Fonte: Correio da Bahia
População reclama de detonações na Lapa
METRÔ
As implosões acontecem no local das obras do metrô
Por Cilene Brito
O som da sirene que ecoa pela Estação da Lapa, quase que diariamente, é o alerta para que a vendedora ambulante Maria da Graças dos Santos, 45 anos, deixe o local às pressas. O sinal avisa que dentro de alguns minutos mais uma implosão de dinamites das obras do metrô vai acontecer. "Não me acostumo com esse barulho. Além disso, tenho muito medo de que aconteça alguma coisa na hora da explosão. Prefiro não ficar por perto", diz a vendedora que trabalha no local há cinco anos.
A insegurança da vendedora não é um ato isolado. Muitos transeuntes que circulam diariamente pela estação e comerciantes que possuem ponto comercial no local alegam sentir insegurança durante as detonações. As implosões acontecem entre 7h30 e 17h, quase todos os dias. No momento da ação, diversos locais são interditados, como a escadaria que liga a Avenida Joana Angélica à estação, a escadaria que liga a Rua do Coqueiro à estação, todas as escadas que ligam o térreo com o subsolo e todas as entradas de ônibus. Tudo é feito pelos próprios operários, que nem sempre conseguem conter a passagem dos transeuntes nos locais proibidos.
"Eles deveriam deixar uma placa informando o horário exato da detonação do dia para que as pessoas possam se preparar. Tem muita gente que não pode tomar esse tipo de susto e não deveria ficar aqui", avaliou a universitária Sheila Araújo, 27 anos. A estudante, que já presenciou três detonações, afirma temer um acidente no momento da implosão. "Acho perigoso manter tanta gente dentro da estação para fazer este procedimento", diz.
Os comerciantes que possuem ponto comercial no local também afirmam temer as implosões. Além do medo, eles se queixam que já tiveram materiais danificados durante as detonações. "Já tivemos sérios problemas com estas detonações. O nosso equipamento de revelação já foi danificado em função da trepidação, e tivemos um grande prejuízo. Fomos reclamar com os responsáveis pelas obras e não deu em nada", conta a gerente comercial da Fotolab, Evani Ramos.
O engenheiro civil, Ubiratã Félix, presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, afirma que, embora não conheça a técnica utilizada pela empresa responsável pelas obras do metrô, "é possível realizar implosões em áreas urbanas sem causar riscos à população". Ele salienta, no entanto, que é preciso fazer avaliações constantes para saber se a estrutura física do local está sendo abalada.
O supervisor das obras do metrô na Estação da Lapa, Márcio Pedroso, afirma que não é possível prever o momento exato das detonações, mas garante que não há riscos de acidentes no local. "Utilizamos as técnicas mais avançadas e seguras de detonação para evitar que qualquer fragmento seja projetado para fora da área prevista. Além disso, toda a estrutura física da estação está sendo avaliada, constantemente, por sismógrafos, para que não haja riscos à população", contou. Segundo Pedroso, as detonações devem continuar até o mês de outubro.