Túnel fará ligação entre Imigrantes e avenida
Passagem subterrânea de 4,5 km interligará a avenida Jornalista Roberto Marinho e a rodovia dos Imigrantes, na zona sul
A obra, com custo estimado em R$ 1 bilhão, está em fase de projeto; o objetivo é criar um corredor exclusivo para automóveis e motos
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um túnel de 4,5 quilômetros ligará a avenida Jornalista Roberto Marinho à rodovia dos Imigrantes. Sobre o túnel haverá um "metrô de superfície", que passará também pelo aeroporto de Congonhas.
Esse pacote de obras para serem executadas nos próximos seis anos foi anunciado ontem de manhã pela Prefeitura de São Paulo e pelo governo do Estado durante a vistoria final das obras da ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, na zona sul de São Paulo.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse que, com a inauguração da ponte no próximo sábado, a prefeitura poderá começar a segunda etapa das obras de infra-estrutura financiadas com recursos da Operação Urbana Água Espraiada.
A extensão da Roberto Marinho até a avenida Pedro Bueno, um trecho de 400 metros, já está em licitação e as obras, com duração prevista de 17 meses, devem começar ainda neste ano. Desse ponto da avenida Jornalista Roberto Marinho até a Imigrantes, de acordo com Kassab, a ligação viária será subterrânea.
A obra, com custo estimado em R$ 1 bilhão, ainda está em fase de projeto. A idéia é criar uma espécie de corredor exclusivo para carros e motos.
Hoje, a principal ligação com a Imigrantes é por meio da avenida dos Bandeirantes, normalmente congestionada por causa, principalmente, do tráfego de caminhões.
O acesso da marginal Pinheiros para a Roberto Marinho será, a partir da próxima semana, pela ponte estaiada, vetada para ônibus e caminhões. Porém esse corredor ainda não dá acesso à Imigrantes. A extensão da Roberto Marinho até a Pedro Bueno cria uma espécie de "atalho" que deve desviar o tráfego de carros da Bandeirantes. O túnel consolidará o corredor.
Em todo o trecho da obra estão previstas cerca de 8.500 desapropriações -a maioria em favelas- para as obras do túnel, do "metrô de superfície" e de parques que deverão ser construídos sobre o túnel da Roberto Marinho.
Para abrigar as famílias desapropriadas serão feitos inicialmente três conjuntos habitacionais -no Jardim Edith, com 528 unidades, na av. Washington Luís, com 240, e na rua dos Corruíras, com 248.
No total, o pacote de obras, incluindo as desapropriações e conjuntos habitacionais, deve custar cerca de R$ 2,5 bilhões.
A prefeitura estima bancar cerca de R$ 1,5 bilhão. Parte desse recurso será arrecadada com a venda de Cepacs -títulos que permitem a construção de prédios mais altos do que o previsto no plano diretor.
O governo federal deve enviar R$ 400 milhões, para as obras do "metrô de superfície".
Os cerca de R$ 600 milhões restantes devem ser bancados pelo governo do Estado. A maior parte desse recurso deve ser usada no túnel de ligação com a rodovia dos Imigrantes.
Congonhas terá três estações de novo "metrô de superfície"
Primeira etapa ligará a estação São Judas ao aeroporto e deverá ficar pronta em 2010, ao custo de R$ 200 milhões
Aeroporto terá estações para terminal de passageiros, área administrativa da Infraero e táxi aéreo; rede de transporte ligará linha da CPTM ao metrô
DA REPORTAGEM LOCAL
O "metrô de superfície" que será construído na zona sul de São Paulo terá três estações no aeroporto de Congonhas. A primeira etapa da obra ligará a estação São Judas do metrô (linha 1-azul) ao aeroporto.
O governo definiu que a obra usará a tecnologia VLT (veículo leve sobre trilhos) -um trem mais leve que o metrô e com menor capacidade, embora com custo semelhante.
Somente em Congonhas, serão três estações no aeroporto -uma para o táxi aéreo, uma para a área administrativa da Infraero e outra para o terminal de passageiros.
Toda a rede de VLT fará a interligação da linha 9-esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) com o metrô, a rodoviária do Jabaquara e o aeroporto.
Um ramal ligará a estação Morumbi da CPTM, na marginal Pinheiros, à estação Jabaquara do metrô -anexa à rodoviária, de onde partem ônibus para o litoral sul-, passando por toda a extensão da av. Jornalista Roberto Marinho. Mais ou menos na metade do caminho, haverá uma interligação com o ramal de Congonhas.
A primeira etapa da obra do VLT, entre São Judas e Congonhas, terá cerca de 1,2 km. O custo desse trecho é estimado em R$ 200 milhões. O governo do Estado promete concluir a obra até 2010.
Em seguida, começará a obra do restante da rede de VLT, que ainda não tem prazo para ser concluída e tem custo total estimado em R$ 1,2 bilhão.
Esse custo deve ser dividido igualmente entre prefeitura, governo do Estado e governo federal. A obra está sendo projetada, de acordo com a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, a pedido do Ministério da Defesa, que quer viabilizar a ligação sobre trilhos entre os dois aeroportos da região metropolitana.
Também está planejada a instalação de uma linha exclusiva de trem que ligará a estação da Luz, no centro, ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Com isso, o passageiro poderia trocar de aeroporto sem enfrentar o trânsito de São Paulo, usando o trem e o VLT para se integrar ao metrô.
O projeto do "metrô de superfície" ainda está sendo elaborado. Por isso, não é possível saber ainda quais serão as estações ao longo do caminho e os pontos exatos das interligações dos dois ramais do VLT.
Está prevista, ainda, outra interligação com a rede de metrô, provavelmente na futura estação Campo Belo (linha 5-lilás).
A tecnologia VLT foi escolhida por ser de construção mais rápida e ter capacidade adequada à demanda prevista para a região, de 15 mil passageiros por hora em cada sentido -o metrô transporta até 40 mil pessoas por hora por sentido.
(EVANDRO SPINELLI)
Inauguração da ponte estaiada é confirmada para o próximo dia 10
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob uma forte chuva, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) fez ontem a vistoria final na obra da ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira e confirmou a inauguração do novo marco arquitetônico de São Paulo para o próximo sábado (10).
A ponte liga a marginal Pinheiros à avenida Jornalista Roberto Marinho e custou R$ 275 milhões. São duas pontes suspensas sustentadas por 144 estais -cabos de aço revestidos em polietileno.
De acordo com o secretário de Infra-Estrutura Urbana e Obras, Marcelo Cardinale Branco, a estimativa dos técnicos da prefeitura é que a nova ponte reduza em até 45 minutos o tempo de viagem de quem sai da zona oeste em direção a bairros da zona sul.
Branco disse que até quarta-feira deve ser concluído o que falta -parte da sinalização viária e pintura das torres com tintas antipichação e antifuligem.
A cerimônia oficial de inauguração será na ponte superior. Após os discursos, autoridades e familiares de Octavio Frias de Oliveira -publisher da Folha morto em abril do ano passado- irão, em carros antigos, circular pela ponte inferior. A abertura ao tráfego será no sábado à tarde ou no domingo.
O tráfego de ônibus será proibido na ponte, criando assim um novo corredor para carros e motos na zona sul. Quando a obra na av. Jornalista Roberto Marinho estiver concluída, a ponte dará acesso a um corredor de ligação direta com a rodovia dos Imigrantes.