Em Belém
Primeira etapa da revitalização da avenida começa na semana que vem
A partir da próxima semana, a rodovia Augusto Montenegro começa a ser revitalizada. A urbanização da via inclui drenagem, pavimentação em polímero, sinalização, ampliação da rede de iluminação pública e a construção de uma ciclovia. O projeto completo da urbanização da rodovia está sendo preparado pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan). Mas a obra será executada em etapas, segundo o prefeito de Belém, Duciomar Costa.
Dos 13,7 quilômetros que compõem a Augusto Montenegro, a prefeitura vai começar a trabalhar os primeiros dois quilômetros da via. Esta primeira etapa começa na confluência com o Entroncamento e se estende até a rua do Una. Duciomar acredita que trabalhar em etapas permite que a população tenha acesso mais rápido ao benefício. 'Como se trata de uma rodovia longa, com quase 14 quilômetros de ida e 14 de volta, precisamos segmentar os trabalhos para evitar transtornos aos moradores e população que se utiliza deste acesso', ponderou.
As obras devem começar no próximo dia 15 e a conclusão da primeira fase da urbanização, disse o prefeito, é de seis meses. A principal intervenção de revitalização da Augusto Montenegro é a construção da ciclovia até Icoaraci. 'Existe um número de ciclistas muito grande naquela região, o que justifica a ciclovia. O que vem acontecendo é que ocorrem muitos acidentes com vítimas fatais, principalmente nesse primeiro trecho em que as obras vão começar', comentou.
Para o prefeito, a ciclofaixa não resolve o problema de segurança no trânsito para os ciclistas. E a ciclovia, sim, segundo ele, vai protegê-los dos abusos dos motoristas. 'A Augusto Montenegro reclama por obras dessa natureza. A região está crescendo muito e de forma muito rápida, já exigindo do poder público uma ação assim', disse, se referindo aos distritos de Icoaraci e Outeiro, mais os conjuntos habitacionais, condomínios residenciais e empresas instaladas ao longo da via, além da interligação em dois trechos - rua do Una e avenida Independência - com o município de Ananindeua.
Outra razão de executar a revitalização em etapas é o alto custo da obra, que será efetivada com recursos próprios da Prefeitura de Belém. Toda a extensão da rodovia custará em torno de R$ 35 milhões, o maior investimento realizado nos últimos 21 anos na Augusto Montenegro, incluindo os serviços de drenagem, asfaltamento em polímero, iluminação pública, sinalização e construção da ciclovia. 'A Augusto Montenegro não foi planejada para toda essa demanda, por isso precisamos adequá-la à nova realidade e não mais remendos e tapa-buracos paliativos', acrescentou.
Comunidade comemora as mudanças na via
Só mesmo quem precisa passar todos os dias pela Augusto Montenegro sabe da importância não apenas da construção de uma ciclovia, mas a instalação de passarelas ao longo da via. Passarela, aliás, é a principal reivindicação de pedestres e usuários de ônibus que utilizam a rodovia diariamente. A comerciária Franci Oliveira, 34 anos, mora no conjunto Maguari e trabalha no início da rodovia, em uma loja de assistência técnica. Segundo ela, todos os dias de manhã precisa esperar meia hora para atravessar as pistas e chegar ao local de trabalho. 'É uma avenida perigosa e sempre um caos para atravessar. As passarelas do Entroncamento só foram desperdício de dinheiro. Não servem para nada', reclamou.
A dona-de-casa Elza Oliveira Coelho, de 60 anos, que mora no Benguí, tem reclamações de dentro e fora do entorno da rodovia. Segundo ela, a via de acesso ao seu bairro ficou sem meio-fio e muito ruim para o pedestre chegar à Augusto Montenegro. Engarrafamentos e acidentes também amedrontam a dona-de-casa quando precisa sair e caminhar em qualquer trecho da rodovia. 'O que a gente mais quer aqui é passarela. E se a prefeitura puder construir a do shopping (Castanheira), vai melhorar mais ainda', sugeriu.
O pintor José Wellinton Silva Gomes, de 42 anos, sai quase todos os dias de casa para trabalhar. Para economizar dinheiro, usa a bicicleta para se locomover. Mas sabe bem dos perigos que isso representa. 'Eu moro na Cidade Nova e venho cortando caminho por aqui. A segurança para o ciclista é muito precária. A ciclovia deveria ser construída pelo menos até na frente do Mangueirão', posicionou-se. Wellinton garante que o trecho mais crítico é o começo da Augusto Montenegro, logo depois do Entroncamento. 'Tem sempre muito carro embolado e que se jogam em cima da gente', protesta.
Martinho dos Santos Mercês, 56 anos, trabalha em uma estância na margem direita da rodovia, sentido Belém-Icoaraci. Como usa a bicicleta diariamente, também tem cuidados redobrados. Por isso defende que a ciclovia da via seja mais alta e mais segura. 'Aquela da Almirante Barroso nem é tão segura assim, porque os carros ainda batem e sobem', comentou.
Grávida de cinco meses, Ivanilza Silva dos Santos, de 23 anos, espera que a rodovia fique melhor com as obras, para que seu bebê possa passear com a mãe sem tantas preocupações. 'A gente ouve sempre muita promessa. Se construírem as passarelas e a ciclovia, já resolveria', afirma. O marido dela, Márcio Costa, 21, reclama ainda da insegurança para pedestres em todos os sentidos. 'O problema no Entroncamento é que tem muito assalto'.
O vendedor ambulante Arian Dias, 42 anos, trabalha há 7 anos na calçada da rodovia e já tem muita história para contar. 'Eu já vi tanto acidente, tanta gente se machucar, que já perdi a conta', revela.
Promotoria tenta acordo sobre sistema binário
Depois de quase três horas de reunião no prédio do Ministério Público do Estado (MPE), não houve acordo entre representantes da Prefeitura de Belém e das comunidades dos bairros do Telégrafo, Barreiro e Sacramenta sobre as mudanças do projeto 'binário' que alterou o tráfego e retirou linhas de ônibus das avenidas Pedro Álvares Cabral e Senador Lemos. Os representantes das comunidades pediram que a prefeitura promova três audiências públicas nesses bairros para apresentar e explicar o projeto.
A proposta recebeu apoio dos promotores do MPE, Daniela Dias, de Justiça do Meio Ambiente, Jorge de Mendonça Rocha, dos Direitos Constitucionais, e Marco Aurélio Nascimento, da Defesa do Consumidor. Foi dado prazo até sexta-feira, 9, para que a prefeitura responda sobre a realização das audiências. Os moradores já avisaram que vão continuar os protestos para ter linhas de ônibus que atendam a comunidade. 'Vamos fazer um novo protesto na quarta-feira (amanhã) e se for preciso vamos fechar as vias', ameaçaram. A manifestação será iniciada a partir das 7 horas. O local do ato público ainda não foi definido pelos coordenadores do movimento. Os representantes das secretarias municipais pediram para levar o pedido ao prefeito Duciomar Costa para avaliação.
Segundo os moradores dos três bairros, os representantes da Companhia de Transportes dos Municípios de Belém (Ctbel) e das Secretarias Municipais de Urbanismo (Seurb), Sanemaneto (Sesan) e Meio Ambiente (Semma) não apresentaram nenhuma proposta nova durante a reunião. Houve apenas uma apresentação técnica sobre o projeto. 'A alternativa de linhas pela rua Nova e pelo canal São Joaquim foi uma proposta de alguns moradores, mas não decisão da comunidade, porque tanto para quem mora no Barreiro, Telégrafo ou Sacramenta é muito perigoso atravessar para pegar ônibus ou voltar à noite para casa pelo Acampamento. A empresa Sacramenta Nazaré colocou ônibus e sofreu quatro assaltos em apenas dois dias. Hoje estamos sem ônibus', reclamou Pedro Maia, representante do Telégrafo.
Segundo os moradores, o projeto foi implantado pela prefeitura sem realização de audiências públicas para consulta e esclarecimentos à população da área. O projeto modificou o sentido do tráfego de ônibus na Pedro Álvares Cabral e Senador Lemos e virou alvo de críticas dos moradores. Sem ônibus, eles já fecharam por várias vezes as duas avenidas e prometem continuar os protestos se não houver mudança para beneficiar quem ficou sem ônibus.
Fonte: Portal ORM