Valeu o reconhecimento
Caro arq.henrique, meus parabéns por esse tópico de utilidade pública e espírito cívico. E que inveja do Rio por ter uma legislação tão avançada e civilizada, que protege todos os imóveis anteriores a 1938 (nessa infeliz cidade dominada pela máfia da especulação imobiliária que é São Paulo, nem prédios do séc. XIX, raríssimos e em número incomparavelmente menor que no Rio de Janeiro, estão a salvo do vandalismo e da ganância).
Como cidadão brasileiro desiludido e indignado com tanta coisa errada sendo feita neste país, é de lavar a alma e renovar as esperanças no nosso futuro. Muito obrigado!
PS. peço aos moderadores que mantenham esse tópico como um “sticky por alguns dias, (uns 4 ou 5 já são suficientes), por sua relevância – tenho certeza de que nenhum colega há de discordar da minha sugestão.
Obrigado, Jorge, pelo reconhecimento. Há muito eu venho tentado abrir este tópico mas por vários motivos fui adiando...
Agradeço também a sugestão de deixar o tópico como "stick" pois o mais interessante seria que essa informação fosse mais difundida.
Vou deixar um desabafo. A Legislação realmente é bastante avançada se comparada com o resto do país, mas por outro lado, a falta da divulgação da legislação e do nosso trabalho ainda leva a que muitos imóveis sejam perdidos ...
A grande maioria da população, inclusive muitos arquitetos e engenheiros cariocas desconhecem a legislação do município. Não procuram saber quais são os edifícios protegidos, e tocam obras de forma irregular.
Vou explicar melhor o problema com um exemplo: Um arquiteto recebe a proposta de construir um imóvel no bairro da Tijuca, por exemplo. No terreno ainda existe uma antiga casa, da década de 20/30. Provavelmente neocolonial. Logo faz o projeto que parte da demolição do imóvel. Em poucos dias a casa está no chão e a obra começa. Só então ele resolve dar entrada na prefeitura pra "legalizar" a obra. Mas aí tem um susto, o imóvel era preservado por um decreto que tombava uma igreja no quarteirão vizinho e criava um entorno de proteção de Bem Tombado (podemos apelidar de mini-APAC, mas não é bem isso). E agora? Um técnico da SEDREPAHC vai inocentemente fazer uma vistoria e descobre que o bem preservado foi demolido! Problema a vista. A obra é embargada, o proprietário multado e a penalidade pode variar desde a reconstrução do imóvel até cadeia, se for considerado crime ambiental, e pode ser... O arquiteto vem alegando que não sabia... realmente não sabia, mas não é nossa obrigação ao menos procurar saber quando vamos projetar, não é isso que aprendemos na faculdade?
É isso. O caso é muito pior quando é obra em imóveis anteriores a 1938, que qualquer obra tem que ser aprovada pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural. Como há a possibilidade de autorizar-se qualquer obra nesses imóveis, o que acaba é que se legaliza praticamente todas as demolições irregulares. Pois não sabia-se o que existia antes no local, há não ser que haja fotografias que provem que havia um imóvel de interesse ao Patrimônio Cultural, nada acontece... O que fazemos é que investigamos com vizinhos ou no nosso acervo fotográfico se temos alguma coisa, mas só acontece em 5% dos casos...
Então:
1 - Se você for fazer uma obra, seja como proprietário, como projetista ou responsável: Tenha antes a licença de obras! Dê entrada na Prefeitura.
2 - Se o imóvel for antigo, tem que ter aprovação do CMPC (Conselho).
3 - Se for dentro de APAC, mesmo que não seja tombado ou preservado, procure orientação na SEDREPAHC antes de realizar qualquer obra, ou mesmo antes do projeto, para ser orientado. Há recomendações quanto à gabarito, revestimentos, implantação e usos que devem ser obedecidos.
4 - Conheça a história do bairro e da cidade antes de projetar. O seu prédio será parte da história dessa cidade.
5 - Respeite os imóveis existentes.
6 - Respeite a tipologia e o estilo do imóvel se for reformar. Isso não quer dizer que deva copiar ou repetir o estilo existente, apenas respeite.
7 - Saiba o que está projetando, o que é principalmente porquê é.
Mais ou menos isso que eu espero dos arquitetos...