Exatamente essa tese que eu defendo...
Enquanto o Uruguai envia, todo ano, 10% de toda sua população pra cá, e Argentina e Paraguai 5%, a Colômbia envia apenas 0,3%, de uma população igual a da Argentina. Se a Argentina envia 2 milhões por ano, a Colômbia apenas 118.000.
Não creio que a centralidade de nosso trabalho com turismo deva se dar apenas no sol e praia. Temos a capacidade não apenas de diversificar tremendamente o mercado de turismo de lazer como divulgá-lo decentemente para nuestros hermanos.
Temos um vazio imenso de atrativos em regiões próximas as fronteiras, dificuldades de transporte quase intransponíveis de se solucionar, e uma demanda reprimida imensa da América Espanhola por conta de altos preços de passagem, excessiva centralidade de voos em SP, falta de divulgação de qualquer coisa fora as praias.
Colômbia trabalha o turismo internacional atrelado ao café razoavelmente bem. Aqui no Brasil, mas os brasileiros sabem que existe esse tipo de possibilidade.
Brasil tem 3 parques aquáticos entre os maiores e melhores do mundo. Basicamente só recebem brasileiros.
Brasil tem a maior fonte de água termal do mundo, com uma quantidade de leitos, contando hoteis, airbnb, aparthotéis, aluguéis de temporada, de mais de 100.000 leitos.. basicamente só vão brasileiros
Brasil tem uma área ilimitada de floresta amazônica pra trabalhar ecoturismo. Basicamente só recebe ****** mt endinheirado que tem condições de bancar os caríssimos passeios e hotéis de selva.
Imensa parte da verba e mkt da EMBRATUR vai pra tentar trazer turista europeu e norte-americano, que já é bajulado pelo mundo inteiro.. Esquece completamente dos vizinhos, que são os responsáveis por ampla maioria dos estrangeiros que recebemos. E, ainda sim, a verba de mkt da EMBRATUR é minúscula, perdendo inclusive pra vizinhos nossos, como o Peru.
Muitos gostam de citar a África do Sul como exemplo de sucesso no turismo, por receber mais de 9 milhões de gringos, contra 6,5 milhões nosso... O detalhe que ninguém fala é que quase 7 milhões desses na verdade são de visitantes dos países vizinhos, como Moçambique, Botswana, Zimbábue e Namíbia. E, ainda, a maioria desses vão visitar amigos e parentes, aproveitando pra fazer um turismo de lazer...
Grande parte de praticamente qualquer dado de fluxo de turistas internacionais em qualquer país do mundo, vai mostrar que o grosso das visitas se faz pelos vizinhos, e não trazendo gente a 10.000 km de distância apenas...
Turismo entre Brasil e Argentina é antigo.
Lembro que nos anos 80 via muitos carros com placa da Argentina na Região dos Lagos.
Búzios é cheia de Argentinos radicados lá, desde gente que empreendeu no ramo gastronômico até artesãos (no feriado de 12/10 um artesão argentino bateu no meu carro lá. O cara vive há mais de 30 anos em Búzios)
E esse turismo, apesar de constante nos dois sentidos, tem um fluxo que varia quantativamente em função do momento das economias. Qdo a economia argentina vai bem em relação à nossa, o sul do Brasil é invadido pela classe média argentina. Qdo o Brasil está em situação melhor, nossa classe média faz a festa em Buenos Aires.
Agora algo que o Brasil deveria fazer é trabalhar mais em vender nosso turismo aos nossos vizinhos. A impressão é que focamos nos mercados Europeus e Americano, com resultado aquem do esperado (em parte por incompetência e falta de articulação dos nossos orgãos das diversas esferas) e dá as costas para a América do Sul: Colômbia, Chile, Peru, Equador são exemplos de países aqui ao lado, com baixa conectividade com o Brasil (a maioria só tem voos para SP e alguma coisa para o Rio).
Lembro que na Copa de 2014 BH foi invadida por Colombianos. Nas entrevistas, a maioria demonstrou desconhecimento prévio da região (aquela visão de Brasil = Rio) e se disse surpreendida pela receptividade, culinária, atrativos e entorno de BH (ouro Preto, Serra do Cipó, etc).
Criar conectividade maior com esses países e vender destinos como SC, sul da Bahia, Natal, Fortaleza, Recife e região, etc deve ser algo que teria bons resultados.