Setor abriga mais de cinco mil lojas e gera 15 mil empregos diretos e indiretos
Com 199 anos, cidade goiana que virou setor goianiense une tradição com variedade e se firma como o maior polo comercial vertical da América Latina. Campinas, que comemora hoje 199 anos, é responsável por 74% da arrecadação tributária de Goiânia, gera cerca de 10 mil empregos diretos e cinco mil indiretos e possui mais de cinco mil lojas localizadas em torno das avenidas 24 de Outubro, Anhanguera e Castelo Branco. Os dados são da Associação dos Empresários de Campinas, que calcula que mais de 100 mil pessoas passem pela região diariamente.
A presidente da associação, Margareth Maia Sarmento, explica que há mais de 150 anos o local se tornou referência comercial. Diz que, ainda nos tempos dos carreiros, os caixeiros viajantes se encontravam na Praça Joaquim Lúcio para trocar mercadorias. "O mercado foi expandindo em torno da praça".
Ao longo dos anos, o comércio foi crescendo e adquirindo características típicas e ainda hoje é possível, por exemplo, entrar em uma loja em plena 24 de Outubro e ser atendido pessoalmente pelo proprietário. Além disso, Margareth lembra que o comércio cresceu de forma organizada, "as ruas segmentadas por produtos como tecidos, couro, agropecuários, vestuário, joias e móveis usados.”
Aparecida Maria de Jesus, 63, trabalha há 33 anos numa tradicional joalheria da Av. 24 de Outubro e viu o comércio se expandir, mudando de única opção de compra para os goianienses para a concorrência com os shoppings. "Antigamente, na época do Natal, ficava aqui até três horas da manhã". Ângela Pereira, 42, gerente da loja, lembra com saudosismo a época em que essa façanha era possível, quando o setor, ainda com jeito residencial, não atraía a violência.
Ângela e Aparecida acompanham o desenvolvimento do setor e relembram dos tempos em que a loja tinha apenas "uma portinha". Hoje, com ajuda do movimento de Campinas, a rede tem sete lojas na Capital e o faturamento perde só para as que estão locadas em shoppings.
Sucesso
O empresário Romeu Alves Pereira, 42, também conta histórias de sucesso do mercado campineiro. Há mais de 25 anos trabalhando na Castelo Branco, saiu de vendedor para proprietário da própria casa de produtos para pecuária. "A Castelo Branco é a avenida mais conhecida no Brasil no ramo do agronegócio", diz.
Pereira conta que diariamente entram cerca de 300 a 500 pessoas na sua loja, todos consumidores final. Lembra que quando conseguiu o emprego na loja que hoje é sua concorrente, Campinas parecia mais uma fazenda, agora, a empresa cresce de 8% a 10% ao ano. A rede que se constitui de duas lojas, todas na Castelo Branco, emprega 78 pessoas diretas e cerca de 200 indiretamente.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Pedro Bittar, lembra que Campinas tem uma "tradição e apelo histórico que, mesmo sendo um comércio de rua, com a chegada dos shoppings não se desvaloriza". Reflexo disso é o setor imobiliário que valoriza a cada ano. Segundo ele, é o setor que tem maior arrecadação da Capital e mantém o lado histórico por quase dois séculos. “Isso representa seu valor e demonstra crescimento”.
Margareth lembra que hoje ao longo da 24 de Outubro é possível encontrar todos os grandes varejistas de móveis, vestuário e calçados, agências de todos os bancos e ainda clínicas e hospitais. A facilidade de encontrar todo o comércio e serviço um do lado de outro atrai pessoas de todos os Estados, do interior e até do exterior. "Já vi muita gente que vem visitar Goiânia e prioriza comprar na 24 (de Outubro), gente da Espanha, Itália, Portugal e Estados Unidos", diz a presidente da associação.
http://www.dm.com.br/materias/show/t/campinas_e_responsavel_por_74_da_arrecadacao_de_goiania