Exposição: O "mundo" de Arthur Bispo do Rosário
O "mundo" de Arthur Bispo do Rosário
A exposição prossegue até o dia 16 de maio no Espaço Norcon Decide contando com banners, fotografias, réplicas de objetos confeccionados por Bispo do Rosário e uma instalação cenográfica. O Espaço Norcon Decide fica à avenida Oviêdo Teixeira, s/n. Horário de visitação: de segunda a sábado, das 9 horas às 19 horas e aos domingos, das 9 horas às 13 horas. Acesso gratuito.
Fonte:
http://2008.jornaldacidade.net/2008/agenda_exibir.php?id=9
Espaço Norcon Decide abriga o ‘mundo’ de Arthur Bispo do Rosário
Texto: Suyene Correia/Foto: Maria Odília
Sua vida e obra já foi retratada em peça de teatro, em livro e, agora, deve virar um filme- O Senhor do Labirinto- a ser rodado, no próximo mês de junho em Sergipe. Sua produção artística já per-correu vários museus pelo mundo, mas mesmo assim, a figura enigmática de Arthur Bispo do Rosário ainda é desconhecida para muitos de seus conterrâneos.
Por essas e outras razões, é que o Espaço Norcon Decide, através da Fundação Oviêdo Teixeira, abrigará a partir desta quinta-feira, a exposição Arthur Bispo do Rosário composta por instalação cenográfica e réplicas das obras do artista, produzidas por presidiários, costureiras, bordadeiras, artesãos e profissionais ligados às artes plásticas que serão utilizadas como objetos de cena no longa-metragem.
Sob a curadoria de Genilson Brito e direção de arte de Sérgio Silveira- também responsável por esta função no longa-metragem, a ser dirigido por Geraldo Motta- a exposição fica em cartaz até o dia 16 de maio, revelando um pouco do mundo labiríntico do sergipano, natural de Japaratuba.
"Como havia uma pauta disponível para exposição no Espaço Norcon Decide, fui convidado para dirigir esta mostra e achei extremamente interessante essa idéia. Já tinha mixado o nosso trabalho do Bispo com bordadeiras, com costureiras daqui, com presidiários, com artistas populares, com as ruas. Depois vi que o Bispo também merecia ser mixado com o grande poder imobiliário. Ele também deveria freqüentar um espaço de elite. Achei que isso ia ser um grande acontecimento", diz Silveira.
Em meio ao mármore e às vidraças que compõem a arquitetura do Espaço das Artes sob a chancela da Fundação Oviêdo Teixeira estará um pouco do mundo de Arthur Bispo do Rosário, representado por uma réplica de sua última cela, onde viveu de 1964 a 1989. A montagem do cenário será feita de forma minuciosa, de modo que o espectador seja transportado para o seu habitat criador.
"A exposição é um fragmento do labirinto do Arthur Bispo. O que ele produzia dentro de sua cela era uma maquete de sua memória cerebral, fazia parte do corpo dele. Portanto, a grande obra do Bispo é o conjunto, o seu habitat. Acho que isso tudo em meio àquele prédio imponente, vai dar um suspiro emocional muito forte", fala Silveira.
Para Genilson Brito, curador do Espaço Norcon Decide que funciona há 14 meses, esta exposição é uma oportunidade única dos sergipanos conferirem de perto, o universo sui generis do artista contemporâneo. "Ainda que a exposição seja composta de réplicas, fotografias dos originais e banners explicativos, o que será mostrado é o que se perdeu ao longo dos anos, desde a morte do Arthur Bispo do Rosário. A proposta é muito ousada e acredito que esta exposição vai dar o que falar", comenta Brito.
Para Péricles Machado, coordenador do Projeto das Artes, a expectativa é grande com relação a este evento. "Queremos divulgar não somente a arte sergipana, mas também a arte que faz sucesso no resto do mundo. Como o trabalho de Arthur Bispo do Rosário é pouco conhecido pelos sergipanos, daí o intuito de se realizar esta exposição: o de divulgar seu nome e sua obra".
Para um melhor entendimento de quem foi esse filho de Japaratuba, nascido em julho de 1909, Bispo era um homem à frente de seu tempo. Fazia arte sem saber que era vanguardista e o tempo era seu maior aliado. Completamente alheio à passagem dos anos, trancafiado numa solitária no hospital psiquiátrico (Colônia Juliano Moreira- RJ), Arthur Bispo produzia incessantemente um emaranhado de peças, que mais tarde foram classificadas em estandartes, assemblagens (ou vitrines) e ready-made.
Ao todo, são 804 objetos criados por Bispo do Rosário e catalogados pelo museu que recebe seu nome. A produção se iniciou em 1939, quando ele foi transferido do hospital psiquiátrico da Praia Vermelha para a Colônia Juliano Moreira, com o diagnóstico de esquizofrenia paranóide e só se encerrou, por conta de sua morte, em 5 de julho de 1989, vítima de um enfarto.
Segundo Sérgio Silveira, que chegou a Sergipe, no final do ano passado, a fim de pesquisar sobre o passado do artista contemporâneo cuja importância da obra é comparada a de Marcel Duchamp, ter contato com as origens do japaratubense é se reencontrar com o próprio Bispo de uma maneira afetuosa.
"Encontrei uma parte da personalidade criativa dele nos canaviais. Detalhes dos folguedos, dos barcos da região que estão presentes em estandartes e vitrines que ele criou. A sensação de esvaziamento da cidade pelo qual Bispo passou ainda menino, quando os barões largaram suas casas, quando os padres deixaram suas igrejas, as comunidades quilombolas foram abandonando seus mocambos indo para a Bahia, sobrevive até a morte dele. E esse vazio é que ele preenche com sua arte", conclui Silveira.
Fonte:
http://2008.jornaldacidade.net/2008
Quero muito visitar esta exposição. Espero também poder assistir ao filme que "retratará" a vida e obra deste sergipano e ilustre Bispo do Rosário.