SALTO
Em três anos, produção foi de 13 toneladas para 12 mil toneladas
MAURO NETO
Da Redação
Um novo eldorado surge no sul do Pará. E não é movido pela exploração mineral - tão característica na região -, mas por uma das commodities (produtos) agrícolas mais cobiçadas do momento no mundo: o milho. A cultura do produto na região de Tucumã vem trazendo riqueza, emprego, educação e infra-estrutura a uma área onde há apenas quatro anos as principais fontes de emprego eram as prefeituras e as mazelas sociais se alastravam pela falta de alternativas de desenvolvimento econômico.
Só para se ter uma idéia do boom do cultivo: em apenas três anos, a produção da região de Tucumã passou de simplórias 13 toneladas do produto para 12 mil toneladas, um crescimento de mais de 1.000%. E a expectativa é de que, no próximo ano, a safra chegue a 30 mil toneladas (aproximadamente 500 mil sacas de 60 quilos) devido à mecanização das lavouras.
O lucro gerado pelas plantações de milho mudou radicalmente o dia-dia da região e se expande em outros segmentos. O número de celulares é prova disso. Em 2006, quando instalaram sua estruturas para atuar na cidade, as operadoras Tim e Vivo acreditavam que não venderiam mais de 5 mil unidade. Em pouco mais de 15 meses, foram comercializadas 20 mil unidades.
Para animar ainda mais os produtores, o milho atinge hoje o menor estoque mundial. Os preços dispararam e a tonelada do produto está sendo comercializada na Bolsa Mercantil & Futuro de São Paulo a R$ 462. O que equivale dizer que os produtores de Tucumã devem embolsar nada menos que R$ 5,5 milhões com a safra deste ano.
Diversos indicadores apontam que expansão maciça da cultura do milho só fez bem à região de Tucumã, que até 2004 sobrevivia de uma precária pecuária de leite e corte. Nos últimos três anos, a população praticamente dobrou. Embora o IBGE aponte que lá vivam oficialmente apenas 26 mil pessoas, o número está defasado, uma vez que dados do Tribunal Regional Eleitoram indicam que na região existem 21 mil eleitores cadastrados. 'Hoje, a população do município deve se aproximar dos 50 mil habitantes', garante o prefeito Alan de Souza Azevedo (PR).
MÁQUINAS
'Agricultores adquiriam 200 máquinas agrícolas nos últimos anos, o que foi determinante para o aumento da produção', garante Alan de Souza. 'Os números são impressionantes. Quando assumi, o orçamento do município era de apenas de R$ 50 mil mensais, maioria proveniente dos repasses constitucionais. Hoje, só em arrecadação própria chegamos a R$ 1,3 milhão'. Isso significa dizer, segundo dados do governo do Estado, que o município saiu de uma situação econômica pífia de crescimento de 3,75% em 2004 para 7,5% em 2005, passando para 18% em 2006 e chegando a 26,5% em 2007.
Construção civil também sente bons efeitos do aquecimento econômico
Com o crescimento econômico do cultivo do milho na região de Tailândia, outros segmentos vieram a reboque e hoje também ajudam a gerar renda na região. O da construção civil vive um momento de explosão, embora isso acarrete inclusive a falta de alguns produtos, como tijolos. 'Em apenas três anos, o preço do milheiro do produto pulou de R$ 160 para R$ 360 e com entrega agendada para 30 dias', contabiliza o prefeito do município, Alan de Souza Azevedo (PR).
Com a necessidade de escoar a produção cada vez maior, foi necessário que a iniciativa privada entrasse em acordo com a prefeitura para recuperar estradas vicinais. Quase 1,4 mil quilômetros de vicinais tiveram a trafegabilidade garantida. A prefeitura entra com o maquinário, e operadores e os empresários garantem combustível, alimentação e manutenção das máquinas. Também foram recuperados 262 pontilhões (pequenas pontes).
CACAU
A melhora na infra-estrutura também beneficia outras culturas que não o milho. Uma que que vem despontado e melhorando seus redimentos na região de Tucumã é o cacau, que já deve começar a render lucros ainda no próximo ano aos produtores. Em Tucumã, foi instalado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) um campo de prudução de sementes resistentes à vassoura-de-bruxa, principal praga da cultura no Brasil.
O desenvolvimento econômico da região atraiu também novos segmentos, como o de abate de reses. Desde 2005 funciona na cidade um frigorífico com capacidade de abate de 800 cabeças por dia. Em agosto deste ano, será inaugurado outro, com capacidade de abater até 1.500 cabeças por dia. Os dois juntos deverão assegurar nada menos que 1.500 empregos diretos e melhorar a balança comercial do Pará, uma vez que a produção de ambos visam à exportação. (M.N.)
Investimento em setores como educação e saneamento ficou mais fácil
Com dinheiro sobrando no caixa, ficou mais fácil para Prefeitura de Tucumã investir em setores como educação, saúde e saneamento. Nos últimos três anos, foram implantados três núcleos de ensino médio na região e cinco universidades, sendo duas públicas. A Universidade do Estado do Pará oferce os cursos de Matemática e o Cefet já está formando turmas de Biologia, Química, Pedagogia, Física e Ciências da Computação. As duas instituições públicas, juntamente com com a Universidade Vale do Acaraú, Universidade de Uberlândia e Eaducon /Unitins oferecem hoje nada menos que 22 cursos. Nem em centros maiores da região há tanta oferta de vagas.
A saúde também passou por uma transformação: de apenas 60 consultas/dia em quatro postos de saúde, a população tem hoje nada menos que 400 consultas por diárias em seis postos. 'A melhora econômica refelete, sim, na melhoria do atendimento à população, que hoje já conta também com três ambulâncias à disposição. Há três anos, não existia nenhuma', garante o prefeito Alan de Souza Azevedo.
O prefeito comemora mesmo, porém, é a inclusão de Tucumã nas obras do Programa de Aceleração Econômica (PAC) do governo federal. Com isso, mais R$ 29 milhões serão investidos em tratamento de água e esgoto. Destes, R$ 2,4 milhões já estão garantidos para este ano (M.N.)
Fonte: Portal ORM