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Um trem para a cultura, em cidades históricas mineiras

2521 Views 3 Replies 4 Participants Last post by  Inconfidente
O Trem da Vale é um projeto com ênfase na educação patrimonial que, nas estações férreas de Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais, relaciona-se com turistas e com a comunidade local. Para os primeiros se direciona o programa museográfico, com biblioteca e terminais multimídia, entre outros, enquanto para a população foram criados suportes para atividades educacionais, de lazer e entretenimento.


Mariana, Vagão Café

“Trata-se de um projeto socialmente sustentável”, afirma o arquiteto Samy Lansky, um dos profissionais que integrou a numerosa equipe multidisciplinar do programa. Este tem suas origens mais remotas na década de 1980, quando, para fomentar o turismo, a Companhia Vale do Rio Doce decidiu reativar o trecho férreo entre Ouro Preto e Mariana. Embora há muito desarticulado de núcleos urbanos que ajudou a formar, o trem foi testemunha e propulsor do desenvolvimento mineiro nos séculos 19 e 20.

O caráter parcial da proposta fez com que o projeto fosse abandonado, para ser retomado apenas em 2003. Nessa etapa adquiriu os contornos multidisciplinar, cultural e patrimonial, no que viria a ser o Trem da Vale. A equipe de Lansky e de sua sócia, Isabela Vecci, passou a se dedicar à concepção dos projetos de arquitetura, urbanismo, paisagismo, museografia, interiores dos vagões e design de equipamentos urbanos. E, intensificados os trabalhos em 2005, apenas seis meses separaram a etapa de criação da data de inauguração.

Setorizado nos terminais de Ouro Preto e Mariana - intermediados pelas estações Vitorino Dias e Passagem de Mariana -, o programa demandava mais áreas do que a oferecida pelas duas edificações. Surgiram, então, os vagões estacionários, que, totalizando sete unidades, abrigam café, oficinas musicais e de vídeo, além de apoio operacional e administrativo. Eles foram completamente recuperados, pois se encontravam em péssimo estado de conservação.

Nesses vagões, a exemplo dos interiores das estações, a proposta adquiriu seu recorte atual - embora baseado em museografia histórica, e sendo Ouro Preto e Mariana áreas de preservação patrimonial, o “projeto não é historicista”, ressalva Lansky.

O design dos interiores, dos equipamentos de lazer e expográficos tomou como ponto de partida o diálogo com a tecnologia e a arte contemporâneas: fotografias de época, depoimentos, conteúdo literário e histórico, entre outros, são transmitidos através de projeções audiovisuais e composições de imagens digitais e impressas. Destaca-se a linguagem plana dos móveis e equipamentos internos das estações. Painéis de pedra-sabão, chapas de MDF impressas, requadros de ferro aparente adquiriram, assim, desenhos de grandes telas planas superpostas.

“Não se deve esquecer, porém, que o universo do trem é bruto”, alerta Lansky. Por isso arquitetura e design utilizam materiais aparentes, quase sem acabamento, e por vezes retirados da própria linha férrea, que se encontrava abandonada. É o caso, por exemplo, das coberturas e revestimentos de piso das plataformas que abrigam os vagões fixos, assim como das estruturas de móveis e equipamentos de exposição, feitos com trilhos. Em Ouro Preto, considerado o portal turístico do projeto, há salas históricas e um circo, enquanto em Mariana a comunidade local tem à disposição a praça Lúdico-Musical - “através das crianças e dos jovens é que conseguimos atrair a população do entorno”, explica Lansky -, biblioteca e sala de edição de vídeo, entre outros espaços.

Na praça, equipamentos sonoros são acionados através do contato com o corpo do usuário. Entre eles estão a gangorra pau-de-chuva, inspirada em instrumento musical indígena brasileiro, as buzinas verticais, o bumbo e a flauta de aço inoxidável. “A música sem dúvida faz parte do imaginário mineiro”, diz o arquiteto, e isso lhe inspirou a criação de objetos que serviriam de base para uma completa apresentação musical.

Também na praça, o trilho de trem é o protagonista. O material foi utilizado como estrutura dos grandes cubos vazados que delimitam as áreas de cada equipamento e ainda nos escorregadores, balanços, ponte-móvel e escaladores. Apesar da diversidade de setores de conhecimento envolvidos no projeto, “o conceito norteador foi trazer a cidade à sua lógica e funcionamento”, conclui Lansky.



Texto resumido a partir de reportagem
de Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 325 Março de 2007



Ouro Preto, Sala Histórica da Ferrovia


Ouro Preto, Sala Histórica da Ferrovia


Ouro Preto, Vagão Café


Ouro Preto, Sala Ciência e Ferrovia


Ouro Preto, Sala de Depoimentos


Ouro Preto, vista "aérea"


Mariana, vista externa


Mariana, vagão dos sentidos


Perspectiva da praça Lúdico-Musical


Mariana, vista dos vagões Café e dos Sentidos


Mariana, praça Lúdico-Musical. Trilhos de trem e imagens produzidas por crianças, aplicadas sobre painéis de vidro, conformam a estrutura dos brinquedos


Detalhes dos brinquedos sonoros da praça de Mariana



Detalhes dos brinquedos sonoros da praça de Mariana



http://www.arcoweb.com.br/design/design92.asp
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Esta estação ferroviária é linda ! Não existe mais o passeio de Maria fumaça de Mariana ?
Que projeto maravilhoso, bem ao estilo da cidade!!!
Caramba! Muito show estas estações!
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