrúxula dessa. Seria o mesmo que quebrar a escadaria da Torre de Belém e trocar seu mármore secular esburacado por cimento queimado e borracha para acabar com seu piso extremamente escorregadio.

Ora, o que nao falta é tecnologia para resolver isso sem agedir o patrimônio histórico. Se alguém tivesse bom senso, aplicaria uma substância nas pedras portuguesas que aumentasse o atrito, mas sempre procuram a mais imbecil e barata das soluções.

Para quem sugeriu algo assim em BH: shame on you, guys. Graças a Deus acho difícil realizarem uma balbúrdia dessa.
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^^
Não acredito que eles tenham pensado em trocar as calçadas tombadas.
Acho que o objetivo principal é evitar que novas calçadas apareçam e talvez trocar alguma mais nova que não tenha relevância histórica.
O problema que vejo no Brasil e em Portugal é que continuam colocando essa calçada em locais extremamente movimentados e que não têm nenhuma ligação histórica com a calçada.
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Um sonho: as calçadas de Belo Horizonte, minha cidade, serem como essas de Washington:



Ou Tóquio




Mas "calçadas portuguesas"?


Tô fora!

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Odeio essas calçadas, tinham é que arrancar tudo e trocar por essas de Tóquio.
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A relevância histórica é mais importante que a segurança do pedestre? Minha mãe por exemplo já se acidentou usando saltos nesse lixo de pedra varias vezes, e olha que estava bem colocadas.
Alem de serem feias.
Graças a deus que aqui em Fortaleza não colocam mais essa coisa escrota. As pedras cariri dominam aqui. Os tijolos também.
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