Santarém com investimentos superiores a 500 milhões
O grande parque da cidade nascerá da requalificação da Ribeira que será protegida do risco de inundações com a construção de um dique
A construção da variante ferroviária, a requalificação da zona ribeirinha e do centro histórico, a criação da Fundação da Liberdade e de um centro de turismo com escola de hotelaria e a instalação de uma unidade de cuidados integrados de saúde com capacidade para mais de 3000 camas são os principais projectos para o concelho de Santarém incluídos no Programa de Acção para o Oeste e Lezíria (PAOL). Investimentos que envolvem mais de 500 milhões de euros (o pacote de compensações aprovado pelo Governo soma cerca de 2,1 mil milhões de euros), que a Câmara de Santarém vai divulgar hoje.
Francisco Moita Flores, o social-democrata que preside à câmara escalabitana desde 2005, já disse que este vai ser "um volume de investimento nunca visto na região", capaz de devolver a Santarém o estatuto de grande pólo de desenvolvimento.
Para além dos cerca de 220 milhões de euros que a Refer já anunciara que vai investir na construção da variante ferroviária de Santarém, um percurso de 26 quilómetros entre as estações do Vale de Santarém e de Mato Miranda, desviando a Linha do Norte para oeste e libertando a Ribeira de Santarém para outras funções, o PAOL prevê investimentos de 78 milhões de euros exactamente na requalificação da zona ribeirinha da cidade.
O PÚBLICO apurou que em causa estão objectivos de requalificação da Ribeira de Santarém e da zona do Alfange, através da construção de um dique que liberte esta área dos riscos das inundações e a transforme no "grande parque da cidade". Prevê-se, assim, a criação de uma promenade de ligação ao Alfange e à Ribeira, aproveitando a plataforma do troço da Linha do Norte que será desactivado com a construção da variante. Nesta área deverão desenvolver-se actividades ligadas ao rio e estabelecimentos comerciais e lúdicos.
Nos núcleos urbanos do Alfange e da Ribeira, hoje caracterizados por espaços devolutos e degradados, fruto de um progressivo abandono agravado pelo efeito de barreira da linha férrea, estão previstas obras de realojamento habitacional apoiadas pelo Instituto da Habitação e Renovação Urbana.
Ao mesmo tempo, o projecto contempla a possibilidade de instalação de um pólo universitário ligado às ciências gastronómicas na antiga fábrica do Alfange, esperando-se que contribua para impulsionar a reabilitação de todo o núcleo urbano. Inclui, ainda, a criação de um porto fluvial e de um açude.
Os 78 milhões de euros estimados para toda esta intervenção deverão ser investidos entre 2008 e 2017, contando com 11 milhões de euros de investimento camarário, 40 de origem privada e 26,6 de fundos comunitários.
A requalificação do centro histórico da cidade é outra das apostas, com um investimento previsto da ordem dos 14 milhões de euros entre 2010 e 2013.
Prevê um protocolo entre a edilidade e o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico para agilizar os processos de licenciamento e a definição de verbas para a recuperação de alguns importantes valores do património escalabitano, como os conventos de Santa Clara e de São Francisco e as igrejas da Alcáçova e de Santa Iria da Ribeira. O projecto integra ainda a criação de uma pousada na área do Convento de São Francisco. A câmara assume também o objectivo de criar um centro comercial ao ar livre no centro histórico da cidade, a exemplo do que existe em Santiago de Compostela e em Florença.
78
Milhões de euros é quanto a autarquia conta gastar na requalificação da Ribeira de Santarém, com a construção de um dique que limite riscos de inundações e transformar a zona no parque da cidade.
Público