Parte I - Reabilitação
Começo pelo Palácio de Marquês de Tancos, cujas obras de recuperação (?) muito falatório têm dado ultimamente.
Diz a Câmara de Lisboa no seu site aqui : http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/palacio-do-marques-de-tancos
o seguinte:
"A origem do Palácio Tancos remonta a 1539, com a fundação da antiga residência dos Ataíde. A transformação desta casa quinhentista em palácio parece ter ocorrido no início do séc. XVII, com o 1º Conde de Atalaia, D. Francisco Manuel de Ataíde. Na primeira metade do séc. XVIII, o palácio foi objecto de ampliação e restauro às mãos do 6º Conde de Atalaia e 1º Marquês de Tancos, D. João Manuel de Noronha. Exemplar de arquitectura residencial maneirista, classificado como Imóvel de Interesse Público, foi um dos poucos palácios lisboetas que sobreviveu ao Terramoto de 1755. De planta irregular e implantação assimétrica, adapta-se perfeitamente ao desnível do terreno, domina urbanisticamente toda a encosta da cidade entre a Sé e o Castelo. A sua fachada marcadamente horizontal, de linhas sóbrias, rasgada por longas fileiras de janelas de vão rectangular, apresenta uma decoração simples, concentrada apenas no andar nobre, que exibe janelas de sacada com guardas de ferro, coroadas por entablamento. No interior, apesar dos espaços do palácio terem sido sucessivamente vendidos e transformados, conserva-se grande parte do recheio artístico original, destacando-se o espólio azulejar composto por painéis de finais do séc. XVII a meados do séc. XVIII, notável pela sua diversidade, qualidade pictórica e iconografia."
Depois fica-se a saber da sua venda no Expresso por exemplo : http://expresso.sapo.pt/sociedade/c...-milhoes-de-euros-na-venda-de-predios=f892857
" (...)Na coluna das receitas, o segundo lugar foi para o Palácio do Marquês de Tancos: rendeu €5.482.000, quando tinha uma base de licitação de cinco milhões de euros. São mais de cinco mil metros quadrados de área de construção.
Foi como Palácio do Marquês de Tancos que o leilão verdadeiramente aqueceu. Até então, a parada ía subindo de mil em mil euros. Com o edifício da Calçada do Marquês de Tancos foram feitos pela primeira vez lanços de €10 mil, depois de €20 mil e por fim de €50 mil.
Se foram aqueles dois imóveis (muito provavelmente destinados à hotelaria, segundo fontes do mercado imobiliário) a possibilitar o maior encaixe,(...)"
Através das oportunidades da Câmara :
"Código SIG: 3800803003001
Morada: Palácio Marques de Tancos - Calçada do Marquês de Tancos, 2-10
Freguesia: Santa Maria Maior
Descrição do registo predial: 228/São Cristóvão e São Lourenço
Artigo matricial: 515/Santa Maria Maior
Área registada (m2): 1.690,00
Área bruta de construção (m2):
5.083,64
Estado / Arrendamentos:
Devoluto
Usos permitidos:
Todos os usos admitidos
Valor de licitação: 5.000.000,00 €
Fonte: http://cidadedeoportunidades.cm-lis...oi]=31&cHash=17baf2335d175e33b6d09f6a6e51ea71
Com plantas aqui : http://cidadedeoportunidades.cm-lisboa.pt/fileadmin/CIDADE_OPORTUNIDADES/superior1M/3800803003001/PLANTAS.pdf
A um grupo Francês sabemos pelo Público : https://www.publico.pt/2014/10/08/l...-queria-mas-encaixou-o-valor-previsto-1672334
"Já os franceses do grupo Repotel, uma holding que tem uma administradora de origem portuguesa e possui várias residências medicalizadas para idosos na região de Paris, conseguiram ficar, através da 2 I Inter Investissements, com os palácios Marquês de Tancos e Monte Real, pagando um total que ronda 8,5 milhões.
Os dois edifícios situam-se perto um do outro, na zona do Caldas. O primeiro, classificado como imóvel de interesse público, serve ainda de sede à empresa municipal EGEAC, e foi vendido por 5,5 milhões (base de licitação de cinco milhões). "
Entretanto, com mais algumas pesquisas pelo google, venho a encontrar trabalhos que me parecem lindíssimos de réplicas de azulejos com destino ao Palácio Marquês de Tancos aqui : https://tardoz.wordpress.com/2017/07/31/rocaille/
"JULHO 31, 2017
Entreguei a semana passada 32 réplicas de azulejos para colmatarem as lacunas integrais existentes em cinco silhares de uma das salas do Palácio Marquês de Tancos, em Lisboa.
A tarefa não foi totalmente fácil – os azulejos originais adjacentes às lacunas estavam todos nas paredes; os azulejos em falta tinham todos medidas diferentes, algumas muito estranhas como 15,3 x 14,2cm ou 13,5 x 13,8cm e as chacotas tiveram de ser cortadas à mão uma a uma para cada lugar; os desenhos foram copiados de cócoras no meio da poeirada e ajustados caso a caso para ver se as linhas de contorno e as manchas cromáticas batiam certas o mais possível com os desenhos de entorno e por fim, encontrar o tom de manganês igual ao original é uma chatice e pode dar cabo da cabeça de qualquer um.
Curiosamente, correu praticamente tudo bem à primeira – e os azulejos já estão na parede. Confesso que por esta não esperava, mas fico muito satisfeita."
Agora deparando-nos com as notícias de pedido de embargo da obra, e não me vou dedicar muito à temática do embargo neste tópico das obras privadas - embora mereça, - venho-me questionar, mas que trampinha de trabalho temos aqui ?
Em que, ainda sobre o trabalho de obra, e tal : "O restauro dos azulejos, indicou o responsável, ficou a cargo de uma “empresa especializada”, a GPCR - Gabinete de Património Conservação e Restauro, e demorou cerca de um ano e meio a ser concluído. “Foi feito um trabalho louvável”, acredita o responsável.
Quanto à intervenção que foi criticada pelo grupo de cidadãos, e que motivou o apelo à câmara de Lisboa, Fernando Osório explicou que aquela divisão será um balneário e que “já funcionava como instalação sanitária do anterior arrendatário”. Por isso, foi revestida por azulejos novos para ser um balneário, sem contudo serem retirados os antigos azulejos. E explicou que a solução encontrada passou pela instalação de uma segunda parede, em pladur, colocada a fazer “uma espécie de caixa” por onde passarão canos da água, mantendo assim afastados os antigos azulejos. "
Neste fonte : https://www.publico.pt/2017/10/19/l...-de-tancos-mas-as-obras-continuam-1789413/amp
Pergunto-me muito francamente se quem investiu avultada soma num edifício deste calibre histórico (patrimonial inclusivamente) não tenha investido num arquitecto ? E numa empreitada que nos conseguisse apresentar melhor dignidade, para além de todo o resto, e também estética mais harmoniosa ?
Se calhar sou eu que estou a ser esquisita. Mas que razão há que eu não esteja a ver para este trabalhinho tal mal anagalhado ?
Imagens do antes.
Mais imagens do antes : http://cidadedeoportunidades.cm-lis...oi]=31&cHash=17baf2335d175e33b6d09f6a6e51ea71
Começo pelo Palácio de Marquês de Tancos, cujas obras de recuperação (?) muito falatório têm dado ultimamente.
Diz a Câmara de Lisboa no seu site aqui : http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/palacio-do-marques-de-tancos
o seguinte:
"A origem do Palácio Tancos remonta a 1539, com a fundação da antiga residência dos Ataíde. A transformação desta casa quinhentista em palácio parece ter ocorrido no início do séc. XVII, com o 1º Conde de Atalaia, D. Francisco Manuel de Ataíde. Na primeira metade do séc. XVIII, o palácio foi objecto de ampliação e restauro às mãos do 6º Conde de Atalaia e 1º Marquês de Tancos, D. João Manuel de Noronha. Exemplar de arquitectura residencial maneirista, classificado como Imóvel de Interesse Público, foi um dos poucos palácios lisboetas que sobreviveu ao Terramoto de 1755. De planta irregular e implantação assimétrica, adapta-se perfeitamente ao desnível do terreno, domina urbanisticamente toda a encosta da cidade entre a Sé e o Castelo. A sua fachada marcadamente horizontal, de linhas sóbrias, rasgada por longas fileiras de janelas de vão rectangular, apresenta uma decoração simples, concentrada apenas no andar nobre, que exibe janelas de sacada com guardas de ferro, coroadas por entablamento. No interior, apesar dos espaços do palácio terem sido sucessivamente vendidos e transformados, conserva-se grande parte do recheio artístico original, destacando-se o espólio azulejar composto por painéis de finais do séc. XVII a meados do séc. XVIII, notável pela sua diversidade, qualidade pictórica e iconografia."
Depois fica-se a saber da sua venda no Expresso por exemplo : http://expresso.sapo.pt/sociedade/c...-milhoes-de-euros-na-venda-de-predios=f892857
" (...)Na coluna das receitas, o segundo lugar foi para o Palácio do Marquês de Tancos: rendeu €5.482.000, quando tinha uma base de licitação de cinco milhões de euros. São mais de cinco mil metros quadrados de área de construção.
Foi como Palácio do Marquês de Tancos que o leilão verdadeiramente aqueceu. Até então, a parada ía subindo de mil em mil euros. Com o edifício da Calçada do Marquês de Tancos foram feitos pela primeira vez lanços de €10 mil, depois de €20 mil e por fim de €50 mil.
Se foram aqueles dois imóveis (muito provavelmente destinados à hotelaria, segundo fontes do mercado imobiliário) a possibilitar o maior encaixe,(...)"
Através das oportunidades da Câmara :
"Código SIG: 3800803003001
Morada: Palácio Marques de Tancos - Calçada do Marquês de Tancos, 2-10
Freguesia: Santa Maria Maior
Descrição do registo predial: 228/São Cristóvão e São Lourenço
Artigo matricial: 515/Santa Maria Maior
Área registada (m2): 1.690,00
Área bruta de construção (m2):
5.083,64
Estado / Arrendamentos:
Devoluto
Usos permitidos:
Todos os usos admitidos
Valor de licitação: 5.000.000,00 €
Fonte: http://cidadedeoportunidades.cm-lis...oi]=31&cHash=17baf2335d175e33b6d09f6a6e51ea71
Com plantas aqui : http://cidadedeoportunidades.cm-lisboa.pt/fileadmin/CIDADE_OPORTUNIDADES/superior1M/3800803003001/PLANTAS.pdf
A um grupo Francês sabemos pelo Público : https://www.publico.pt/2014/10/08/l...-queria-mas-encaixou-o-valor-previsto-1672334
"Já os franceses do grupo Repotel, uma holding que tem uma administradora de origem portuguesa e possui várias residências medicalizadas para idosos na região de Paris, conseguiram ficar, através da 2 I Inter Investissements, com os palácios Marquês de Tancos e Monte Real, pagando um total que ronda 8,5 milhões.
Os dois edifícios situam-se perto um do outro, na zona do Caldas. O primeiro, classificado como imóvel de interesse público, serve ainda de sede à empresa municipal EGEAC, e foi vendido por 5,5 milhões (base de licitação de cinco milhões). "
Entretanto, com mais algumas pesquisas pelo google, venho a encontrar trabalhos que me parecem lindíssimos de réplicas de azulejos com destino ao Palácio Marquês de Tancos aqui : https://tardoz.wordpress.com/2017/07/31/rocaille/
"JULHO 31, 2017
Entreguei a semana passada 32 réplicas de azulejos para colmatarem as lacunas integrais existentes em cinco silhares de uma das salas do Palácio Marquês de Tancos, em Lisboa.
A tarefa não foi totalmente fácil – os azulejos originais adjacentes às lacunas estavam todos nas paredes; os azulejos em falta tinham todos medidas diferentes, algumas muito estranhas como 15,3 x 14,2cm ou 13,5 x 13,8cm e as chacotas tiveram de ser cortadas à mão uma a uma para cada lugar; os desenhos foram copiados de cócoras no meio da poeirada e ajustados caso a caso para ver se as linhas de contorno e as manchas cromáticas batiam certas o mais possível com os desenhos de entorno e por fim, encontrar o tom de manganês igual ao original é uma chatice e pode dar cabo da cabeça de qualquer um.
Curiosamente, correu praticamente tudo bem à primeira – e os azulejos já estão na parede. Confesso que por esta não esperava, mas fico muito satisfeita."
Agora deparando-nos com as notícias de pedido de embargo da obra, e não me vou dedicar muito à temática do embargo neste tópico das obras privadas - embora mereça, - venho-me questionar, mas que trampinha de trabalho temos aqui ?
Em que, ainda sobre o trabalho de obra, e tal : "O restauro dos azulejos, indicou o responsável, ficou a cargo de uma “empresa especializada”, a GPCR - Gabinete de Património Conservação e Restauro, e demorou cerca de um ano e meio a ser concluído. “Foi feito um trabalho louvável”, acredita o responsável.
Quanto à intervenção que foi criticada pelo grupo de cidadãos, e que motivou o apelo à câmara de Lisboa, Fernando Osório explicou que aquela divisão será um balneário e que “já funcionava como instalação sanitária do anterior arrendatário”. Por isso, foi revestida por azulejos novos para ser um balneário, sem contudo serem retirados os antigos azulejos. E explicou que a solução encontrada passou pela instalação de uma segunda parede, em pladur, colocada a fazer “uma espécie de caixa” por onde passarão canos da água, mantendo assim afastados os antigos azulejos. "
Neste fonte : https://www.publico.pt/2017/10/19/l...-de-tancos-mas-as-obras-continuam-1789413/amp
Pergunto-me muito francamente se quem investiu avultada soma num edifício deste calibre histórico (patrimonial inclusivamente) não tenha investido num arquitecto ? E numa empreitada que nos conseguisse apresentar melhor dignidade, para além de todo o resto, e também estética mais harmoniosa ?
Se calhar sou eu que estou a ser esquisita. Mas que razão há que eu não esteja a ver para este trabalhinho tal mal anagalhado ?
Imagens do antes.

Mais imagens do antes : http://cidadedeoportunidades.cm-lis...oi]=31&cHash=17baf2335d175e33b6d09f6a6e51ea71