Urbanização do quartel divide Santarém
Oposição critica eventual urbanização de metade dos 26 hectares da antiga Escola Prática de Cavalaria. Moita Flores afirma que isso não está em causa. Assunto volta hoje à câmara
A proposta de elaboração de um plano de pormenor para os 26 hectares da antiga Escola Prática de Cavalaria que a Câmara de Santarém pretende adquirir à empresa pública Estamo está a gerar forte polémica na cidade. O assunto foi abordado na última reunião camarária e a votação foi adiada para a sessão de hoje, a pedido dos eleitos do PS. O executivo quer instalar ali a Fundação da Liberdade, com museus, auditórios e um parque ligado ao tema da liberdade e dos direitos humanos, e ocupar uma parte dos 26 hectares com áreas de habitação, comércio e serviços.
A oposição socialista não concorda, afirma que o executivo PSD pretende urbanizar cerca de 13 dos 26 hectares disponíveis e António Carmo (candidato do PS à câmara) já disse que isso gerará "uma densidade habitacional pesada, sacrificando a cidade com mais betão, quando actualmente existem muitos fogos para vender". O presidente da câmara, Francisco Moita Flores diz, por seu turno, que estas afirmações traduzem apenas "ignorância e algum histerismo pré-eleitoral" e que em causa "estão muito menos hectares de ocupação".
Na última sessão camarária, Moita Flores apresentou uma proposta para que fosse elaborado um plano de pormenor para 26, 2 hectares, incluindo áreas urbanizáveis (cerca de 13 hectares) e áreas de Reserva Ecológica, onde poderão ser instalados alguns equipamentos de cariz turístico. O autarca explicou que os parâmetros indicados visam também criar condições para que a Fundação da Liberdade "se alimente a si própria" e concretize os projectos previstos.
Já na semana passada, António Carmo defendeu que a câmara não deve tomar uma decisão destas a um mês das eleições autárquicas, sem ouvir a população. O candidato propõe, por isso, um amplo debate público e o adiamento da votação para depois das eleições. Embora admita que é necessário gerar receitas, António Carmo não aceita construção de alta densidade nesta zona e defende que sejam privilegiados espaços verdes e destinados ao desporto e lazer.
Moita Flores sustenta, por seu lado, que, nesta fase, está apenas em causa estabelecer parâmetros para a elaboração do plano. "Só com a aprovação prévia deste pressuposto, tal como do estudo de viabilidade financeira, que está a ser realizado, é que vai ser desenhado e proposto o futuro plano de pormenor", afirma o autarca, garantindo que ainda não há "nem arquitecto, nem distribuição de espaços", assim como não está ainda definida a localização dos vários equipamentos previstos para a Fundação da Liberdade.
Assegurando que, neste momento, trata-se apenas de um "banal procedimento administrativo", uma vez que o plano será apreciado e votado na câmara depois de feito, Moita Flores diz que sempre propôs que "este espaço fosse dedicado à Liberdade e não fosse permitida a especulação imobiliária em torno de um dos pilares da história de Santarém".
Público