Acidente com caçamba que derrubou poste em Paripe provocou a interrupção do serviço
A falta de energia provocada pelo choque de uma caçamba em um poste, em Paripe, deixou sem funcionar, por falta de energia, os trens da linha Calçada-Paripe durante quase toda a manhã de ontem. O problema, causado por um imprevisto, só fez aumentar a insatisfação dos usuários, que se queixam de constantes atrasos no sistema de transporte que serve ao subúrbio de Salvador com tarifa quatro vezes menor que a cobrada nos ônibus.
No início de abril, a prefeitura entregou um “novo” trem, com o qual pretendia reduzir o tempo de espera nas estações. Mas o equipamento trazido de São Paulo, na verdade um trem “encostado” pela companhia paulista e recondicionado para rodar em Salvador, tombou – no dia 22 de abril –, e deixou o sistema inoperante por três dias. Desde então, os trens antigos fazem o percurso em revezamento e os atrasos têm sido constantes.
Ontem, passageiros que se dirigiam à bilheteria e eram informados da falta de previsão para saída do próximo trem, tinham reações entre o abatimento e a indignação, estes últimos maioria. “Essa prefeitura é uma vergonha mesmo, antigamente isso não acontecia”, bradou o motorista Bonivaldo Santos, 40. Maria Antonieta de Jesus, 43, autônoma, lembra que passou mais de uma hora à espera do trem na última sexta-feira e, mais uma vez, ficou parada no terminal. “Disseram que o trem que veio de São Paulo ia melhorar, mas ficou pior”, desabafa.
O auxiliar de topografia José Jorge Santos, 31, é morador de Escada, próximo de onde houve o tombamento. Usuário dos trens desde criança, fala com propriedade da atual situação. “Eu me lembro que sempre trocavam os dormentes, todo domingo tinha gente apertando os trilhos, agora esqueceram da linha, está toda empenada, o trem passa sacolejando”, conta. Para o representante comercial Neilton José, 28, vai além e afirma que a irregularidade de horários dos trens está prejudicando os moradores do subúrbio. “Desse jeito é melhor acabar, esses trens estão deixando o pessoal do subúrbio estressado”, acredita.
Ajustes - O superintendente da Companhia de Trens de Salvador, Sérgio Coelho, passou a manhã reunido com o setor de manutenção para normalizar o fluxo de trens, o que só ocorreu após o restabelecimento da rede elétrica. Ele disse que aproveitou a parada para instalar um no-break nas instalações da linha. Coelho informou que, nos horários de pico, o intervalo entre os trens varia de 30 a 35 minutos, até às 9h30, quando as saídas passam a ser de hora em hora. Isso para permitir que seja concluída a instalação de um retorno, próximo ao local do tombamento, que irá permitir a execução de serviços na linha sem grandes interrupções no fluxo de tráfego.
Sérgio Coelho espera concluir esta semana o aditivo do contrato de recuperação dos trens da companhia paulista para fazer os reparos no trem que tombou, o que ainda não foi sequer iniciado. Enquanto isso, dois trens da antiga CBTU continuam rodando. Em julho e agosto, devem chegar os dois outros trens recuperados de São Paulo e, em seguida, os trens maiores, num total de três, entram em processo de reforma. “Quando tivermos os seis trens à disposição, poderemos manter quatro rodando e as viagens terão intervalo de 15 minutos”, planeja Coelho. Mas isso só deve acontecer no segundo semestre de 2008.
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