Plano Urbano e Projeto Funcional para a Estação Nova Lapa
Com o enterramento da linha férra, os espaços tornam-se fluídos e sem barreiras
A marquise se estende por quase toda a linha férrea, fazendo menção ao percurso dos trilhos
Corte ilustrado - destaque para o córrego em ponte sobre as plataformas da estação
Com o enterramento da linha férrea, a região ganha um espaço público qualificado e integrado
A cobertura translúcida das estações permite que a luz natural alcance os subsolos
Sistema viário e ferroviário existentes
Implantação
Planta do mezanino
Seção transversal
Seção longitudinal
Arquitetura: UNA Arquitetos – Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Bárbara e Fernando Viégas
Colaboradores: Bruno Gondo, Carolina Klocker, Eduardo Martorelli e Luccas Matos
Consórcio: Falcão Bauer / Geribello
Ficha Técnica (pdf)
Complementares
Estrutural: Heloísa Maringoni
Método Construtivo: Luis Fernando Corrêa
Planilhas Orçamentárias: Straub Engenharia de Custos
Com uma história marcada pela presença da ferrovia em nível e de indústrias, que ao longo do tempo migraram para outros lugares, o bairro da Lapa, em São Paulo, tornou-se um espaço segregado e de difícil locomoção. Mas, pela sua localização privilegiada na cidade e ampla estrutura de serviços e comércio, o bairro possui grande potencial de uso.
A responsabilidade de propor uma transformação e recuperação desta área, através de um Plano Urbano e de um Projeto Funcional para uma nova estação de trem e metrô, foi destinada ao escritório UNA Arquitetos.
Talvez a palavra ‘transposição’ seja a que melhor caracterize a intenção dos projetos que prevêem não só a melhoria na circulação dos meios de transporte e pedestres, como a integração das duas partes do bairro da Lapa, que, atualmente, estão separadas pela ferrovia.
Vários aspectos chamam a atenção na proposta, mas o principal deles é o enterramento das linhas do trem num trecho de 01 km de extensão, entre os pátios existentes da Lapa e Água Branca. Assim, a malha ferroviária deixa de ser uma barreira na cidade e a ação traz possibilidades para construir um conjunto de edificações, ruas, passeios e espaços de lazer, numa proposta de nova integração do espaço e infra-estrutura qualificada.
Para viabilizar a obra, o projeto teve que ser dividido em duas fases, criando uma estratégia que, através da construção de duas paredes diafragma paralelas, seja possível construir um mezanino subterrâneo da estação e, em seguida, o enterramento da linha do trem e os novos espaços de serviços.
Como se não bastasse, a região ainda é cortada por um afluente do Rio Tietê, o córrego Tiburtino, que acabou sendo determinante para o desenho da estação, pois teve parte do seu trecho canalizado através de uma ponte sobre as futuras plataformas.
Já no nível da cidade, por onde passam hoje os trens, foi prevista uma marquise que se estende por quase todo o percurso da linha férrea enterrada, com o intuito de abrigar o comércio e entradas de novos edifícios. Em um jogo de aberturas, coberturas translúcidas e teto jardim, este elemento do projeto permite que a luz chegue até as plataformas de trem no subsolo e promova sombras nos espaços de permanência localizados no chão da cidade.
O arquiteto Fernando Viégas, um dos sócios do escritório UNA Arquitetos, revela que “a medida que o projeto foi sendo desenvolvido foram sendo descobertas certas interferências e o desafio foi enfrentá-las de forma que respondessem aos problemas da região e que dessem à Lapa uma conexão fluída, com um espaço público novo e qualificado”.
Percebe-se que, em um projeto deste porte, o transporte sobre trilhos não foi pensado setorialmente, mas integrado a operações urbanas municipais, a novas vias de conexão locais, a interferências infraestruturais existentes e que leva em conta a possibilidade do mercado imobiliário, através de edificações, reduzir os custos totais da implantação aos cofres públicos.
Situação atual da região